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COP 18: expectativas baixas se confirmam e...

Novamente, países desenvolvimento demonstram falta de ambição para assumir compromissos de redução de gases de efeito estufa

Publicado: 11 Dezembro, 2012 - 12h24

Escrito por: CUT Nacional

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No dia 04 de dezembro, no Catar, com a presença de 195 países, teve início o segmento de alto escalão da 18º Conferência do Clima (COP-18) e após 10 dias de discussões, as declarações dos representantes de chefes de Estado e ministros pouco se diferenciaram. Falta de mecanismos para cobrar o que comprometeram, falta de transparência na hora de receber o dinheiro, medo da criação de burocracia de monitoramento da alocação de fundos, falta de ambição nos países desenvolvidos de apresentar compromissos firmes de redução de emissões, falta de vontade política e a lista de problemas segue. Um eterno jogo de passar a batata quente para o outro.

Na sexta feira (7), data esperada para fim da conferencia, os ativistas já pareciam cansados. Já se aguardava que os países aceitassem um resultado final pouco ambicioso e de passos lentos para a ação climática. Já se esperava que salvassem o processo, e não as pessoas.  

Os impactos das mudanças climáticas não caminham no ritmo da negociação. Filipinas, por exemplo, foi atingida nessa semana pelo pior tufão deste ano. O Tufao Bofha deixou 200.000 pessoas desabrigadas, mais de 600 mortos e há muitos desaparecidos. Seu negociador chefe questionou a todos em um discurso emocionado: “que 2012 seja o ano que o mundo tomou coragem para tomar responsabilidade pelo futuro que queremos. Se não formos nós, quem? Se não for agora, quando? Se não for aqui, onde?”.

Seguramente, não saíram desta COP as respostas. A reunião se estendeu pela noite de sexta e avançou em informais pela manhã do sábado após o presidente da COP apresentar seu pacote de decisões para serem aceitas ou não pelas partes. O segundo período do protocolo de Quioto se confirma, mas os compromissos de redução são baixos. Japão, Canadá, Rússia e Estados Unidos, que nunca o assinou, não serão parte. Os países que não tem compromisso no segundo período insistiram durante a semana em acessar os mecanismos de flexibilização, de compra e venda de credito de carbono da convenção. Não querem mais jogar o jogo, mas não abrem mão dos benefícios.

Sobre financiamento, não se esclareceu como os governos de países desenvolvidos mobilizarão o dinheiro comprometido para clima. Os 100 bilhões prometidos em Copenhagem seguem sendo uma cifra inatingível. Comprometimento com metas de médio prazo, como pediam os países em desenvolvimento, foram recusadas. O debate sobre a transferência de tecnologia não teve acordo e foi passado para ano que vem. 

A próxima COP será na Polônia, país que pressionou a União Europeia para aceitar a chamada venda de “hot air”. São os créditos existentes de redução de emissão do primeiro compromisso do protocolo de Quioto. Ou seja, a redução de emissões efetiva, não acontece. A União Europeia não cedeu. Mas o que esperar da presidência da COP que será nesse país?

Enquanto isso, o cenário de crescimento de emissões segue levando a temperatura em 4ºC no planeta, em média. Nesse contexto, há locais que teremos mais enchentes, noutros, seca; e “quanto mais esperarmos para metas de redução ambiciosas, mais a transição será injusta. Nós precisamos de tempo para construir a Transição Justa, implementar políticas sociais para ajudar os trabalhadores a participarem em uma economia sustentável. Atrasos apenas tornarão nossa tarefa mais difícil, quase impossível. Para ser justa, a transição deve começar agora” afirmou a Secretaria Geral da CSI. Sharan Burrow. 

Cada vez se faz mais é necessária forte mobilização para que os governos mudem suas posições e posturas diante das negociações. A COP termina, a luta segue.