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Contra o arrocho e a intransigência

Guarda Civil paulistana mantém greve e realiza caminhada contra perseguição de Kassab

Publicado: 31 Agosto, 2009 - 16h08

Escrito por: Luiz Carvalho/CUT-SP

 

A paralisação dos Guardas Civis Metropolitanos (GCM) da cidade de São Paulo completa uma semana nesta segunda-feira (31). Desde a 0h do dia 24, os trabalhadores da segurança pública tentam estabelecer um canal de negociação com o prefeito Gilberto Kassab, que se recusa a dialogar.

Como forma de retaliação, em uma ação que demonstra desrespeito ao direito de greve definido pela Constituição e à democracia, Kassab publicou nesse final de semana, no Diário Oficial, o nome de 107 guardas que serão transferidos de seus postos por terem aderido à greve. Eles atuavam no gabinete do prefeito, na corregedoria, no comando da guarda e na inspetoria de operações oficiais.

Em repúdio, às 14h os guardas partirão da frente do gabinete do prefeito, no Viaduto do Chá, onde estão reunidos, e seguirão até o comando geral da GCM, na Rua General Couto de Magalhães, 444, Nova Luz, região central da cidade.

Manifestação continua

Ao contrário do que apontaram alguns jornais, os trabalhadores não receberam qualquer comunicado sobre a exigência da suspensão da paralisação. "Até o momento, não apareceu nenhum oficial de Justiça nos informando sobre qualquer decisão. Enquanto o prefeito não acenar com a negociação, a categoria se manterá de braços cruzados", afirmou Clóvis Roberto, diretor executivo do Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos (Sindguardas).

Assim, vale a decisão da juíza Maria Fernanda de Toledo Rodovalho, que apontou a legalidade da greve.

"A categoria está tão mobilizada que fica até difícil segurar nossos companheiros para manter 50% dos guardas nas ruas. Mas respeitamos e cumprimos a decisão da Justiça de colocar metade do efetivo em funcionamento", acrescentou o dirigente.

Kassab não cumpre promessas

A Guarda Civil Metropolitana exige a equiparação do padrão salarial inicial da categoria ao padrão de outros trabalhadores de nível médio do município que cumprem 40 horas - os guardas recebem R$ 534 como salário base, valor inferior aos R$ 645,61 pagos aos servidores de mesmo nível em São Paulo - e reivindicam a elevação do Regime Especial de Trabalho Policial (RTP) para 140%. Além das cláusulas econômicas, a guarda luta por extensão do Vale Alimentação a todos os trabalhadores, a promoção de cursos de capacitação e aperfeiçoamento e o fornecimento de equipamentos e armamento para suprir as necessidades da corporação, entre outros 26 itens.

A suspensão das atividades de GCM também foi uma resposta da falta de comprometimento do governo municipal com os servidores. Em setembro do ano passado, às vésperas das eleições municipais, Kassab, candidato à reeleição, apresentou uma série de propostas à GCM: nova lei de remuneração dos guardas e aprimoramento do Plano de Carreira, aumento do efetivo, contratação de veículos de apoio (trailler) com sanitários e sala de refeição, aquisição de novos uniformes, armamento moderno e novas motocicletas, implantação do sistema digital de telecomunicação e aquisição de rádios para todos os guardas em atividade operacional.

300% de aumento para os secretários

A comparação salarial dos guardas paulistanos com o de outros municípios da Grande São Paulo mostra que a GCM da capital fica em 22ª no ranking, acima apenas dos trabalhadores de Embu Guaçu, Poá, Suzano e Pirapora.

Enquanto isso, no dia 21 de agosto, o prefeito anunciou o aumento do salário dos secretários em 300%. Os vencimentos passarão de R$ 5,3 mil para R$ 21,5 mil. Os subprefeitos não ficam atrás: terão os salários reajustados de R$ 6,7 mil para R$ 18,5 mil, índice de 160% de elevação.