CUT e Central Operária Boliviana discutem...
Dirigentes reivindicam formatação de acordo bilateral que garanta o cumprimento dos direitos trabalhistas e de melhores condições de trabalho aos imigrantes
Publicado: 22 Agosto, 2011 - 11h17
Escrito por: Gerson Jara ? CUT-MS
A imigração de trabalhadores bolivianos para o Brasil é tema de encontro realizado desde quinta-feira (18), em Puerto Quijaro, entre dirigentes sindicais da Central Operária Boliviana - COB e a Central Única dos Trabalhadores - CUT. Esta e a primeira iniciativa para alinhavar ações conjuntas com base em uma avaliação das causas e consequências do fluxo migratório de operários dos distritos e departamentos de faixa de fronteira para cidades com São Paulo e outros países, como a Espanha.
Participam de eventos dirigentes sindicais, populares de Puerto Quijaro, Puerto Soares, Santa Cruz e La Paz e da cidade de Corumbá e Campo Grande, com o apoio da ISCOD UGT e a diretoria de relações internacionais da CUT, dentro programa Trabalho Solidário.
No transcorrer do evento foi discutida uma agente positiva de trabalho que fortaleça a organização dos trabalhadores bolivianos na região da grande São Paulo, que hoje já ultrapassa de 500 mil trabalhadores, concentrados principalmente nas indústrias de confecção. Conta que mesmo com a instalação da Mineradora Mutun, em Puerto Soares, não amenizou a situação, pois das 2 mil vagas acordadas pelo grupo indiano com o Governo Boliviano restaram aos bolivianos somente os empregos terceirizados, de baixos salários, em razão da falta de qualificação profissional.
Os dirigentes reivindicam a formatação de acordo bilateral que garanta o cumprimento dos direitos trabalhistas e de melhores condições de trabalho aos imigrantes em busca de emprego e qualidade de vida.
Além disso, cobram de ambos os Governos, brasileiro e boliviano, a implantação de políticas públicas que levem ao desenvolvimento econômico e social dos departamentos localizados na faixa de fronteira. Umas das alternativas apontadas a curto prazo é a efetivação de convênios bilaterais que garantam acesso de estudantes bolivianos a cursos técnicos da rede federal de ensino brasileira.
Os sindicalistas bolivianos também pregam a aproximação com sindicalistas de Mato Grosso do Sul e do Brasil, no sentido de trocar experiência para o cumprimento dos direitos trabalhistas, Previdência e Seguridade Social, fortalecimento da agricultura familiar, condições de trabalho no setor minero-siderúrgico, organização sindical no setor público e investimentos conjuntos em infraestrutura, com o asfaltamento da La Carretara, em que uma empreiteira brasileira desrespeitam direitos trabalhistas e indenizatórios dos bolivianos.
Entre os motivos apontados pelos dirigentes bolivianos para o aumento do fluxo migratório de mão-de-obra esta principalmente a falta de investimento no ensino técnico profissionalizante e no desenvolvimento econômico regional. Contam que pela ausência de política de formação profissional previa a instalação da mineradora Mutun, em Puerto Soares, vem gerando poucos postos de trabalho de qualidade aos bolivianos. A meta da mineradora em acordo fechado com o Governo Boliviano era de gerar mais de 2 mil empregos diretos, no entanto, boa parte dos postos de trabalhos está sendo ocupada bem uma ação política conjunta que discutam o papel do movimento sindical de trabalhadores frente ao modelo de desenvolvimento econômico da região, onde se predomina o comercio informal de produtos importadores, o modelo da monocultura de produção de soja, que agora avança sobre a região de Santa Cruz da La Sierra, a concentração fundiária, pecuária extensiva, condições de trabalho nos frigoríficos e mais recentemente, em Mato Grosso do Sul, a produção de cana de açúcar e florestas de eucalipto, setores que alem de pagarem baixos salários, exploração excessiva de mão-de-obra e que agora passam pela mecanização, eliminam mão-de-obra e requer melhor qualificação profissional.
Uma nova rodada de debates está prevista para outubro, em Santa Cruz da La Será, cujo tema será a organização e direito dos servidores publica.