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CUT lança protocolo de prevenção e ação contra discriminação, assédio e violência

Durante a 17ª Plenária, CUT dá mais um passo na luta por igualdade e respeito, consolidando uma política concreta de enfrentamento à violência e ao assédio nos espaços de trabalho e de convivência sindical

Publicado: 16 Outubro, 2025 - 19h50 | Última modificação: 17 Outubro, 2025 - 10h15

Escrito por: André Accarini

Roberto Parizotti
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A CUT lançou durante a 17ª Plenária Nacional - João Batista Gomes, realizada em São Paulo, o Protocolo de Prevenção e Ação em Casos de Discriminação, Assédio e Violência. Foi um momento histórico para a CUT que dá, assim, um passo importante no combate à violência de gênero e na promoção de ambientes de trabalho e de convivência livres de discriminação e assédio a partir da própria Central

Assim como a instituição da paridade de gênero nas instâncias de direção da CUT e de seus sindicatos – medida que mais tarde inspirou práticas semelhantes em partidos políticos, por exemplo –, a  central reafirma seu papel de referência e exemplo ao colocar em prática ações positivas e necessárias pela igualdade de gênero, o respeito e o enfrentamento à violência cotidiana, expressa muitas vezes de forma naturalizada em nossa cultura.

O que é o Protocolo e qual seu objetivo

O Protocolo de Prevenção e Ação em Casos de Discriminação, Assédio e Violência é um instrumento fundamental da CUT que visa promover uma cultura de respeito mútuo e garantir um ambiente de trabalho e de convivência livre de toda forma de violência e assédio.

Ele surgiu da necessidade de estabelecer um mecanismo objetivo e concreto para a prevenção e o combate a comportamentos e condutas inaceitáveis, especialmente contra as mulheres.

O protocolo é um compromisso ético e político da CUT de enfrentar todas as formas de discriminação, assédio e violência, reconhecendo a importância de transformar as relações de trabalho e de convivência para construir espaços realmente livres de assédio.

A CUT reafirma, com este documento, seu compromisso no enfrentamento de todas as formas de discriminação, assédio e violência — em especial aquelas baseadas em gênero.

O protocolo busca assegurar que eventos, atividades e locais de trabalho da central ocorram em ambiente inclusivo, respeitoso e seguro, garantindo a participação plena de todas as pessoas.

O documento estabelece que o comportamento de todas as pessoas deve estar em conformidade com os princípios nele definidos, comprometendo-se a reconhecer e valorizar as diferenças individuais; respeitar os pontos de vista de cada pessoa; e abster-se de qualquer conduta agressiva, intimidatória, discriminatória ou assediadora.

A CUT aplicará integralmente o protocolo e orientar suas entidades filiadas para que também adotem este instrumento, sem prejuízo de outras normas complementares.

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Um marco para o movimento sindical

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Amanda Corcino, destacou que a aprovação e implementação do protocolo representam um avanço civilizatório dentro do movimento sindical.

“Hoje é um dia histórico para a nossa central, especialmente para nós, mulheres”, afirmou. Amanda ainda reforçou que se trata de um compromisso ético e político de enfrentamento a todas as formas de discriminação, assédio e violência. Precisamos transformar as relações de trabalho e garantir um ambiente livre de assédio”, disse a dirigente.

Amanda lembrou que o documento foi aprovado no 14º CONCUT e teve sua regulamentação concluída em 2025, no Encontro Nacional do Coletivo de Mulheres Trabalhadoras da CUT. “A pandemia e as restrições orçamentárias retardaram a implementação, mas não detiveram o processo. Hoje concluímos essa caminhada”, disse.

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Amanda Corcino

 

A ex-secretária nacional de Mulheres da CUT, Juneia Batista, relembrou o caminho até o protocolo. “Foi uma construção coletiva e demorada, mas necessária. Começou ainda na minha gestão, inspirada pela Convenção 190. Queríamos criar um instrumento nosso, dentro da CUT, para tratar os casos de assédio e violência de forma responsável e pedagógica”, afirmou.

Juneia ressaltou que o documento nasceu da percepção de que a violência não se restringe a relações hierárquicas verticais. “Ela também se manifesta entre pares, entre companheiros e companheiras. É por isso que o tema deve envolver toda a direção da central, não apenas a Secretaria de Mulheres”, explicou.

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Juneia Batista, ao microfone

 

Implementação e responsabilidade compartilhada

Durante o lançamento, o secretario-geral da CUT, Renato Zulato, destacou que a aplicação do protocolo é responsabilidade coletiva de todas as instâncias da central e de suas entidades filiadas.

O documento, explicou, servirá de referência para que cada sindicato e federação construa seus próprios mecanismos internos de acolhimento e tratamento de casos, sem depender apenas da esfera judicial.

O caráter educativo e preventivo do protocolo foi ressaltado como parte essencial do processo. “Mais do que punir, o objetivo é mudar a cultura organizacional, promover o respeito e garantir que ninguém se sinta intimidado ou silenciado nos espaços de trabalho e de militância”, disse Zulato.

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Renato Zulato, ao microfone

 

Educação, cultura e compromisso

A vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira, afirmou que o protocolo é “um instrumento de transformação social e sindical”.

“Não há igualdade real sem combater a violência contra as mulheres, o racismo e todas as formas de opressão. A CUT reafirma com este documento seu papel histórico de promover justiça social e respeito em todos os espaços”, declarou.

Juvandia destacou que as mudanças exigem formação, escuta e mudança de mentalidade. “Muitos dizem que não se pode mais fazer piadas, mas nunca foi engraçado piada racista, machista ou homofóbica. O protocolo nos ajuda a perceber e corrigir comportamentos que antes passavam despercebidos. Isso é cultura, é transformação”, afirmou.

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Juvandia Moreira, ao microfone

 

A dimensão pedagógica do protocolo

A secretária-adjunta de Combate ao Racismo da CUT, Nadilene Sales, encerrou o lançamento destacando a importância pedagógica e preventiva do documento.

“Esse protocolo é uma construção coletiva e educativa. Ele orienta, previne e transforma. Precisamos olhar para todas as vulnerabilidades – de gênero, raça, deficiência e saúde mental – para construir uma CUT verdadeiramente segura, respeitosa e inclusiva”, afirmou.

Nadilene enfatizou que o documento deve ser incorporado à rotina das entidades filiadas. “Cada sindicato pode e deve adotar esse instrumento, ajustando à sua realidade, mas mantendo o mesmo princípio: o compromisso com o respeito e a dignidade humana”, concluiu.

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Nadilene Sales

 

Uma mística pela resistência e pelo respeito

A cerimônia de lançamento foi marcada por uma mística conduzida pela secretaria nacional de Formação da CUT. Com versos compostos pelas cordelista Susana Morais, do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e declamados por mulheres da CUT exaltaram o papel das mulheres e da solidariedade no movimento sindical. O momento simbolizou a união entre poesia, resistência e compromisso coletivo que orientam a luta da CUT.

Veja trecho do verso:

“Uma CUT guardiã tem na voz a resistência.
Enfrentamos com fervor o assédio e a violência.
Todo tipo de opressão, lutamos com veemência.
Cada corpo é território, cada fala é um direito,
e o que move essa luta por justiça e respeito
é uma CUT segura e livre de preconceito.”