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Atingidas por barragens destacam crime ambiental em Mariana

Mulheres do MAB realizam atos em diversos estados. Em MG, interditam ferrovia da Vale

Publicado: 08 Março, 2016 - 15h57 | Última modificação: 08 Março, 2016 - 16h01

Escrito por: MAB

MAB
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Protesto fecha linha férrea da Vale em Belo Oriente (MG)

O Dia Internacional de Luta contra as Barragens, pelos Rios, pela Água e pela Vida terá suas mobilizações antecipadas nesse ano. Como forma de dar visibilidade à luta das mulheres atingidas, os atos promovidos pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em parceria com outros movimentos populares, acontecem nos dias 8 e 9 de março, em 18 estados.

Nos outros anos, a data foi lembrada no dia oficial da Luta contra as Barragens, o 14 de março.

As manifestações deste ano têm como principal pauta o crime ambiental de responsabilidade das mineradoras Samarco e Vale, com o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG). O desastre levou a que o distrito de Bento Rodrigues ficasse coberto por lama, e deixou 19 mortos e centenas de desabrigados em 2015.

Direitos das mulheres

“As mulheres foram as mais atingidas, muitas passaram a ser dependentes dos maridos, pois os cartões com verba de manutenção são destinados ao chefe da família, desconsiderando a mulher. Muitos outros direitos foram e continuam sendo violados. Há muito o que ser feito na Bacia (do Rio Doce) em relação aos atingidos e ao meio ambiente. Queremos denunciar a forma como os atingidos vêm sendo tratados. Eles não estão sendo protagonistas dos próprios direitos”, explica Letícia Oliveira, membro da coordenação estadual do MAB em Minas Gerais.

Letícia faz referência ao acordo firmado no último dia 2, entre governos estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo, governo federal e a Samarco, para a reconstrução da Bacia do Rio Doce. Realizado em gabinetes e sem participação das vítimas que foram atingidas, o acordo concede à mineradora todos os poderes para decidir sobre o futuro da região.

Acordo excluiu MAB

“O MAB, enquanto principal movimento social de atingidos por barragens no Brasil, foi completamente ignorado. Fomos informados desse acordo pela própria imprensa, nacional e internacional, que nos ligaram a partir da denúncia realizada pela Agência Pública”, destacou o movimento em nota.

No entanto, o acordo não é definitivo. O Ministério Público Federal (MPF) já anunciou que pedirá à Justiça Federal que não homologue o documento e que entrará com ações civis públicas contra a empresa. Enquanto isso, atingidas e atingidos saem às ruas para denunciar e exigir direitos. 

Ato contra Vale no Leblon

O principal palco da jornada de mobilização será o Rio de Janeiro. Nesta terça-feira (8), ocorre um ato público em frente ao novo prédio da Vale, no Leblon (Avenida Afranio de Melo Franco), às 10h30. Já na manhã de quarta (9), a mobilização acontecerá em frente à Eletrobrás, no Centro, e terá como pauta o combate às privatizações das distribuidoras de energia elétrica, anunciado pela estatal no final do ano passado. 

Ainda no dia 09, durante a tarde, a manifestação se reúne em frente ao prédio do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), também no Centro. “Vamos chamar a atenção para a Política Nacional dos Atingidos por Barragens. Queremos nossos direitos escritos na lei. Não podemos esperar mais para que essa política exista. Também reivindicaremos o programa de desenvolvimento das comunidades onde são construídas as barragens e a criação de um fundo próprio dos atingidos por barragens”, complementa Alexania Rossato, coordenadora estadual do MAB no Rio de Janeiro