Chomsky e as 10 estratégias de...
Publicado: 03 Agosto, 2010 - 10h24
Escrito por: Noam Chomsky
O linguista estadunidenseNoam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através damídia:
1-A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial docontrole social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atençãodo público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elitespolíticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações decontínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distraçãoé igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelosconhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, daneurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longedos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real.Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; devolta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas paraguerras tranqüilas')”.
2-CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também échamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” previstapara causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante dasmedidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou seintensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim deque o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo daliberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um malnecessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviçospúblicos.
3-A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que seaceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas,por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicasradicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego emmassa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças quehaveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4-A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazeraceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa enecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicaçãofutura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifícioimediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida,porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que“tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Istodá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e deaceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5-DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidadedirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens eentonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como seo espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quantomais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tominfantilizante. Por quê?“Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse aidade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá,com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de umsentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armassilenciosas para guerras tranqüilas”)”.
6-UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspectoemocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análiseracional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, autilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso aoinconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores,compulsões, ou induzir comportamentos…
7-MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o públicoseja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seucontrole e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociaisinferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distânciada ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociaissuperiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores(ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.
8-ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público aachar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…
9-REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduoacreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa dainsuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços.Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo seauto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seusefeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
10-CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre osconhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elitesdominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o“sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto deforma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor oindivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, namaioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobreos indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.