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CUT repudia ataque à sede sindical na Cisjordânia e a ameaça dos EUA à Venezuela

Em moções de apoio, aprovadas na 17ª Plenária Nacional, a CUT repudiou as ameaças de Donald Trump à Venezuela e a agressão do Exército de Israel à entidade sindical Palestina

Publicado: 17 Outubro, 2025 - 14h24 | Última modificação: 17 Outubro, 2025 - 15h36

Escrito por: Rosely Rocha

Roberto Parizotti (Sapão)
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Protesto no Brasil pelo fim do genocídio palestino

A CUT fez moção de repúdio à invasão de soldados israelenses e pelos serviços de inteligência de Israel contra a sede da Federação Geral dos Sindicatos Palestinos (PGFTU), em Nablus, na Cisjordânia ocupada, na noite da última quarta-feira, 15 de outubro. A moção da entidade foi aprovada pelos delegados e delegadas cutistas que participaram da 17ª Plenária Nacional da CUT João Batista Gomes (Joãozinho), com o tema “Novos Tempos, Novos Desafios”, nesta sexta-feira (17).

Na nota, a CUT afirma que durante o ataque, a sede da PGFTU foi invadida, teve suas portas arrombadas e foi vandalizada. Além disso, dirigentes sindicais foram obrigados a ficar ajoelhados, sob a mira de armas, enquanto os soldados revistavam o prédio – um ato que viola frontalmente o direito internacional e a liberdade sindical.

“Este ataque não foi um ato isolado, mas uma agressão política do Estado de Israel contra uma organização legítima, democrática e representativa da classe trabalhadora palestina. Ao atacar a PGFTU, o governo israelense busca silenciar a voz organizada dos trabalhadores e trabalhadoras, enfraquecer a resistência e criminalizar a luta do povo palestino”, diz trecho da nota.

Leia a íntegra aqui

Também foi aprovada uma moção de repúdio à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de autorizar a Agência Central de Inteligência (CIA), a tentar derrubar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Para a CUT trata-se de uma série de manobras que ameaçam não apenas a soberania venezuelana, mas também a paz e a estabilidade de toda a América Latina.

“Essa escalada não é mais apenas retórica. Manifesta-se concretamente em uma série de operações militares provocativas e ostensivas, com bombardeiros em águas internacionais, navios de guerra, tropas de elite, operações secretas da CIA (Agência Central de Inteligência) e inclusive um submarino nuclear posicionado próximo à costa venezuelana – em flagrante violação ao direito internacional e à soberania dos povos”, diz trecho da moção.

Leia a íntegra aqui.

O secretário de Relações Internacionais da CUT Nacional, Antonio Lisboa, lembra que essa decisão do Trump não é inédita, já que a América Latina passou por isso algumas vezes.

“O caso do Brasil em 1964, do Chile e da Guatemala são alguns exemplos de que ao longo do século passado, especialmente, os Estados Unidos, quando viram, digamos assim, os seus interesses em jogo, resolveram usar a sua potência bélica militar para derrubar governos legitimamente eleitos”, disse.

Rosely RochaRosely Rocha
Antonio Lisboa

Outro ponto que Lisboa apontou como crítico é o de que a tentativa de intervenção dos EUA na Venezuela não tem nada a ver com defesa da democracia e sim, tem a ver com defesa do interesse do petróleo e das riquezas do país latino.

Obviamente, isso é um absurdo, isso gera, se por acaso vier a acontecer uma invasão dos Estados Unido isso gera uma crise, não só na Venezuela, mas em toda a região, em toda a América do Sul e também na região do Caribe, que pode levar a uma extensão da crise militar ou da guerra em toda a região, que, obviamente, nós não queremos”.

Lisboa argumenta que essa é uma preocupação do governo brasileiro e do movimento sindical e, por isso que a CUT, neste primeiro momento, repudia essas ameaças.

“Mais uma vez o governo dos Estados Unidos utiliza do seu poder bélico para invadir países independentes, da nossa região. Nós estamos solidários com o povo e com o governo da Venezuela que têm direito à autodeterminação, de tocar os seus projetos e que, se houver problemas internos, que o próprio povo da Venezuela tenha a sua capacidade de resolver. Então, nossa posição é de extrema preocupação de um lado, de profundo repúdio da ação do governo norte-americano de outro e, ainda, nossa total solidariedade aos companheiros sindicalistas venezuelanos”, diz.

Relações EUA e Brasil

Segundo Lisboa, embora a questão da Venezuela crie uma crise política, de instabilidade na região, as relações do Brasil com os Estados Unidos, por mais que estejam abaladas com Trump, são fortes.

“Acho que o papel do Brasil, nesse momento, é de servir, como tem servido muitas vezes, no sentido de buscar apoio, de apoiar o povo venezuelano, apoiar a autonomia, a autodeterminação do povo venezuelano e, ao mesmo tempo, ir garantindo, nos fóruns apropriados, a possibilidade de que essa coisa não aumente. Então, nós estamos, agora, com um nível de preocupação, no sentido de antecipar ou de evitar que isso se concretize”, concluiu.