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Bahia: concorrência chinesa gera...

Publicado: 21 Março, 2011 - 12h11

Escrito por: João Pedro Pitombo - Jornal A Tarde

Os efeitos da acirrada concorrência com o mercado asiático começaram a ser sentidos no polo calçadista baiano.

Principal indústria do segmento da Bahia, a Vulcabrás Azaleia, em Itapetinga, tem enfrentado dificuldades para competir nos mercados interno e externo e, desde novembro do ano passado, demitiu cerca de 1,4 mil trabalhadores, segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores de Calçados de Itapetinga e Região.

Desde o início deste mês, os trabalhadores estão em férias coletivas. O temor da Central Única dos Trabalhadores na Bahia (CUT),que participa das negociações, é que haja novas demissões no retorno das atividades, previsto para o início do mês de abril. “Nós temos informações de que os objetivos da empresa é chegar a 4 mil demissões”, afirma o presidente da CUT-BA, Martiniano Costa.

Atualmente, a empresa é responsável pelos empregos de 19 mil funcionários na Bahia.

“Estamos preocupados coma possível perda de mais postos de trabalho. Mais demissões vão representar um forte baque na economia dos municípios da região”, afirma James Santos Alves, diretor administrativo do sindicato.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados e Componentes do Estado da Bahia, Haroldo Ferreira, alega que a situação da Azaleia é atípica e não representa o cenário de todo o setor na Bahia.

O secretário de Indústria e Comércio do Estado, James Correia, faz coro e diz que a crise é pontual. Segundo ele, as grandes indústrias que também atuam no mercado externo tendem a ser mais impactadas.“ O mercado interno está mais forte e tem gerado uma demanda significativa.É este mercado que está dando fôlego às indústrias do setor”, avalia.

Para enfrentar o momento de dificuldades, a representação dos trabalhadores articula junto ao governo do Estado a aprovação de medidas que impulsionem a indústria calçadista. O principal pleito que será levado ao governo federal é a aprovação de medidas contra a concorrência com os calçados importados de todos os países asiáticos. O setor calçadista tem dificuldades para concorrer com os baixos custos de produção dos produtos que vêm da Ásia. Desde o ano passado, já vigora uma medida da Câmara de Comércio Exterior (Camex) que define uma sobretaxa para os calçados fabricados na China que são importados pelo Brasil. O custo dos produtos é ampliado em cerca de 13 dólares. Osetor,no entanto, alega que os chineses estariam burlando a barreira protecionista brasileira, exportando os calçados por meio de outros países asiáticos, como Vietnã,Laos,Camboja e Indonésia.

“É um problema que tem afetado as empresas do setor que trabalham com o mercado externo. Por isso, estamos pleiteando que as barreiras se estendam aos outros países asiáticos”, explica Haroldo Ferreira. Segundo o secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, os calçados brasileiros enfrentam uma concorrência desleal: “Os asiáticos usam uma mão de obra mais barata, que possui uma jornada de trabalho maior. Não dá para competir”, avalia.

Segundo o secretário, estão descartados novos incentivos fiscais por parte do Estado, que já garante ao setor uma redução de 99% do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado das indústrias.

Mas afirma que o governo deverá fomentar a fabricação de couro para calçados na Bahia, para completar a cadeia e baratear o processo produtivo.

A reportagem entrou em contato com a Azaleia por meio da assessoria de imprensa para obter um posicionamento sobre o assunto.

Os contatos foram feitos nos dias 11, 14 e 15 deste mês. A assessoria de imprensa informou à reportagem que os gestores da empresa não atenderam ao pedido de informação.