CUT, movimentos sociais e entidades árabes unidas
Publicado: 13 Março, 2008 - 17h12
Escrito por: Ato na Paulista, dia 30 de março, contra os crimes do governo de Israel

Mísseis e bombas disparados por tanques, helicópteros e aviões. Residências, escolas, fábricas e hospitais sob ruínas. Ambulâncias alvejadas ou impedidas de socorrer mulheres, idosos e crianças agonizando. Centenas de mortos e mutilados. No espaço de maior concentração populacional do mundo, 1,5 milhão de pessoas continuam sob cerco, sem água ou luz, privadas do emprego e até da ajuda humanitária da ONU, da qual dependem mais de 800 mil pessoas. Esta é a realidade da Faixa de Gaza, mas não só. Ela atinge o conjunto dos territórios palestinos ocupados, vitimados pelo terrorismo de Estado de Israel, seja na Cisjordânia ou em Jerusalém Oriental. Pior, como se estas atrocidades não bastassem, o vice-ministro da Defesa de Israel, Matan Vilnai, afirmou que seria "levado o holocausto" (shoah, em hebraico) aos palestinos de Gaza.
Em repúdio a esta barbárie, dezenas de lideranças dos movimentos sociais e de organizações árabes reunidas na noite de terça-feira, na Assembléia Legislativa de São Paulo, decidiram convocar uma mobilização geral para o Dia da Terra Palestina, 30 de março (domingo), às 10 horas, na Praça Oswaldo Cruz, esquina com a avenida Paulista.
ACO - "O sindicalismo precisa retomar o movimento de solidariedade ativa ao povo palestino, nos somando às ações de rua para esclarecer e mobilizar a sociedade brasileira contra estas práticas genocidas do governo de Israel, que precisam ser punidas e impedidas, pois atentam contra a dignidade humana", declarou Ariovaldo de Camargo, da executiva da CUT-SP.
Ariovaldo relembrou a intensa trajetória de solidariedade da Central com a Palestina, como a organização de uma delegação de médicos e enfermeiros, em 1987, para socorrer as vítimas da ocupação. "Vamos defender na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e também junto à Central Sindical Internacional, o envio de uma delegação aos territórios ocupados, para que possamos divulgar mais amplamente o que está acontecendo na Palestina, furando o bloqueio da mídia", acrescentou. Ari lembrou que a Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), entidade da qual a CUT faz parte, já se posicionou contra a assinatura do Tratado de Livre Comércio do Mercosul com Israel, "porque não podemos concordar em negociar com um Estado que viola constantemente a legislação internacional e agride os direitos humanos".
DENUNCIA - A declaração do jovem palestino Walid Tami, impactou fortemente os presentes, demonstrando a emergência da solidariedade e sua importância histórica, pois no dia 15 de maio o Estado de Israel completa 60 anos de existência. "Milhares de palestinos foram mortos, arrancados das suas casas, refugiados. Muitos foram estuprados, tragicamente assassinados e cruelmente torturados. Dezenas de milhares de famílias vivem em acampamentos de refugiados, distribuídos em diversos países árabes, da Europa, e até no Brasil. Apesar disso, para a mídia, os terroristas somos nós, os palestinos, pois lutamos pela nossa terra e pela nossa Pátria", declarou.
Na avaliação do secretário de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, "a causa palestina é hoje a causa da Humanidade, da paz, de todos os homens e mulheres que se insubordinam contra a opressão dos povos". "O nosso compromisso é irradiar por todo o país este sentimento de luta contra a injustiça, de solidariedade a um povo que há 60 anos é vítima do terrorismo de Estado de uma potência estrangeira, criada para ser um instrumento da ocupação norte-americana no Oriente Médio", denunciou.
AMPLITUDE - De acordo com Temístocles Marcelos Neto, da executiva nacional da CUT. "o momento exige uma solidariedade militante de ampla proporção, que mobilize o conjunto dos sindicatos e chegue até os trabalhadores, ampliando a pressão pelo estabelecimento do Estado palestino, livre e independente". "As práticas adotadas pelo governo de Israel se assemelham muito às dos nazistas", condenou.
Para Emir Mourad, da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), "a crise humanitária é flagrante e dramática na Faixa de Gaza, pois o governo de Israel continua sua ocupação odiosa e seus crimes de guerra, com massacres diários promovidos contra a população civil". Emir considerou correta a comparação, feita pelo governo venezuelano, entre as práticas dos governos de Israel e da Colômbia, ambas determinadas em função dos interesses de Washington. "Há acordos de treinamento e de armamento entre Israel e Colômbia, que utilizam a mesma metodologia, como a que foi utilizada para o assassinato do comandante das Farc, que negociava a liberação de reféns", declarou.
CONDENACO - Rubens Diniz, do Cebrapaz, destacou que é crescente o isolamento do governo israelense: "Recentemente numa reunião da Comunidade de Países Árabes e da Comunidade Sul-Americana de Nações houve uma declaração condenando a ocupação dos territórios palestinos pelo Estado de Israel e o reconhecimento do direito dos povos de irem às armas quando agredidos. Evidentemente, a imprensa não repercutiu tais declarações".
Conforme Nathaniel Braia, da editoria de Internacional do jornal Hora do Povo, "O Estado de Israel tem se comportado cada vez mais como uma base do imperialismo norte-americano na região, atuando para anular as manifestações nacionais e culturais do povo palestino, que desenvolve uma luta de libertação".
Entre os presentes, dirigentes da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM), de organizações de solidariedade, de movimentos árabes, e a sempre altiva Lamia Maruf Hassan, que cumpriu pena de 11 anos de prisão em Israel, acusada de ter seqüestrado um soldado israelense, invasor de seu país. O objetivo dos organizadores é multiplicar as ações de rua até o dia 15 de maio, quando o Estado de Israel completa 60 anos de sua implantação no Oriente Médio.