CUT Pará exige federalização da Celpa...
No dia 9 de julho de 2012 faz 14 anos que a CELPA foi privatizada pelo governo tucano no Pará e hoje está praticamente falida
Publicado: 03 Julho, 2012 - 18h57
Escrito por: CUT-PA
No dia 9 de julho de 2012 faz 14 anos que a CELPA – Centrais Elétricas do Pará foi privatizada pelo governo tucano no Pará e hoje está praticamente falida e com um passivo de R$ 3 bi.
No dia em que completa 14 anos da privatização, o Grupo Rede, que controla a Celpa, apresentará em assembleia aos credores a proposta de pagamento da dívida, no Hangar Centro de convenções, em Belém, às 10n horas.
A CUT.Pará defende que o governo federal, via Eletrobrás, assuma a CELPA em sistema de federalização, a exemplo do que já ocorreu com as elétricas do Acre, Roraima, Rondônia, Amazonas e Goiás e agora Amapá, em processo de finalização. E que sejam responsabilizados criminalmente os responsáveis pela falência da Celpa.
Nota da CUT-PA:
A situação da CELPA - Centrais Elétricas do Pará é o resultado mais expressivo do processo de privatização de empresas públicas brasileiras, dirigido por Fernando Henrique Cardoso, pelo ex-governador Almir Gabriel e pelo atual governador Simão Jatene, que comandou o processo em 1998, na condição de secretário de Planejamento do Pará. Hoje quase falida e em recuperação judicial, a Celpa é o mais recente exemplo danoso da privataria tucana.
Há 14 anos, em 9 de julho de 1998, a Celpa foi vendida por R$ 450 milhões ao grupo Rede Energia, que comprou uma empresa organizada, saudável e cuja saúde financeira sucumbiu em um processo de drenagem dos seus resultados para outras empresas do grupo. O Ministério Público Federal investiga as razões da situação em que a empresa chegou.
O primeiro efeito da privatização foi a demissão de mais de 2 mil trabalhadores, parte da qual foi substituída por empregados com salário menores, situação perversa da rotatividade contra a qual a CUT já se posicionou. Além da demissão, a nova gestão do Grupo Rede incluiu má administração, terceirização, falta de autonomia e de investimento no sistema, bem como a centralização dos serviços em São Paulo e, nesse caso, sem o devido conhecimento da realidade do Pará.
Esse conjunto de ações deu um selo à Celpa, em 2010: o inconveniente título de pior distribuidora de energia do país e a que tem as piores condições de trabalho, segundo a Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE). E a mesma má administração e falta de investimento na CELPA é responsável hoje por apagões e prejuízos à população de Belém e dos municípios paraenses, deixando no escuro boa parte do povo do Pará.
O mais absurdo de tudo isso é que a Celpa administra cerca de 1,8 milhões de unidades consumidoras em todo o Pará, acumula um passivo de R$ 3 bilhões e deve mais R$600 milhões da energia comprada junto à Eletrobrás e mais de R$ 100 milhões aos trabalhadores. Ou seja, grande parte da dívida é ao setor público. Traduzindo: a Rede Energia se apropriou dos resultados gerados pela Celpa e agora diz que a empresa está na insolvência e para esta recebeu generosos 60 dias para apresentar uma proposta de pagamento, a qual será apresentada no dia 9, no Hangar, Belém, na assembleia de credores.
O Estado do Pará possui a maior hidrelétrica genuinamente brasileira (Tucuruí), exporta energia para o resto do país, algo em torno de 75%, mas os recursos oriundos desses impostos não ficam no Pará, não beneficiam a população paraense. Então, não pode a população paraense ser penalizada pela falta de compromisso de grupos privados que visam somente o lucro, tarifa elevada e o envio de recursos arrecadados no Pará a outras empresas do Grupo Rede, controlador do serviço.
Assim, considerando que já existem 34,24% de ações da Eletrobrás na Celpa, que o fornecimento de energia elétrica é um direito humano e uma atividade essencial, tendo o poder público grande responsabilidade na continuidade desse serviço, a CUT-Pará defende a imediata federalização da Celpa, via Eletrobrás.
Defende, pois a CUT.Pará que o governo federal assuma a Centrais Elétricas do Pará, no mesmo sistema de federalização das elétricas do Acre, Roraima, Rondônia, Amazonas e Goiás e agora Amapá, em processo de finalização. Também, que seja efetivado o pagamento aos credores e assegurada a manutenção dos empregos dos trabalhadores da Celpa, combate à terceirização e à rotatividade no setor elétrico.
E que sejam responsabilizados criminalmente os responsáveis pela situação caótica a que chegou a Celpa. O povo do Pará e os trabalhadores da Celpa não podem pagar pelas consequências do projeto privatista dos tucanos.
Belém.PA, 03 de julho de 2012