• Kwai
MENU

Altamiro Borges: mídia oculta os crimes dos...

Publicado: 19 Maio, 2010 - 09h58

Escrito por: Blog do Miro


 

A Agência Câmara noticiou nesta semana quea Polícia Federal ouviu os depoimentos de três ex-diretores do Serviço Nacionalde Aprendizagem Rural (Senar), entidade vinculada aos ruralistas, suspeitos defraudes em licitações que causaram rombo de R$ 10 milhões aos cofres públicos.

 

Por Altamiro Borges, em seu blog

 

A mídia hegemônica, que clamou pelainstalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) contra o MST,simplesmente evitou tratar do assunto. Ela faz alarde contra as entidadesligadas à reforma agrária, mas silencia totalmente sobre as falcatruas dosbarões do agronegócio.

 

A reportagem revela que o esquema foidescoberto durante a “Operação Cartilha”, desencadeada em fevereiro passado.“Um dos ouvidos, segundo informações da PF, foi indiciado por formação dequadrilha e fraude em licitação. A Polícia Federal não revelou os nomes dosouvidos e nem quem foi indiciado. Prestaram depoimento ao delegado IrenePereira, esposa do deputado federal Homero Pereira (PR) e outros doisex-diretores do Senar. Sendo que ela foi indiciada”. Irene e outros cinco executivossob investigação sigilosa faziam parte da alta gerência do Senar.

 

Desviopara a campanha eleitoral?

 

A “Operação Cartilha” foi solicitada pelaControladoria-Geral da União para apurar o desvio de materiais destinados aoPrograma de Formação Rural do Senar. A CGU estima que o prejuízo ao erário sejade R$ 9.926.601,41. “Investigações da PF indicam que contratações de entidadessem fins lucrativos visavam, na realidade, favorecer empresas do ramo gráficode Brasília”. Inúmeras contratações foram executadas sem licitações e compreços superfaturados. Há suspeitas de que o dinheiro seria desviado para ascampanhas eleitorais de candidatos vinculados aos ruralistas.

 

Esta não é a primeira, nem será a última,denúncia envolvendo os barões do agronegócio, que se travestem de “paladinos daética” e lideram a histeria contra os subsídios públicos concedidos àsentidades vinculadas à reforma agrária. O Senar, administrado pelas federaçõesestaduais filiadas à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), presidida pelafascistóide Kátia Abreu, gerencia milhões de reais dos cofres públicos semqualquer transparência. Levantamento recente confirma os seguintes valoresdoados às entidades ruralistas para a “qualificação dos produtores rurais”:

 

- Senar/Acre – R$ 978.854,63

 

- Senar/Alagoas – R$ 778.188,26

 

- Senar/Amazonas – R$ 663.270,90

 

- Senar/Amapá – R$ 426.151,81

 

- Senar/Bahia – R$ 2.171.477,38

 

- Senar/Ceará – R$ 3.782.325,73

 

- Senar/Distrito Federal – R$ 352.188,11

 

- Senar/Espírito Santo – R$ 411.689,98

 

- Senar/Goiás – R$ 1.634.195,00

 

- Senar/Maranhão – R$ 1.670.632,30

 

- Senar/Minas Gerais – R$ 11.274.446,00

 

- Senar/Mato Grosso do Sul – R$1.752.641,00

 

- Senar/Mato Grosso – R$ 3.813.263,87

 

- Senar/Pará – R$ 1.517.276,68

 

- Senar/Paraíba – R$ 184.633,07

 

- Senar/Pernambuco – R$ 400.000,00

 

- Senar/Piauí – R$ 345.638,43

 

- Senar/Paraná – R$ 6.710.444,31

 

- Senar/Rio de Janeiro – R$ 1.105.468,25

 

- Senar/Rio Grande do Norte – R$ 318.511,33

 

- Senar/Roraima – R$ 502.979,08

 

- Senar/Rondônia – R$ 1.047.509,27

 

- Senar/Rio Grande do Sul – R$ 4.817.230,00

 

- Senar/Santa Catarina – R$ 2.838.636,77

 

- Senar/Sergipe – R$ 609.533,90

 

- Senar/São Paulo – R$ 9.625.122,90

 

- Senar/Tocantins – R$ 650.523,70.

 

KátiaAbreu sob suspeição

 

Este enorme volume de recursos, porém,geralmente não é destinado à formação dos produtores. Ele serve, inclusive,para o pagamento de altos salários aos dirigentes das entidades ruralistas – oque é ilegal. A Federação da Agricultura de São Paulo, por exemplo, já foicondenada a devolver um milhão de reais, desviados para o pagamento de diáriasdos seus dirigentes. As entidades dos ruralistas do Rio Grande do Sul e do MatoGrosso do Sul também já estão sob investigação.

 

No caso da federação dos ruralistas doTocantins, presidido por Kátia Abreu entre 1995-2005, as suspeitas são aindamais graves. O Tribunal de Contas da União (TCU) já questionou a prestação decontas do Senar e até convocou Kátia Abreu para esclarecimentos. O caso é tãosinistro que a própria CNA, antes da eleição da senadora para sua presidência,decretou intervenção na unidade do Tocantins.

 

A sujeira parece ser brava. Mas a mídiaprefere ocultar os crimes dos ruralistas – inclusive porque Kátia Abreu ésondada para ser vice na chapa do demo-tucano José Serra.