Criciúma-SC
Publicado: 01 Outubro, 2007 - 14h26
Escrito por: Trabalhadores denunciam irresponsabilidade social da Cargill
Trabalhadores de Criciúma /SC e região fizeram um ato de protesto em frente à Seara/Cargill (Forquilhinha-SC) denunciando os danos a saúde provocado pelo excessivo ritmo de trabalho nas indústrias avícolas
O movimento sindical de Criciúma e região realizou na última sexta-feira (28) uma manifestação denunciando, mais uma vez, as mutilações provocadas nos locais de trabalho, principalmente, no setor de alimentação. A Seara /Cargill foi escolhida, pois na avaliação dos sindicalistas é uma das empresas que mais adoece na Região Sul. Esta não é a primeira vez que os trabalhadores vão à porta da empresa para denunciar estes problemas que não estão recebendo a atenção devida da multinacional.
A Seara/Cargill nos últimos anos vem merecendo destaque nas mobilizações dos trabalhadores contra as doenças profissionais. Casos como o acidente que ocorreu em Sidrolândia/MS - onde um trabalhador foi moído ao cair dentro de uma máquina sem as mínimas condições de segurança -, as inúmeras denúncias feitas em Jaraguá do Sul e o caso de Valdirene João Gonçalves da Silva, em Forquilhinha, são alguns dos motivos das manifestações nas respectivas cidades, na Assembléia Legislativa e mesmo em Brasília.
As exportações que nos últimos anos aumentaram a produtividade não foram motivo para a empresa aumentar o seu quadro funcionalmente proporcionalmente. Porém, segundo os sindicalistas, multiplicaram-se os casos de trabalhadores doentes e mutilados. Contudo, pouco se vê de mudanças no ambiente de trabalho das empresas.
Cadeira de rodas
No ato, os manifestantes usaram o boneco de um frango empurrando uma cadeira de rodas com uma trabalhadora lesionada devido ao excesso de movimento repetitivo causado pelo ritmo excessivo de trabalho. Para o presidente do Sindicato da Alimentação de Criciúma e Região, Renaldo Pereira "parecem ser repetitivos esses atos, mas na verdade é a forma de denunciar e reivindicar o fim deste descaso contra os trabalhadores". O STI Alimentação de Criciúma e Região foi um dos pioneiros em denunciar os descasos contra os trabalhadores. Segundo Célio Elias, secretário geral da entidade, "este é o momento de cobrarmos mais respeito com os trabalhadores e sairmos às ruas exigindo leis que regulamentem estas situações nos abatedouros de aves".
O ato que contou com a presença dos trabalhadores fez parte de uma atividade desenvolvida pelo MOVIDA (Movimento em Defesa da Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora Catarinense) juntamente com o STIA Criciúma e Região/CUT.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac/CUT) e coordenador do Instituto Nacional de Saúde, Siderlei de Oliveira, é fundamental esta pressão que vem sendo feita desde a base no sentido de garantir a saúde e a segurança no trabalho, principalmente num momento em que o setor vem garantindo altos lucros com a exportação de carne de frango. "E preciso que o crescimento da produção tenha reflexo na ampliação do número de vagas e na própria qualidade do trabalho desenvolvido no setor avícola. Infelizmente, hoje, os lucros têm sido ampliados com base na superexploração da mão-de-obra, que vem pagando com lesões, mutilações e até com a própria vida", denunciou Siderlei.