Capriles não se conforma com a derrota e...
Oposicionista foi instigado pela Casa Branca a não acatar o resultado das urnas
Publicado: 17 Abril, 2013 - 12h50
Escrito por: Antonio Pimenta/Hora do Povo
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) – órgão equivalente ao nosso TSE – proclamou presidente eleito da Venezuela ao candidato chavista Nicolás Maduro, em cerimônia realizada na segunda-feira (15) em Caracas, com a presença de líderes políticos, ministros, comando das forças armadas, personalidades e corpo diplomático, enquanto uma multidão se concentrava nas imediações e festejava. Maduro venceu por 50,75% (7.563.747 votos) a 48,97% (7.298.491 votos) do oposicionista Henrique Capriles, uma diferença de 265.256 votos. Maduro venceu em 16 dos 24 estados, e irá prestar juramento na próxima sexta-feira (19).
A participação foi de 79,17% do eleitorado, embora o voto seja opcional, e as eleições de domingo transcorreram na mais absoluta normalidade. O sistema eleitoral da Venezuela já foi considerado pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter como “o melhor do mundo”, mas o derrotado, Capriles, se recusou a acatar o resultado das urnas, após ser incitado pela Casa Branca, que pediu a “recontagem dos votos”. Insuflados pelo perdedor, playboys incendiaram sedes do PSUV em dois estados, cercaram as emissoras de TV estatais na capital, queimaram veículos e assediaram parlamentares chavistas. Nove policiais ficaram feridos. Maduro convocou a população a defender a paz com mobilizações por todo o país na terça-feira, e “todos a Caracas na quarta-feira e na sexta-feira”, data do juramento. “Basta de abusos!”
BRASIL E CHINA
A vitória de Maduro foi saudada pelo Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Rússia, China, Equador, Bolívia e Irã, entre outros. Ao felicitar Maduro por telefone, a presidente Dilma Roussef destacou a “normalidade do pleito”. Em Belo Horizonte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ingerência dos EUA, e pediu uma salva de palmas para Maduro. Os americanos “frequentemente se metem a discutir uma eleição (...). Por que não se preocupam com eles mesmos e nos deixam decidir nosso destino?”, questionou.
A missão da Unasul – União das Nações Sul-americanas – que observou as eleições na Venezuela saudou o “espírito cívico e democrático demonstrado pelo povo venezuelano no ato eleitoral” e pediu respeito aos resultados. “A Unasul declara - como sustentou desde sua instalação no país - que tais resultados devem ser respeitados por emanarem do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), única autoridade competente na questão segundo as disposições constitucionais e legais” da Venezuela. Qualquer questionamento deverá ser “canalizado e resolvido dentro do ordenamento jurídico vigente”.
Na noite de domingo, Maduro havia assinalado que a força da revolução em curso no país havia obtido um “triunfo justo, constitucional, legal e popular”. “Maioria é maioria e deve-se respeitar a democracia”. “Não se pode buscar emboscadas, inventos contra a soberania popular. Isso só tem um nome, golpismo. Quem pretender vulnerar a maioria da democracia pretende dar um golpe de Estado”, acrescentou. “Eu disse ontem e hoje, vocês me escutaram, se ganho com um voto, ganhei, se perco com um voto entrego imediatamente em respeito a esta Constituição; já o poder eleitoral disse qual é a vontade deste povo”.
Diante dos incêndios de sedes do PSUV e outros atos golpistas, Maduro advertiu; “Esta é a Venezuela que vocês querem? Esta é a Venezuela que você promoverá, candidato perdedor? Você é responsável por este incêndio, faço-te responsável por este incêndio (...) e se há feridos ou mortos você é o responsável”, afirmou, dirigindo-se a Capriles.
MAIORIA
Em termos absolutos, o resultado faz de Maduro o segundo presidente mais votado da história da Venezuela, só atrás do próprio Chávez. Capriles, que agora faz profissão de fé golpista pela diferença de votação ter sido estreita (1,78%), em dezembro, ao ser eleito governador, o foi por um diferencial ínfimo, de 30.000 votos. Em maio de 2012, a diferença de votos na França entre François Hollande e Nicolas Sarkozy foi de apenas 3,28% mas ninguém achou que podia por em questão o resultado.
“Não foi uma campanha eleitoral o que fizeram, foi uma guerra contra o povo. Iam apagar o país durante três dias. Não fosse por PDVAL e Mercal [redes estatais de distribuição de alimentos] o povo teria ficado desabastecido”, assinalou Maduro sobre o confronto eleitoral. “Querem matar a revolução e matando a revolução querem acabar com todas as conquistas e entregar esta pátria ao império norte-americano”, concluiu o presidente eleito.