18° Grito Excluídos agita o dia 7 de...
Manifestação popular denunciou o modelo político e econômico que concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social
Publicado: 10 Setembro, 2012 - 10h29
Escrito por: Chico Carlos/CUT-PE
Sob um sol forte o 18° Grito dos Excluídos reuniu mais de duas mil pessoas pelas principais avenidas do centro do Recife esta sexta-feira (7), feriado do Dia da Independência. Com o tema “ Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população” o movimento contou com a participação expressiva de representantes da CUT-PE e de sindicatos filiados, trabalhadores do Movimento dos Sem-Terra (MST), membros de organizações religiosas, feministas, homossexuais, aposentados, estudantes, entre outros grupos.
A concentração ocorreu na Praça Osvaldo Cruz, na Boa Vista, onde os representantes de movimentos sociais s tiveram a chance de expor as suas lutas, através de faixas, cartazes, panfletos e em dois trios elétricos encarregados de transmitir as palavras de ordem e as frases irônicas e de efeito dos manifestantes. A cidade viveu um dia de cores, sensações e sabores que alimentaram os nossos sonhos de um País melhor para todos(as).
O presidente da CUT-PE, Carlos Veras, disse que a manifestação popular denunciou o modelo político e econômico que concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social, além de propor caminhos alternativos ao modelo econômico e ao capitalismo, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os homens e mulheres. “ Nosso grito é por justiça, dignidade, igualdade, direitos e, sobretudo, por oportunidades”, ressaltou.
Ocoordenador geral do Sindsep-PE e tesoureiro da CUT-PE, Sérgio Goiana destacou que a manifestação é aberta, plural e democrática de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos. “Na verdade, tivemos vários companheiros e companheiras envolvidas nessa caminhada que celebrou a maior idade (18 anos) e expressa a pátria que queremos, com mais soberania, liberdade, distribuição de renda e justiça social”, enfatizou.
Às 10h15, a caminhada seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Praça do Carmo, no Bairro de São José. No trio elétrico, uma presença marcante: o padre italiano Vito Miracapillo, que reconquistou o direito de morar no Brasil após ser expulso durante a Ditadura Militar. O religioso se negou a celebrar uma missa em homenagem à Independência do Brasil, em 1980. Trinta e dois anos depois, voltou a participar do dia 7 de setembro, em Pernambuco. Agora, a sensação era bem diferente. "Era uma missa de enfeite, por isso recusei e fui perseguido pelos militares", explicou. "Nenhuma existência é inútil. Todos nós podemos contribuir para o bem comum e um futuro melhor para o País", disse em seu discurso.
O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, centralizou suas palavras sobre as necessidades atuais do povo por mais saúde, educação, moradia, saneamento básico, transporte público e de um sistema carcerário mais justo, se referindo à morte de um jovem na rebelião que ocorreu na Funase de Abreu e Lima, Grande Recife, no dia 1° de setembro. As eleições municipais também foram alvo de sua intervenção. " O Grito representa uma unificação das minorias do Estado para enfrentar os desafios sociais. Que os políticos pensem menos neles e mais no povo. É preciso votar com responsabilidade e consciência", acentuou.
O “Grito dos Excluídos” atraiu também a estudante Cristiane de Souza Lima, 18, da Turma do Flau, projeto social criado há 30 anos que vem construindo um futuro melhor para crianças e adolescentes em Brasília Teimosa, no Recife. “Vim apoiar o movimento contra a violência e a exploração de crianças e adolescentes.. Estamos perto das eleições e essa é a hora do jovem ter consciência. O voto é decisivo para fortalecer a democracia ”, completou.
A caminhada foi finalizada na Praça do Carmo, no Centro da Cidade. O sol rebrilhou na cidade e o vento soprou folhinhas de esperanças entre as ruas e os edifícios. Nas ondas do rádio tocou a música Sol de Primavera, de Beto Guedes para deixar corações e mentes embalados de alegria: “ Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos. Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez.Já sonhamos juntos semeando as canções no vento. Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar .Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer. Sol de primavera abre as janelas do meu peitoa lição sabemos de cor só nos resta aprender...”