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Canadá: sindicalistas cobram progresso no...

Publicado: 17 Março, 2010 - 12h51

Escrito por: Rede Sindicato dos Trabalhadores da Vale no Brasil - RSVB


Dois dirigentes do sindicato United Steelworkers (USW) foram contundentesem suas críticas à Vale Inco Ltd. nesta segunda-feira, devido à recusa desta emaceitar que uma terceira parte desse um desenlace àquela que tem sido uma grevelonga e amarga.


Leo Gerard, presidente internacional do USW, disse que houve, sim,progresso a respeito de várias questões ao longo de oito dias de conversaçõesmediadas.


Mas na questão de maior importância para os grevistas — a estabilidade noemprego — “a empresa se recusou a negociar”.


Gerard disse que isto evidencia o fato de que a Vale Inco, que pertence àmineradora brasileira Vale, ou não entende o processo de negociação coletiva noCanadá, ou “está terrivelmente equivocada, terrivelmente”.


Mais de 3.000 membros da seção local 6500 do USW em Sudbury e 130 membrosda seção local 6200 de Port Colborne tiveram suas esperanças esfaceladas nodomingo quando o mediador Kevin Burkett encerrou as discussões quando ficouclaro que um acordo não era “atingível neste momento”.


No sábado 13, fará oito meses que as duas seções locais entraram em greve arespeito de questões previdenciárias, abonos vinculados ao preço do níquel,direitos de transferência e terceirização.

Burkett disse que permanecedisponível para ajudar as partes, mas nenhuma das duas indicou nestasegunda-feira que tivesse essa opção em mente.


Ao invés disso, as duas seçõeslocais estavam se preparando para assembléias gerais marcadas para quinta- esexta-feira, nas quais será discutida e votada a segunda proposta da Vale Incoapresentada durante os oito dias de conversas.


A Vale Inco está chamando aproposta de oferta de acordo, mas Gerard e Wayne Fraser, diretor do Distrito 6do USW, estão encorajando os sócios do sindicato a rechaçá-la amplamente.


Tanto Gerard quanto Fraser permaneciamenraivecidos na segunda-feira com a recusa da Vale Inco em referir as questõespendentes a uma comissão de arbitragem obrigatória, composta por umrepresentante da Vale Inco, um representante do USW e mais um terceirointegrante, possivelmente Burkett.


Gerard disse que o sindicato sedisporia a acatar a decisão da arbitragem “e a empresa disse ‘não’. Eles queremque seja do jeito deles”.


Nem Gerard nem Fraser quiseram falar a respeito de detalhes da proposta,que a Vale Inco publicou na Internet, pois querem que a comissão de negociaçãoajude os membros do sindicato a entender suas ramificações durante asassembléias ao longo da semana.

 

Fraser afirmou que sua comissão de negociação colocou diversas opções eabordagens, e todas foram rejeitadas pela Vale.


Steve Ball, porta-voz da Vale IncoSudbury, disse que a empresa não está disposta a aceitar a arbitragemobrigatória, um processo mais comum no setor público, segundo ele.


A Vale Inco ofereceu o queconsidera ser um acordo justo, mas “ficou claro que não foi suficiente” para osgrevistas, disse ele.


Gerard disse que a Vale Inco “deixouimplícito” que haveria reduções no quadro de funcionários quando estesvoltassem ao trabalho, mas não se dispôs a compartilhar com o sindicato seusplanos para os próximos cinco anos quanto a este tema.


“Eles disseram que não tinham umplano. Eles apenas sabem que haverá reduções,” disse Gerard. “Isso é loucura.”


A Vale Inco tampouco discutiria procedimentosde re-convocação ou um protocolo de volta ao trabalho sem que antes houvesseuma aceitação de sua proposta, afirmou Gerard.


A maneira como a Vale Inco lidoucom as discussões recentes é prova adicional de que o governo do Canadá“cometeu um erro enorme ao permitir que eles [a Vale] tivessem acesso aodepósito de minério mais valioso do mundo,” disse ele.


Gerard, que começou justamente naseção local 6500 do USW e atingiu o cargo máximo do sindicato, acusou a ValeInco de ter se dado a “missão” de “aparentar estar negociando mas não chegar aum acordo, acreditando assim que poderia forçar nossos membros a aceitar umaconclusão [favorável à empresa]”.


Foi o USW que propôs a reunião como mediador “e eles caracterizaram isso erradamente como um sinal de fraqueza,”disse Gerard.


“A questão não deveria girar emtorno de força versus falta de força, e sim em torno do que é justo versus oque é injusto.”


Tanto ele quanto Fraser apontarampara o fato da Xstrata Nickel ter recentemente acordado um novo contratocoletivo com seus trabalhadores de produção e manutenção sem uma greve.


A comissão de negociação do USWapresentará a oferta da Vale Inco aos membros do sindicato para que eles possam“ver o que a Vale estava aprontando,” disse Gerard.


Caberá aos membros expressar seu“extremo desprazer” com a proposta por meio de uma votação contrária decisiva.


Ao fim e ao cabo, disse Gerard,terá que haver alguma conclusão negociada entre as partes em algum momento.


“Eu acho que se houvesse umanegociação séria, um acordo estaria ao nosso alcance... houve avanços, houveconcessões de parte a parte, mas nas questões que envolvem a estabilidade noemprego, como é que alguém poderia aceitar que uma empresa diga que vai reduziro quadro mas que não tem um plano?”


Enquanto isso, a Vale Inco vaiseguir com o plano de começar a produzir na mina Coleman, em Levack, e passar amina Creighton de um período de manutenção para produção a todo vapor.


Ball disse que havia muita fumaçasaindo da Superstack [super-chaminé]na segunda-feira. O complexo de fundição de Copper Cliff está sendo operado porgerentes, trabalhadores sindicalizados mas das áreas técnicas e administrativas,e alguns trabalhadores substitutos.


A previsão é que as minas Coleman eCreighton só entrem em modo produção daqui a vários meses, disse ele.

“Ainda estamos trabalhando comnossos estoques de concentrado de níquel,” disse Ball.