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CUT participa do maior congresso da história da central sindical uruguaia PIT-CNT

Com presença expressiva de delegados, evento reafirmou a unidade da classe trabalhadora no Uruguai e aprovou estratégia de desenvolvimento com emprego de qualidade, democracia, unidade e luta por direitos

Publicado: 28 Maio, 2025 - 13h37 | Última modificação: 28 Maio, 2025 - 13h44

Escrito por: André Accarini

PIT-CNT
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A CUT participou do 15º Congresso do  PIT-CNT, sigla para Plenário Intersindical de Trabalhadores/Convenção Nacional de Trabalhadores – maior  central sindical do Uruguai – realizado em Montevidéu entre os dias 22 e 24 de maio. Com o tema “Mudanças necessárias para a vida das grandes maiorias”, o evento reafirmou a unidade da classe trabalhadora, e a recondução de Marcelo Abdala à frente da principal central sindical do Uruguai.

Quintino Severo, secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT e também secretário-geral da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS) representou a Central no Congresso. Para ele, a presença da CUT teve grande relevância em diversos aspectos, especialmente no fortalecimento da integração regional, na defesa da democracia e na promoção do trabalho decente.

Integração regional é prioridade

Segundo Quintino Severo, a participação do movimento sindical brasileiro no congresso uruguaio reforça a necessidade de aprofundar a integração regional dos trabalhadores. Ele destacou que, embora a economia do Mercosul já esteja bastante integrada e com circulação livre de mercadorias, a realidade para os trabalhadores ainda é marcada por barreiras.

“Temos defendido essa lógica na Coordenadora, que é a necessidade, cada vez mais, da integração regional. Ou seja, que os trabalhadores circulem livremente. Os produtos circulam assim, entretanto, as pessoas, os trabalhadores não conseguem circular livremente”, explicou Severo.

Ele ressaltou ainda que as barreiras alfandegárias e migratórias continuam sendo um obstáculo, dificultando a construção de uma verdadeira integração social e trabalhista na região.

Defesa da democracia

O segundo aspecto enfatizado pelo dirigente foi a importância de fortalecer a democracia na América do Sul, em um contexto de avanços da extrema direita em vários países da região. Ele mencionou os impactos desses governos na vida dos trabalhadores, nos direitos sociais e nas liberdades democráticas.

“Sabemos que a nossa região tem sofrido, nos últimos anos, com governos de extrema direita, que foi o caso do Brasil, agora na Argentina e, de certa forma, no Paraguai, que têm atacado a democracia, que têm atacado os direitos dos trabalhadores, que têm feito com que haja uma repressão violenta aos movimentos sociais na nossa região”, alertou.

Nesse sentido, a participação em espaços como o Congresso do PIT-CNT serve também como instrumento de resistência política e afirmação de solidariedade internacional.

“Participar de um congresso onde a gente possa expressar a nossa solidariedade, expressar o nosso compromisso na defesa da democracia e no combate a esse tipo de ação política de extrema direita é fundamental, no sentido de que precisamos sempre ter um olhar para o futuro para que isso não se amplie na nossa região, esse foco de ataque à democracia”, afirmou Quintino Severo.

Trabalho decente

O terceiro ponto central destacado pelo dirigente da CUT foi a luta em defesa do trabalho decente, com emprego de qualidade, direitos garantidos e combate à precarização. Ele ressaltou que esse compromisso é contínuo e fundamental para o fortalecimento das lutas sindicais em toda a região.

“Vamos continuar construindo juntos a defesa do emprego decente, do trabalho decente, do emprego com direitos, sem sombra de dúvida, combatendo a precarização, combatendo o trabalho escravo, combatendo as desigualdades sociais”, pontuou.

Fortalecimento da solidariedade internacional

Para Quintino Severo, a realização do congresso em Montevidéu foi marcada por um espírito de compromisso coletivo entre os trabalhadores uruguaios e as delegações internacionais, em especial as do Cone Sul.

“É nessa perspectiva que o congresso transcorreu, ou seja, nesse clima de que os trabalhadores uruguaios também têm essa preocupação, têm esse compromisso e isso faz com que a gente fortaleça cada vez mais os nossos laços de solidariedade, de companheirismo, de responsabilidade com a democracia, com a integração e com os direitos dos trabalhadores.”

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O Congresso

Com mais de 99% dos delegados inscritos presentes – foram 1.173 de 67 entidades filiadas de todo o país, o congresso representou, de acordo com Abdala, “um triunfo da unidade, da amplitude e das perspectivas de mudança em favor das grandes maiorias”. A eleição da nova Mesa Representativa ocorreu no sábado (24), por voto secreto e direto, consolidando democraticamente uma lista unificada que confirma a continuidade da atual direção.

A pluralidade de ideias foi um dos pontos destacados pelo presidente da PIT-CNT. “É fundamental que as diversas correntes do movimento se reúnam para definir, debater e polemizar, expressando a diversidade de nossos pontos de partida, moldados pela vida concreta e pelas diferentes visões sobre a ação sindical”, afirmou Abdala durante a plenária.

Unidade e projeto de país

Durante o Congresso, nove em cada dez delegados referendaram a estratégia da central, que propõe um desenvolvimento nacional com geração de empregos de qualidade e fortalecimento organizativo. Essa orientação é, segundo Abdala, uma síntese de luta, diálogo e ação política. “Confirmar essa direção por meio do voto secreto e direto de todos os participantes é uma vitória da democracia sindical”, declarou o dirigente.

Ele também destacou o caráter autônomo da PIT-CNT. “Reafirmamos nossa independência de classe, que não é neutralidade. Nosso compromisso é com a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da maioria do povo”, afirmou.

Abdala, metalúrgico de longa trajetória no movimento operário, destacou ainda que o Congresso serviu como espaço de reafirmação de princípios e de preparação para lutas concretas, como as negociações nos Conselhos de Salário e o debate orçamentário nacional.

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Rumo a novas conquistas

Com a nova Mesa Representativa eleita, os próximos passos envolvem a definição do Secretariado Executivo e dos métodos de trabalho da central. “Temos muito por fazer. A vida da classe trabalhadora exige organização, estratégia e unidade para enfrentarmos os desafios que se colocam”, disse Abdala.

O líder sindical ressaltou o valor simbólico da votação: “Quando a democracia fala — e o voto secreto e direto fala alto —, celebramos. Porque não importa o voto de cada um, o que importa é que seguiremos juntos, com cabeça aberta, conduzindo com generosidade e firmeza”.

Para a PIT-CNT, o 15º Congresso não foi apenas um encontro estatutário, mas um momento de afirmação programática.

“Este é um Congresso de programa e de perspectivas. Um Congresso que aponta o caminho da unidade e da ação transformadora”, concluiu Abdala, diante de uma plenária unificada, emocionada e determinada a seguir construindo um país mais justo para todos.