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Brasil enfrenta aumento de casos de covid-19. Saiba como se prevenir

Especialistas destacam que crianças, idosos e gestantes seguem em risco; testes e vacinação separada continuam essenciais, e o debate sobre imunização combinada ainda enfrenta obstáculos

Publicado: 08 Setembro, 2025 - 15h05 | Última modificação: 08 Setembro, 2025 - 16h44

Escrito por: Redação CUT | texto: André Accarini | Editado por: Rosely Rocha

Joédson Alves/Agência Brasil
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O Brasil registra novo aumento de casos de covid-19, com taxa de positividade de 13,2%, a mais alta desde março, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Especialistas alertam que a doença "não desapareceu" e que o país vive um recrudescimento da infecção.

De acordo com dados da Fiocruz, em 2025, no Brasil, foram registrados 163.956 casos de síndrome respiratória grave. Desses casos, 87.741 (53,5%) tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Entre os vírus identificados nesses casos positivos, 11,5%, eram o Sars-CoV-2.

Populações vulneráveis seguem em risco. Crianças menores de 2 anos, muitas sem exposição prévia ao vírus e ainda não vacinadas, apresentam maior risco de complicações e internações.

Em 2024, 82 crianças morreram por covid-19. Idosos acima de 60 anos continuam suscetíveis e são responsáveis pela maioria dos óbitos, enquanto gestantes também precisam de proteção.

A testagem é recomendada principalmente para idosos e imunossuprimidos, para reduzir complicações e hospitalizações. Para a maioria da população, a doença costuma ser leve, mas a testagem individual ajuda a monitorar possíveis complicações. A alta de casos é atribuída à queda de anticorpos, ao surgimento de novas variantes e à maior transmissão em ambientes fechados durante o inverno.

Vacinação

Ao contrário do que ainda propagam negacionistas, em geral extremistas de direita que apoiam golpes de Estado e moralismos violentos contra populações vulneráveis, a vacinação contra a covid-19 é reconhecida como uma das estratégias mais eficazes para preservar a saúde e fortalecer a sociedade.

Além de prevenir casos graves, a imunização contribui para reduzir a disseminação de vírus na comunidade, protegendo quem não pode ser vacinado por motivos de saúde.

A política de vacinação é responsabilidade do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Criado em 1973, o PNI desempenha papel fundamental na promoção da saúde pública. Por meio do programa, o governo federal disponibiliza gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) 47 imunobiológicos: 30 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas. Incluem-se tanto vacinas do calendário nacional quanto indicadas para grupos com condições clínicas especiais, como pessoas com HIV ou em tratamento de algumas doenças (câncer, insuficiência renal, entre outras), aplicadas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), incluindo também vacinas contra a covid-19.

Covid-19: compreensão, prevenção e tratamento

A covid-19 é uma infecção respiratória aguda, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e distribuição global, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Descoberto em dezembro de 2019 em Wuhan, China, pertence ao subgênero Sarbecovírus da família Coronaviridae, sendo o sétimo coronavírus conhecido por infectar humanos.

Manifestações e sintomas

A infecção pode variar de assintomática a grave ou crítica. Sintomas comuns incluem febre, calafrios, tosse, fadiga, anorexia, dispneia, mialgia e dor de cabeça. Sintomas inespecíficos, como dor de garganta, congestão nasal, náusea, vômito ou diarreia, também foram relatados, às vezes antes da febre ou sintomas respiratórios. No início da pandemia, anosmia e ageusia eram manifestações frequentes antes dos sintomas respiratórios.

Classificação da gravidade:

  • Assintomático: teste positivo sem sintomas.
  • Leve: um ou mais sintomas comuns, sem dispneia ou alterações em exames de imagem do tórax.
  • Moderado: sintomas leves, mas com saturação de oxigênio (SpO2) ≥94% em ar ambiente.
  • Grave: dispneia, pressão no tórax, SpO2 ≤94% ou coloração azulada de lábios/rosto.
  • Crítico: síndrome do desconforto respiratório agudo, sepse, choque séptico, trombose ou disfunção múltipla de órgãos.

Transmissão e incubação

O vírus é transmitido por contato direto, gotículas e aerossóis, especialmente em ambientes fechados e mal ventilados. O período de incubação varia de 1 a 10 dias, com média de 3 a 4 dias após a predominância da variante Ômicron. Indivíduos assintomáticos podem transmitir o vírus, reforçando medidas preventivas. Anticorpos aparecem em 2 a 4 semanas, mas podem diminuir, permitindo reinfecções, especialmente após 90 dias.

Grupos de risco e complicações

Embora a maioria dos casos seja leve ou moderada, cerca de 15% podem ser graves e 5% críticos, com complicações como falência respiratória, trombose ou sequelas neurológicas. Algumas pessoas desenvolvem condições pós-covid. Crianças e adolescentes podem apresentar Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) e adultos podem ter Síndrome Inflamatória Multissistêmica (SIM-A).

Grupos de risco incluem:

  • Idosos acima de 60 anos.
  • Pessoas com comorbidades (diabetes, hipertensão, doença cardíaca ou pulmonar, insuficiência renal, imunossupressão, obesidade, câncer).
  • Gestantes ou puérperas com fatores de risco.
  • Tabagistas.
  • Indivíduos não vacinados.
  • Populações vulneráveis, como povos tradicionais, moradores de rua e refugiados.

Prevenção e controle

A vacinação é a principal forma de evitar casos graves, óbitos e sequelas. Medidas não farmacológicas incluem:

  • Higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70%.
  • Uso de máscaras por pessoas com sintomas, imunossuprimidos, idosos e em ambientes de risco.
  • Etiqueta respiratória ao tossir ou espirrar.
  • Distanciamento físico de pelo menos 1 metro em locais públicos.
  • EPIs para profissionais de saúde.
  • Limpeza e desinfecção de superfícies.

Tratamento

A maioria dos casos é leve e pode ser tratado ambulatorialmente. O SUS incorporou o antiviral nirmatrelvir + ritonavir (NMV/r) para pacientes com alto risco de evolução grave, com diagnóstico confirmado e sintomas leves a moderados, independentemente da vacinação.

Grupos elegíveis para NMV/r:

  • Imunocomprometidos com 18 anos ou mais.
  • Pessoas com 65 anos ou mais.

O tratamento deve iniciar em até 5 dias após o início dos sintomas, reforçando a necessidade de atendimento médico rápido.

O Ministério da Saúde disponibiliza painéis de monitoramento, boletins e publicações técnicas sobre a situação da covid-19.