CUT participa do encontro da UGT espanhola para conhecer a Transição Justa do país
Para a secretária da CUT, o encontro foi uma oportunidade de comparar a transição energética entre os dois países e fortalecer redes de solidariedade entre a classe trabalhadora no mundo
Publicado: 01 Outubro, 2025 - 11h48 | Última modificação: 01 Outubro, 2025 - 15h58
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Luiz R Cabral

Nos dias 22 e 23 de setembro, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) participou de um encontro promovido pela Área Verde da União Geral de Trabalhadores (UGT) da Espanha, em parceria com a Confederação Sindical Internacional (CSI). O evento, intitulado “Aprendizados da Transição Justa na Espanha: um modelo para a comunidade sindical internacional”, reuniu sete delegações estrangeiras e contou com transmissão online para centenas de participantes. O objetivo foi compartilhar as experiências do processo espanhol de transição energética, considerado pela CSI uma referência mundial para os desafios da descarbonização.
Para Rosalina Amorim, secretária nacional de Meio Ambiente da CUT, o encontro mostrou tanto o alcance quanto as contradições do modelo espanhol. “É uma oportunidade para compararmos como a transição energética vem sendo conduzida no Brasil e, ao mesmo tempo, fortalecermos redes de solidariedade entre a classe trabalhadora no mundo”, afirmou. Ela destacou ainda que a prioridade deve ser a defesa de projetos que ampliem direitos, garantam empregos e democratizem o acesso à energia.
Na abertura, o secretário-geral da UGT, Pepe Álvarez, ressaltou a dimensão social do tema. Segundo ele, a transição justa deve ser entendida não como simples abandono de atividades poluentes, mas como chance de “construir um novo modelo produtivo sustentável e com empregos dignos”. Álvarez defendeu diálogo e coordenação entre governos, empresas e sindicatos para que “ninguém fique para trás” e para as políticas públicas resultarem em efeitos concretos para trabalhadores e comunidades.
O secretário de Política Internacional da UGT, Jesús Gallego, reforçou a necessidade de ampliar a projeção sindical no cenário global, destacando a colaboração com diferentes atores internacionais. Já Judith Carreras, diretora do Instituto para a Transição Justa (ITJ), apresentou um panorama detalhado do trabalho realizado nos últimos anos pelo órgão. Entre os dados, citou investimentos já aplicados, projetos em andamento e mecanismos de apoio destinados tanto aos territórios afetados pelo fechamento de usinas a carvão quanto aos trabalhadores em transição.
No segundo dia, a delegação internacional visitou Andorra, em Teruel, onde funcionava uma central térmica de carvão da Endesa. No local, estão sendo desenvolvidos projetos de reindustrialização que transformam a antiga estrutura em um hub de energias renováveis de 1.844 MW, incluindo usinas solares, parques eólicos e sistemas de armazenamento. Segundo a empresa, o complexo deve gerar até 3.500 empregos na fase de construção, manter 370 postos fixos em operação e manutenção e oferecer qualificação para 300 trabalhadores desempregados, com prioridade para moradores locais e grupos vulneráveis.
Também foi apresentado o Projeto Catalina, iniciativa de hidrogênio verde liderada por um consórcio internacional que reúne empresas como Enagás Renovable, Naturgy, Fertiberia e Vestas. A comitiva se reuniu ainda com prefeitos da região de Andorra-Sierra de Arcos e representantes empresariais. O acordo de transição justa em Aragão prevê mais de 1,7 bilhão de euros em investimentos voltados à reindustrialização sustentável, geração de empregos, capacitação profissional e melhoria de infraestrutura. Apesar dos avanços, lideranças locais alertaram para entraves como lentidão burocrática, demora na criação de vagas, falta de cursos de qualificação e carência de políticas públicas em saúde, educação e transporte.
Segundo a UGT, a experiência espanhola oferece lições importantes para sindicatos de outros países que enfrentam o desafio da descarbonização. A central defende que a cooperação internacional e o diálogo social são fundamentais para assegurar que a transição energética resulte em desenvolvimento sustentável, preservação de empregos e proteção às comunidades impactadas.
Com informações da União Geral de Trabalhadores da Espanha e da secretária de meio ambiente da CUT