22 Trabalhadores são resgatados em fazendas na região de Tucuruí (PA)
Publicado: 22 Abril, 2008 - 14h34
Em operação na região de Tucuruí (PA), próximos à Rodovia Transamazônica, o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 22 pessoas de trabalho degradante, em três fazendas de pecuária. Os trabalhadores realizavam o chamado roço da juquira, limpeza da área com a finalidade de utilização como pasto.
Composta por representantes do MTE, do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF), a equipe chegou à região no dia 9 de abril. De acordo com o auditor fiscal do trabalho e coordenador da ação, Klinger Moreira, nenhum dos alojamentos possuía instalação elétrica, sanitária ou de esgoto. O relato do coordenador dá conta de que a água utilizada para consumo e para cozinhar não era potável. Nos três locais, completa, os salários eram pagos na forma de adiantamentos, em datas irregulares.
A ação foi finalizada na última quinta-feira (17), com o pagamento das rescisões da última fazenda fiscalizada, a Rio dos Bois, em Pacajá (PA). Para chegar ao local, na sexta-feira (11), o grupo móvel percorreu 40 km na Rodovia Transamazônica desde a cidade, 70 km em uma estrada vicinal, e outros seis quilômetros a pé. Na estrada vicinal, três das cinco caminhonetes da equipe atolaram e só foram retiradas com o empenho de 16 pessoas.
Os resgatados chegaram à fazenda em fevereiro. De acordo Klinger, além das péssimas condições de alojamento, eles estavam comendo comida estragada, e o sal utilizado na cozinha era mineralizado - que é próprio para gados. A alimentação fornecida também estava sendo descontada ilegalmente.
Em novembro de 2004, na própria Fazenda Rio dos Bois, pertencente a Délio Fernandes Rodrigues, foram libertados oito trabalhadores em situação mais grave, análoga à escravidão. A mesma equipe encontrou outras 29 pessoas submetidas à escravidão na Fazenda Primavera II, também de Délio. Na época, o fazendeiro pagou mais de R$ 92 mil em verbas rescisórias.
Délio Rodrigues é médico em Araguaína (TO) e levou os três trabalhadores até a fazenda em Pacajá. Ele trabalha no hospital católico Dom Orione e possui uma gastroclínica na cidade. Por telefone, Délio disse à Repórter Brasil que o denunciante ficou apenas um dia na fazenda e não trabalhou. Segundo ele, as denúncias viraram uma "máquina de ganhar dinheiro". "O que precisa acabar é essa indústria que está se espalhando pela região, esse costume de os funcionários irem até a fazenda, não trabalharem e ganharem depois", criticou.
O fazendeiro admitiu que havia problemas na Rio dos Bois com relação à água, mas garantiu que os trabalhadores estavam morando na sede da fazenda. "Não era como o padrão usual em que os trabalhadoreses são encontrados em barracos de lona." O pagamento das rescisões contratuais foi feito na quinta-feira (17), em Marabá (PA), e ficou em cerca de R$ 9,5 mil.