Campanha salarial 2026 dos servidores é lançada na 17ª Plenária Nacional
Se é público, é de todos e todas: valorizar o servidor e a servidora é valorizar o Brasil. Esse é o lema da campanha salarial da Confetam lançada hoje
Publicado: 17 Outubro, 2025 - 17h06 | Última modificação: 17 Outubro, 2025 - 18h34
Escrito por: Luiz R Cabral

A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras no Serviço Público Municipal (Confetam-CUT) lançou, nesta sexta-feira (17), durante a 17ª Plenária Nacional da CUT, a campanha salarial 2026 sob o tema “Se é público, é de todos e todas: valorizar o servidor e a servidora é valorizar o Brasil.”
A iniciativa reafirma o compromisso das entidades sindicais com a valorização do funcionalismo e a defesa do Estado como instrumento essencial para o desenvolvimento e a redução das desigualdades.
Participaram da mesa de lançamento o presidente da CUT, Sérgio Nobre; o secretário-geral nacional, Renato Zulato; o secretário de Relações de Trabalho, Sérgio Ricardo Antiqueira; e o secretário de Mobilização da CUT-SP, Osvaldo Bezerra. Também estiveram presentes Jucélia Vargas, presidenta da Confetam; João Caires (ISP Brasil); Neiva Ribeiro (Sindicato dos Bancários de São Paulo); Dijalma Prado (Federação dos Municipais de São Paulo); Fátima Silva (CNTE); Gisélia Rocha (CONDEF); e Maria Faria (CNTS). O debate contou ainda com a colaboração técnica de Graça Costa (Diap) e Vittor Pagani (Dieese).
Foram convidados para o debate Zé Celso Cardoso, secretário do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, e a ministra do mesmo ministério Esther Dweck.
Eixos da campanha
A presidenta da Confetam, Jucélia Vargas, apresentou os principais eixos da campanha, que serão levados às mesas de negociação e compõem a agenda nacional dos servidores municipais:
- Valorização salarial e carreira — Combate ao pagamento abaixo do salário mínimo e ao uso de complementações; estabelecimento de pisos salariais superiores ao mínimo nacional; realização de concursos públicos; garantia de estabilidade como direito da população; e valorização das carreiras e da formação acadêmica.
- Luta contra reformas e precarização — Fim da taxação de 14% sobre aposentados que recebem até um salário mínimo; oposição às reformas trabalhista, previdenciária e administrativa; combate à terceirização e à pejotização; e defesa da negociação coletiva e da liberdade sindical.
- Direitos e regulamentação — Ratificação da Convenção 190 da OIT (sobre violência e assédio no trabalho) e regulamentação da Convenção 151 (negociação coletiva no setor público).
- Defesa dos serviços públicos e das políticas sociais — Fortalecimento do SUS e de apoio à PEC 383, valorização da educação pública e políticas de igualdade de gênero, raça e diversidade.
- Questões específicas e ambientais — Valorização das guardas civis municipais, implementação de uma reforma tributária justa e políticas de transição energética e ambiental com proteção ao emprego e à saúde dos trabalhadores.
Também foi apresentada proposta gráfica para materiais de divulgação : cartazes, folders, camisetas e banners — que podem ser distribuídos em todo o país para fortalecer a mobilização.
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Governo reforça compromisso com valorização do serviço público
Depois da apresentação, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, passou a palavra à ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e, depois, para o secretário do MGI, José Celso Cardoso, para detalharem a política do governo federal em relação ao funcionalismo. Ambos falaram separadamente e estavam online.
A ministra destacou que a criação do Ministério simboliza a retomada do diálogo com as centrais sindicais e a reconstrução de áreas desestruturadas nos últimos anos. Entre as ações implementadas estão a reabertura da Mesa Nacional de Negociação Permanente, o Concurso Público Nacional Unificado e a adoção de 38 medidas infraconstitucionais voltadas à modernização da administração pública.
Segundo Dweck, o governo mantém posição firme em defesa da estabilidade no serviço público, considerada essencial para proteger o Estado e garantir a continuidade das políticas sociais.
“Nós vamos analisar as propostas com atenção, mas não vamos concordar com nada que contrarie nossa visão de fortalecer a valorização dos servidores e defender a estabilidade no serviço público”, afirmou a ministra. “A estabilidade é uma defesa do Estado brasileiro. Ela protege os servidores, garante autonomia para denunciar abusos e enfrentar tentativas de desmonte das políticas públicas.”
Já o secretário da pasta, José Celso Cardoso, apresentou, diretrizes da política de administração pública, que substitui o paradigma da Reforma Administrativa do governo anterior, centrada na PEC 32. Segundo ele, a proposta rompe com a visão de que o Estado é grande, caro e ineficiente — diagnóstico que “se mostrou bastante equivocado”, afirmou.
A PEC 32, formulada durante o governo Bolsonaro, sustentava que o serviço público onerava o orçamento e precisava ser enxugado. Zé Celso também contesta esse argumento: “dados oficiais indicam que, desde a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2000, o gasto com pessoal nunca ultrapassou 5% do PIB, mantendo-se entre 3,5% e 4%. O número de servidores ativos diminuiu, mas a entrega de serviços aumentaram, o que demonstra ganhos de eficiência e profissionalização.
O secretário do MGI destacou, ainda, que o atual governo cumpre o compromisso assumido ainda na transição de 2022: barrar a PEC da reforma administrativa e reconstruir o Estado com base em uma lógica republicana.
“Nós não vamos pactuar com nada que contrarie nossa visão de fortalecer e valorizar os servidores e de defender a estabilidade no serviço público”, afirmou.
No final da sua fala, o secretário Zé Celso respondeu às perguntas de alguns participantes da mesa.
Não à Reforma administrativa
Desde que o Congresso retomou a pauta da Reforma Administrativa, articulada por Hugo Motta, “ficou claro que se trata de uma proposta autoritária e centralizadora, que retira ainda mais poder não só da União, mas dos Executivos estaduais e municipais, esvaziando o voto popular e dissolvendo o serviço público e os direitos constitucionais”.
” Durante esta plenária Nacional estamos aprovando a resolução que convoca a mobilização permanente em defesa dos serviços públicos, dos servidores e da democracia”, afirmou Sérgio Antiqueira. E completou: “a decisão de fazer a marcha nacional das três esferas no dia 29 em Brasília expressa justamente isso: transformar a resistência em ação de rua, para enfrentar uma reforma que é uma farsa – porque não combate privilégios, mas sim transfere recursos da saúde, da educação e da assistência para garantir o poder e os privilégios do próprio Congresso e dos mais ricos que sua maioria representa”.