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20 anos da Luta Antimanicomial

Publicado: 30 Novembro, 2007 - 11h50

 

Em dezembro deste ano, completam-se 20 anos do II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, momento que marcou o início da Luta Antimanicomial brasileira.

  
No mês de dezembro de 1987, na cidade de Bauru, São Paulo, 250 manifestantes, dentre usuários e trabalhadores de saúde mental, foram para as ruas, de faixas em punho e palavras de ordem, gritando por uma sociedade sem manicômios. De lá para cá, o movimento evoluiu e fez história. 20 anos passados, o Conselho Federal de Psicologia, ao lado do Movimento da Luta Antimanicomial, com o apoio da Prefeitura da cidade de Bauru e da Universidade Estadual Paulista realizará, no mês de dezembro deste ano de 2007, o Encontro Nacional "20 anos de Luta por uma sociedade sem manicômios", para fazer um balanço dos 20 anos de trajetória desta luta.
  
"Este evento pretende recolocar a radicalidade à Reforma Psiquiátrica", diz o vice-presidente do CFP, Marcus Vinícius de Oliveira. "O Movimento da Luta Antimanicomial é o sal da Reforma Psiquiátrica, deu o tom para essa Reforma no país. No mundo inteiro, muitas reformas acontecem, mas sem radicalizarem, sem o raciocínio de que a exceção é, muitas vezes, cruel. Mas, no Brasil, optamos pela radicalidade. Começamos a caminhada dizendo não a esta forma de exclusão que são os manicômios. E, nisso, a Carta de Bauru, editada naquele longíquo dezembro de 1987, que vamos retomar agora, mostra-se muito atual, porque rechaça o manicômio, essa forma pior de exclusão", diz Marcus Vinícius.

 

O Encontro "20 anos de luta por uma sociedade sem manicômios" pretende fazer um resgate do movimento antimanicomial no país e ser também um locus para se acolherem narrativas de usuários, trabalhadores e militantes da luta antimanicomial, com o objetivo de aprofundar a ideologia "por uma sociedade sem manicômios!". Para isso, o Encontro já tem um site próprio, hospedado dentro do portal da Psicologia – www.pol.org.br – , para inscrição de trabalhos, narrativas históricas do tema, a serem apresentadas em Bauru, nos dias 5 a 7 de dezembro, data prevista para o evento.

 

Expectativa – Em Bauru, começam as movimentações para as comemorações dos 20 anos da Carta de Bauru. "A prefeitura da cidade abre com saudosismo essa comemoração", diz o Secretário Municipal de Saúde, Mário Ramos de Paula e Silva. "Estamos fazendo um resgate dos 20 anos do Movimento da Luta Antimanicomial no Brasil porque foi aqui, nesta cidade, que teve origem esse processo de luta. Naquela época, em 1987, a grande dificuldade era articular um serviço público com modelo acadêmico, universitário, e articular o que acabou sendo o NAPS – Hospital Dia, o primeiro Hospital Dia no Brasil. Aqueles idos de 1987 eram intensos, tendo em vista a reconstrução da democracia, a abertura de canais e tudo o que se escreveu naquela ocasião, que acabou se transformando em letra, com a Constituição de 1988. Agora, 20 anos passados, enxergamos este como um momento extremamente importante, como o grande desafio de implementar a rede de saúde mental em busca da efetivação da inserção social e da cidadania", completa. 
  
O Encontro Nacional "20 anos em luta por uma sociedade sem manicômios" vai levar, à cidade de Bauru, o debate sobre as práticas, mas será também um momento de integração cultural, com shows e teatros, buscando a reaproximação de todos os atores desta que, de luta, passou a ser uma política pública do próprio governo federal – a Reforma Psiquiátrica.

 

"Há vinte anos não tínhamos idéia do que poderia ser a Reforma Psiquiátrica", diz o psiquiatra Roberto Tykanori. "O evento de Bauru foi por demais inusitado. Seu lema foi uma chamada para uma sociedade sem manicômios, o que, convenhamos, há 20 anos, quase ninguém conseguia entender! Reunimos pouco mais de 200 pessoas e saímos às ruas com palavras de ordem. E nos diziam: ‘quê sociedade é esta que vocês querem???'. Lá em Bauru começamos a defender essa idéia, que se difundiu e hoje se tornou uma das políticas mais discutidas no Congresso Nacional", afirma.

 

De acordo com Celso Zonta, doutor em Psicologia Social e prof. da UNESP/Bauru, "este é um momento de dupla dimensão. Em 2007, vamos fortalecer as organizações que trabalham com saúde mental e vamos avançar na luta".

 

Portanto, em dezembro, todos a Bauru!

 

Veja mais: http://www.pol.org.br/lutaantimanicomial/index.cfm?pagina=inicio