Aeroviários e aeronautas

Aeroviários e aeronautas em campanha salarial unificadarealizaram nesta quinta-feira (10), passeata no aeroporto de Cumbica, emprotesto ao reajuste oferecido pelas empresas aéreas, equivalente à inflação.Na luta por aumento real dos salários, as categorias pretendem paralisar asatividades nos dias 23 e 24 de dezembro, caso as empresas não revejam o índice.

Cerca de trezentos manifestantes participaram do ato, queiniciou por volta das 9 horas, e percorreu os principais pontos do aeroporto, comoo saguão central e a área de check in das companhias.

Os sindicalistas alertaram os passageiros sobre a possível greve às vésperas doNatal e explicaram as razões do movimento, como os baixos salários e asobrecarga de trabalho.

Participaram da manifestação representantes da Federação Nacional dosTrabalhadores em Aviação Civil (Fentac), Confederação Nacional dosTrabalhadores em Transportes (CNTT), Sindicato Nacional dos Aeronautas,Sindicato Nacional dos Aeroviários, Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos,Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre e Sindicato dos Aeroviários dePernambuco, todos ligados à CUT, e do Sindicato dos Aeroviários no Estado deSão Paulo e Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos (FNTTA),ligados à Força Sindical.
 
MPT-SP propõe 6% dereajuste a trabalhadores e empresas do setor aéreo
Em reunião no Ministério Público do Trabalho de São Paulo(MPT-SP), nesta quinta-feira (10), a procuradora Dra. Laura Martins de Andradepropôs 6% de aumento salarial aos representantes dos trabalhadores e dasempresas, como forma de evitar uma greve no setor durante as festas de fim deano.

A procuradora também propôs às empresas a inclusão do direito à cesta básica naConvenção Coletiva dos aeronautas, similar à cláusula dos aeroviários, queprevê o benefício de forma escalonada, de acordo com o valor dos salários.

A audiência, motivada pelo indicativo de greve, iniciou por volta das 14 horase durou cerca de três horas.

Os sindicatos de trabalhadores defenderam perante o representante do SindicatoNacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), Odilon Juqueira, que o lucro dosúltimos nove meses das duas maiores companhias, de cerca de US$ 1 bilhão,deveria ser partilhado com as categorias.

O economista Claudio Toledo, assessor dos trabalhadores, ressaltou que o setoraéreo dobrou de tamanho de 2003 a 2009, de acordo com dados da Anac. Eleacrescentou que o PIB nesse período cresceu 27,29%, e o PIB per capita, 18,39%.A média de crescimento da renda dos trabalhadores do setor aéreo, no entanto,ficou em 3,79%.

O extraordinário crescimento da demanda das companhias aéreas foi destacado."É o quinto mês consecutivo de expansão da demanda doméstica acima dos20%", disse Toledo. As empresas menores de aviação regular também cresceram132% nos últimos doze meses. "As companhias estão trazendo dezenas denovas aeronaves e o crescimento tem sido constante", afirmou.

Para os trabalhadores, a reposição da inflação sem aumento real só seriaaceitável junto a um setor estagnado, o que não o caso do setor aéreo.

A audiência teve dois intervalos, para que trabalhadores e empresasdiscutissem, separadamente, formas de avançar na negociação. Mas a proposta dasempresas seguiu praticamente a mesma, aumentando cerca de 1%.

A sugestão da procuradora, de nova audiência antes do dia23, foi aceita por empresas e trabalhadores. A reunião está agendada para apróxima terça-feira (15) às 14 horas, na sede do MPT-SP (Rua Cubatão, nº322, esquina com a Rua Afonso de Freitas).

Os sindicatos de trabalhadores devem realizar assembleias com as categorias nasegunda-feira (14), para deliberar sobre a proposta do MPT-SP. As empresastambém devem, no dia 15, dizer se concordam com o índice e a cesta básica.