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Cebrics: CUT e centrais defendem transição energética com justiça social

Representantes das centrais sindicais integraram delegação do SESI em evento do BRICS no RJ em que destacaram a centralidade do trabalho na construção de um futuro sustentável e inclusivo

Publicado: 15 Julho, 2025 - 16h43 | Última modificação: 15 Julho, 2025 - 16h58

Escrito por: Redação CUT | texto: André Accarini

Paulino Menezes
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O Conselho Nacional do SESI [Serviço Social da Indústria] participou, nos dias 4 e 5 de julho, do Cebrics – espaço empresarial oficial do Brics, bloco econômico liderado por Brasil, India, Rússia e África do Sul. O Cebrics foi realizado no Rio de Janeiro durante a presidência brasileira do bloco em 2025. A presença da bancada dos trabalhadores, composta por conselheiros indicados pelas centrais sindicais, foi histórica e sinaliza uma abertura inédita ao diálogo tripartite no âmbito econômico do Brics. 

O encontro reuniu lideranças governamentais, empresariais e sindicais de vários países para debater temas como transição energética, qualificação profissional, inovação e desenvolvimento sustentável. 

Para Quintino Severo, secretário nacional adjunto de Relações Internacionais da CUT e conselheiro do SESI, a participação foi estratégica e reveladora. “Acho que é a primeira vez que a bancada dos trabalhadores participa de uma atividade empresarial no âmbito dos Brics. Isso foi importante porque nos permitiu conhecer a estratégia e os debates dos empregadores em torno da transição energética e do desenvolvimento sustentável.” 

Quintino destacou que o envolvimento dos trabalhadores nesses fóruns é fundamental para que a transição energética e a inovação tecnológica não avancem sem contrapartidas sociais. “Não basta só fazer a transição energética, não basta só fazer a inovação. Ela tem que estar acompanhada de garantias e de condições de trabalho digno”, alertou. 

Segundo ele, foi  importante conhecer experiências apresentadas por outros países participantes dos Brics. “Sem sombra de dúvida foi importante participar porque a gente também teve condições de conhecer o que eles pensam, o que eles estão debatendo, para podermos preparar também a nossa contraofensiva, a nossa defesa e as nossas ações para que possamos minimamente equilibrar a disputa colocada no processo de transformação”, disse o dirigente se referindo à transição energética. 

Quintino reforçou que a defesa do trabalho decente precisa estar no centro de qualquer transformação. “Se não considerarmos isso, a transição energética poderá até acontecer, mas o trabalho continuará precarizado, com riscos, e até com formas análogas à escravidão”, alertou. 

Experiências internacionais e agenda social 

Durante o evento, os conselheiros acompanharam mesas de debate e painéis temáticos, contribuindo com reflexões sobre o papel do trabalho e da indústria na construção de um futuro mais equitativo. 

Cida Trajano, também conselheira do SESI pela CUT, alertou para a urgência de políticas de equidade de gênero no setor industrial. “A equidade não é um detalhe — é o que garante decisões mais justas, ambientes mais fortes e um futuro verdadeiramente representativo”, afirmou. Para ela, o crescimento da indústria brasileira deve estar ligado à valorização das mulheres, com políticas consistentes de formação, proteção social e liderança. 

Jurandir Pedro de Souza, conselheiro do SESI pela Força Sindical, reforçou que os debates do BRICS evidenciaram a necessidade de colocar a pessoa trabalhadora no centro das estratégias de desenvolvimento. “O desenvolvimento de um país se mede também pela forma como trata quem o constrói todos os dias”, disse. Ele defendeu saúde, educação e condições dignas de trabalho como pilares de uma economia sustentável. 

Trocas, juventude e futuro 

Representando a UGT, o conselheiro Alexandre Donizete Martins destacou a relevância das trocas entre nações para a construção de soluções compartilhadas. “Os debates sobre inovação, transição energética e educação foram marcados por uma preocupação comum: o futuro da juventude. Refletir sobre o amanhã é agir no presente com coragem e responsabilidade — e foi isso que vimos no Cebrics”, avaliou. 

Pela Nova Central, o conselheiro Artur Bueno de Camargo afirmou que o desafio contemporâneo é alinhar crescimento econômico com inclusão social. “Crescer com inclusão é o que diferencia um projeto de futuro de uma lógica que só replica desigualdades”, disse. Ele defendeu políticas públicas integradas de educação, saúde e qualificação, com foco nos territórios e nas pessoas. 

Diálogo tripartite e compromisso social 

A presença das centrais sindicais no Cebrics reforça o compromisso do SESI com o diálogo entre trabalhadores, empresários e governo, reconhecendo o papel estratégico do trabalho para o desenvolvimento sustentável. A participação no evento também fortalece a presença brasileira no BRICS com uma agenda que articula produtividade, inclusão e justiça social. 

“Temos que ocupar esses espaços para garantir que os interesses da classe trabalhadora estejam contemplados nas grandes decisões econômicas”, concluiu Quintino Severo.

*Com informações do CNSesi (Conselho Nacional do Sesi) / Reportagem de Vanessa Ramos