Chevron escondeu vazamento de gás venenoso...
Além disso, após 28 dias, continua vazando petróleo e a múlti não diz quando vai parar
Publicado: 07 Dezembro, 2011 - 09h44
Escrito por: Sérgio Cruz/Hora do Povo
Os crimes ambientais causados pelo despreparo, pela ganância e pela incompetência da multinacional americana Chevron na exploração de petróleo no Brasil não param de vir à tona. Logo após o vazamento de mais de 3.738 mil barris que jorraram diariamente por mais de 20 dias, no Campo do Frade, na Bacia de Campos, provocados pela ausência de vedação adequada dos poços, a empresa foi autuada novamente. Agora, a causa foi a descoberta da presença de gás sulfídrico em um dos 11 poços perfurados pela empresa americana na mesma região de Campos.
O vazamento do gás venenoso foi detectado há mais de uma semana e a petroleira estrangeira não comunicou o ocorrido às autoridades. Manteve a produção clandestinamente apesar dos riscos provocados pela presença do gás na plataforma.
Segundo técnicos da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a continuidade do vazamento do gás poderia ser fatal aos trabalhadores. A presença do gás só foi descoberta a partir da visita de técnicos à plataforma da empresa.
Além disso, a Chevron está também com muita dificuldade de realizar o programa de “abandono” do poço que continua vazando há quase um mês. O abandono é a cimentação dos 2.145 metros de área perfurada através da colocação de tampões de cimento alternadamente. A empresa americana ainda não informou quais os procedimentos adotados até agora. Relatou apenas que instalou o segundo tampão e no dia 1º de dezembro foi realizado outro teste para avaliar a cimentação. O resultado é que continua o vazando óleo na região há exatos 28 dias. Segundo a Chevron, não há previsão de quando o vazamento será contido definitivamente.
Em condições normais, o abandono de um poço é feito entre uma semana e 15 dias. É uma tecnologia dominada pela indústria do petróleo, mas a Chevron completou 20 dias de tentativas na sexta-feira – contados a partir do dia 13, quando apresentou o primeiro projeto aprovado em regime de urgência pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A demora é resultado de uma simples questão: há uma enorme extensão de “poço aberto”, sem revestimento de tubos e sem as sapatas de sustentação e vedação previstas no plano de perfuração.
Em depoimento na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, o diretor da Chevron, Luiz Pimenta, admitiu, na semana passada, que o projeto de perfuração apresentado às autoridades brasileiras para a exploração do poço de Frade, na Bacia de Campos, foi burlado e não foi cumprido pela empresa. Cobrado, o diretor da multinacional americana não explicou aos parlamentares por que não foi instalada a segunda sapata situada abaixo daquela - prevista no plano. A ausência da sapata foi a causa do vazamento.
O delegado da Polícia Federal Fábio Scliar, responsável pela investigação dos crimes cometidos pela petroleira americana, afirmou, depois de ouvir 15 pessoas que o vazamento do óleo foi falha da Chevron. Ele disse que vai ouvir mais dez pessoas até a próxima sexta-feira e acrescentou não ter dúvida de que o vazamento de óleo foi provocado por falha da multinacional. “Conforme vamos ouvindo as pessoas, novas fontes vão surgindo para auxiliar as investigações”, afirmou delegado Fabio Scliar, titular da Delegacia Federal do Meio Ambiente e Patrimônio Histórico.
A Chevron é um das empresas que surgiram da divisão da Standard Oil Company, dos Rockefeller, inicialmente conhecida como Standard Oil Califórnia (Socal), e faz parte do cartel das Sete Irmãs, hoje seis, desde o começo do século 20. Em 2001 adquiriu outra integrante do cartel, a Texaco, passando a se chamar Chevron Texaco. Em 2005 voltou a ser somente Chevron.