CUT e Condsef dialogam com a Funai sobre Economia Solidária e Povos Indígenas
Com projeto sobre Mundo do Trabalho, entidades planejam apoiar atividades produtivas e pautas políticas do movimento indígena
Publicado: 19 Dezembro, 2025 - 11h52 | Última modificação: 19 Dezembro, 2025 - 11h57
Escrito por: Redação CUT e Condsef
Uma reunião entre a CUT, Conferedação de Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef/Fenadsef) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) marcou um passo importante na construção de um trabalho conjunto para aproximar a pauta do trabalho indígena e suas lutas políticas do movimento sindical.
O encontro reuniu a diretora da Condsef/Fenadsef, Monica Carneiro; Jefferson Fernandes, da Coordenação-Geral de Atividades Produtivas da Funai (CGAP); e o assessor Alex Capuano, representando o secretário nacional de Economia Solidária da CUT Brasil, Admirson Medeiros, o Greg.
Durante a reunião, foi apresentada a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SNES), criada no 14º Congresso da CUT, realizado em 2023, a partir do entendimento de que o movimento sindical cutista precisa dialogar de modo mais amplo com toda a classe trabalhadora, especialmente trabalhadores historicamente mais invisibilizados, como os povos indígenas.
Romper visões excludentes e fortalecer pela economia solidária
A CUT compartilhou experiências com quem a secretaria vem dialogando e que demonstram diversas possibilidades da economia solidária para a organização dos trabalhadores. Entre elas, destacou a cooperativa Coobay do Povo Mẽbêngôkre-Kayapó, que envolve cerca de 600 famílias do em três territórios e 50 aldeias, no estado do Pará, com atuação diversa, mas especialmente na produção e comercialização da castanha-do-Brasil para o mercado nacional e internacional, evidenciando que há uma enorme contradição quando os povos indígenas ainda hoje são profundamente estigmatizados, muitas vezes vistos como apartados da classe trabalhadora, como se não realizassem trabalho.
Para o secretário nacional de economia solidária da CUT, que conversou com a redação do Portal CUT, esse é um primeiro passo para algo muito importante, que é o necessário entendimento de que os povos indígenas são parte da classe trabalhadora. "E quando pensamos sobre o planeta que precisamos, o tipo de sociedade que desejamos e nos princípios da Economia Solidária, que são a autogestão, a solidariedade, a cooperação, o respeito ao ser humano, à cultura e à preservação do meio ambiente, fica evidente que os povos indígenas praticam tudo isso desde sempre, por isso já passou da hora da gente aprender com eles.", completou Greg.
Ataques aos direitos dos povos indígenas precisam ser barrados
Já a Condsef/Fenadsef abordou o fortalecimento desse diálogo ocorre em um momento crítico. “Os direitos territoriais dos povos indígenas sofrem um ataque sem precedentes neste exato momento. Temos um papel importante nesse contexto, que é o de defender que a atuação do Estado não seja submetida aos interesses de grupos organizados no Congresso Nacional voltados à manutenção de assimetrias históricas”, alertou Mônica Carneiro. Ela destacou ainda que trabalhadores indígenas da Funai e da Sesai estão se organizando nos sindicatos gerais da base da Condsef/Fenadsef, o que reforça a necessidade de aprofundar o trabalho conjunto com a CUT.
Segundo Mônica, é fundamental apoiar as atividades produtivas indígenas e levar o debate “Povos Indígenas e Mundo do Trabalho” às entidades sindicais filiadas à Central, ampliando a luta contra os retrocessos que tramitam no Congresso Nacional. “A economia indígena cumpre um papel fundamental para o país e depende, de forma direta, da garantia dos direitos territoriais indígenas para se manter”, afirmou.
“Precisamos fazer com que fique evidente para o movimento sindical cutista que os povos indígenas são parte da classe trabalhadora brasileira e que, portanto, lutas como a demarcação das terras indígenas e o enfrentamento ao marco temporal também devem ser assumidas como lutas do movimento sindical.” reforça o secretário nacional de economia solidária da CUT, Greg.
Ao final do encontro, CUT, Condsef/Fenadsef e Funai reafirmaram o compromisso de seguir construindo iniciativas conjuntas que aproximem o movimento sindical da realidade e das lutas dos povos indígenas, com um novo encontro previsto para o final de janeiro.
com contribuição da secretaria de Economia Solidária da CUT*