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Carvoeiros denunciam semi-escravidão no...

Publicado: 06 Julho, 2009 - 14h07

Escrito por: Campo Grande News

Com apoio da CUT-MS, dezenas de carvoeiros procuraram a Polícia Federal (PF), em Campo Grande, na última quarta-feira  (1º de julho) para denunciar situação análoga à escravidão em uma carvoaria de Nova Alvorada do Sul.

Cada um com uma mala nas mãos, Jair de Novaes, 54 anos, e Dercione Fernandes da Silva, 48 anos, contam que trabalhavam em uma carvoaria de Ribas do Rio Pardo, mas foram chamados para trabalhar na outra.

Como a proposta de pagamento de diária era melhor, "de R$ 25 a R$ 30", disse Jair, eles aceitaram. Começaram a trabalhar como puxadores de lenha na segunda-feira (22), mas não permaneceram no local devido às condições.

"Nós fomos enganados", disse Jair. Segundo ele, além de receber cerca de R$ 8 por dia, tinha que dormir em pedaços de colchão no chão e pagar pelos alimentos e até água consumida. Entre as reclamações também está a falta de banheiro. "O banheiro lá é o mato", revela Jair.

Jair e Dercione contam que diante da situação, decidiram sair da carvoaria, onde trabalham cerca de 25 pessoas em 60 fornos.

O dono da carvoaria então trouxe eles e mais três pessoas para Campo Grande na madrugada de segunda-feira (29) e os deixou no posto Locatelli, saída para Três Lagoas, com a promessa de voltar e devolver documentos pessoais.

Como o dono da carvoaria não apareceu, Jair e Dercione, decidiriam fazer a denúncia. Eles usaram o restante do dinheiro que tinham para pagar passagem de ônibus e "perambularam" pela Capital até encontrarem a PF.

Os carvoeiros foram ouvidos pelo delegado de Defesa Institucional, Alcideo de Souza. O dono da carvoaria poderá ser responsabilizado pelo crime de redução à condição análoga a de escravo.

Segundo a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Mato Grosso do Sul os trabalhadores foram abandonados e estão sem ter onde dormir e como se alimentar. Eles estão desempregados desde o início do ano, devido à demissão em massa por carvoarias em decorrência da crise econômica mundial e a redução de exportações de minérios.

Vários trabalhadores foram a Campo Grande e foram à Superintendência Regional do Trabalho, muitos alegando que não receberam acertos trabalhistas ao saírem das carvoarias.