Chapa apoiada pela CUT e movimentos sociais...
Movimento derrota Força Sindical, PSDB Sindical e Usiminas e encerra 28 anos de hegemonia de Luiz Carlos Miranda
Publicado: 18 Janeiro, 2013 - 10h26
Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Diário do Aço e do Jornal Vale do Aço
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), em parceria com a Intersindical, pôs fim a 28 anos de domínio, em seis mandatos, de Luiz Carlos Miranda no Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa). A Chapa 2, apoiada pela CUT, venceu a eleição da entidade, encerrada na quarta-feira (16), com 2.897 votos, de um total de 5.806 votantes, com 62 nulos e 50 em branco. A chapa da situação, da Força Sindical e do PSDB Sindical, recebeu 2.777 votos.
A apuração transcorreu de forma tranquila no auditório do Sindicato, no bairro Bom Retiro, e terminou por volta das 22h de quarta-feira. O mandato da nova diretoria é de quatro anos e a posse está marcada para julho.
Um coletivo CUTista e dos movimentos sociais participou ativamente da campanha da Chapa 2, encabeçada pelo metalúrgico Hélio Madaleno Pinto. Acompanharam o processo o secretário-geral da CUT-MG, Jairo Nogueira Filho; o vice-presidente da Central no Estado, Carlos Magno de Freitas; a presidenta da CUT Vale do Aço, Feliciana Alves do Vale Saldanha; dirigentes dos sindicatos dos Metalúrgicos de BH/Contagem, Pouso Alegre, Timóteo e Coronel Fabriciano, João Monlevade e de outras entidades CUTistas.
Segundo o presidente eleito, Hélio Madaleno Pinto, a partir de agora a intenção é desenvolver um Sindicato voltado para o trabalhador, no qual todos os 32 membros que compõem a chapa terão voz ativa. “Vamos fazer isso delegando responsabilidades para cada um dentro do Sindicato, para que se sintam envolvidos com a causa. Acredito que toda mudança é necessária, mas vamos lutar para que o trabalhador não perca direitos e seja, de fato, valorizado. Primeiramente, vamos fazer uma auditoria e depois um plano de ação para recuperar esse trabalhador que se desvinculou do Sindipa. Queremos um Sindicato comprometido, que dê voz ao trabalhador e que o torne, acima de tudo, respeitado”, declarou Hélio Madaleno.
Para o vice-presidente da CUT-MG, Carlos Magno de Freitas, a unidade foi fundamental para a vitória da chapa de oposição na eleição do Sindipa. “Nem a CUT, nem a Intersindical venceriam sozinhas. Sem a união nós não teríamos condições de vencer uma eleição que tomou caráter nacional. Enfrentamos a Força Sindical, o PSDB Sindical e a Usiminas. Derrotamos uma estrutura que se apoderou do Sindicato por décadas e tentou todas as manobras para permanecer no poder”, disse.
Carlos Magno alertou que a nova diretoria vai encontrar o Sindipa numa situação muito complicada. “Os novos dirigentes herdam uma casa bagunçada pela direção passada, com uma série de vícios. A diretoria atual tem que fazer uma prestação de contas no Ministério Público, que já detectou várias irregularidades. Mas teremos que superar isso. O importante é que recuperamos o Sindicato para a representação dos trabalhadores.”
A presidenta da CUT Regional Vale do Aço, Feliciana Alves do Vale Saldanha, parabenizou os metalúrgicos da Usiminas. “A vitória representa a coragem dos metalúrgicos da Usiminas, que manifestaram sua discordância com a direção do Sindipa. Em mais de 20 anos à frente do Sindicato, a diretoria não respeitou os direitos e não lutou pelos interesses da categoria. Nunca houve preocupação efetiva de atender as reivindicações dos metalúrgicos da Usiminas”, afirmou.
Feliciana Saldanha elogiou a atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT) no processo eleitoral e durante a votação. “O Ministério Público do Trabalho garantiu o máximo de lisura no pleito, impedindo as manobras que eram acobertadas pelo estatuto. O MPT não permitiu intimidações por parte da situação e os 32 integrantes da Chapa 2 e seus apoiadores puderam fazer a campanha com tranqüilidade. E, assim, os metalúrgicos da Usiminas tiveram condições de escolher uma diretoria combativa e comprometida com as lutas da categoria.”
O processo eleitoral no Sindipa foi marcado pela tentativa de manobras da atual direção, encabeçada por Luiz Carlos Miranda, de se manter no comando da entidade – na qual sua hegemonia já perdura por seis mandatos, desde 1985, com somente um intervalo quando Altair Villar ocupou a presidência. Entre os expedientes a que recorreu Miranda, incluiu-se o de publicar em jornal regional, em letras quase ilegíveis, o edital de convocação para inscrição de chapas. Não fosse a fiscalização efetiva do Ministério Público do Trabalho de Coronel Fabriciano (MPT), a questão poderia ter sido resolvida por chapa única.