11 de fevereiro, Dia do Zelador: A história...
Publicado: 11 Fevereiro, 2014 - 11h44
Escrito por: SEEF
Luiz Manoel da Silva, ou simplesmente senhor Luiz, é quem recebe os trabalhadores do Condomínio Edifício Aplub no Centro de Florianópolis, há mais de 44 anos. Sempre de bom humor e muito organizado, o zelador de 76 anos não pensa em parar de trabalhar.
Nascido em Santo Amaro da Imperatriz, ainda pequeno ajudava o pai na plantação de mandioca, na localidade de Pagará Pequeno. Com 12 anos ele e a família vieram morar em Florianópolis e, desde então, seu Luiz não trocou mais a ilha catarinense. “Já morei em Barreiros, na Coloninha e agora estou na Tapera, sou nascido em Santo Amaro, mas manézinho de coração” se exibe o senhor Luiz.
Seu Luiz já faz parte da história do condomínio e, principalmente, do Centro de Florianópolis, local que viu crescer. Antes era tomado por praças e pequenos bares e restaurantes, hoje está cheio de arranha-céus. Com uma memória de dar inveja aos mais jovens, senhor Luiz relembra o tempo em que almoçava e dividia a mesa com o poeta Zininho, o grande compositor que escreveu o hino oficial de Florianópolis “Rancho de Amor à Ilha”.
Trabalhador há mais de 57 anos, ser Zelador do Edifício Aplub foi o seu terceiro emprego. “Eu gosto de trabalhar aqui, as pessoas me tratam muito bem e tem reconhecimento no meu trabalho. Às vezes alguns dos donos de escritório viajam e deixam cheques em branco e dinheiro para eu pagar as contas, fico feliz com esta confiança”, salienta Seu Luiz, que tem agora a grande responsabilidade de receber uma encomenda especial de um dos escritórios - o busto de Jerônimo Coelho.
O jovem senhor, torcedor do Figueirense, esbanja disposição, trabalha de segunda à sábado, e vai ao trabalho todos os dias de ônibus, fazendo um trajeto de mais de 20 quilômetros. Além de sua jornada de trabalho, Seu Luiz gosta de fazer um churrasquinho e jogar dominó com os amigos, mas a sua grande paixão é cair no samba, ele desfila há mais de 28 anos pela escola Unidos da Coloninha.
Viúvo, pai de duas filhas (uma adotiva), avô de duas netas, Seu Luiz comenta orgulhoso que em junho será bisavô. “A gente ama muito os filhos, até vir os netos que são mais do que filhos, agora eu imagino o sentimento pelo bisneto”, comenta Seu Luiz que foi casado durante 40 anos e sua esposa faleceu num passeio que fazia pelo Rio de Janeiro.
Além de toda essa história de vida, Seu Luiz é uma figura conhecida pelos trabalhadores de Condomínios da Grande Florianópolis, não somente pelo tempo de serviço, mas pela luta e história dentro do Sindicato dos Trabalhadores. Senhor Luiz é um dos sócio-fundadores do SEEF, fez parte da Associação dos Trabalhadores em Edifícios, que mais tarde passou a ser o Sindicato dos Trabalhadores. “Antigamente a nossa categoria estava ligada ao Sindicato do Comércio de Florianópolis, eu já fazia parte da direção do Sindicato do comércio, mas junto com o Ademar e outros companheiros fomos fortalecendo a nossa categoria e criamos a Associação e depois em 1984 fundamos o Sindicato”, relembra Luiz.
Dono de uma grande consciência de classe, Seu Luiz comenta algumas transformações no mundo do trabalho, especialmente ligados à categoria dos trabalhadores em edifícios. “Antigamente éramos todos funcionários do condomínio: faxineira, segurança, zelador, todo mundo era igual. Depois passaram a terceirizar as funções. Isso foi muito ruim, não pelo trabalho que eles fazem, mas porque percebemos que os trabalhadores terceirizados ganham muito mal. O prédio paga um dinheirão para essas empresas terceirizadas e eles pagam 700 reais para uma faxineira. Eu acho isso injusto”, salientou senhor Luiz.
Além dessa diferença salarial, outro ponto negativo é a divisão da categoria: os terceirizados são base do Sindicato dos Empregados em Empresas Prestadoras em Serviços de Asseio e Conservação e os trabalhadores com ligação direta ao condomínio são do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios. “Essa divisão é ruim, estamos nas mesmas condições de trabalho e temos ganhos diferentes”, ressalta.
Mas como grande ativista, Seu Luiz destaca que é importante o trabalhador se filiar ao Sindicato. “Todo trabalhador do condomínio eu indico se filiar ao seu Sindicato, explico pra ele como é importante fortalecer a entidade que nos representa, para que juntos possamos ganhar mais direitos”, destaca o Zelador.
Orgulhoso ele mostra uma placa que ganhou do pessoal do Edifício em homenagem aos serviços prestados e na outra mão exibe contente a carteirinha de sócio do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios. “Eu tenho muito orgulho de ser sindicalizado, esse nosso Sindicato não é pelego, é Sindicato de luta que sempre nos visita e procura lutar pelos nossos direitos”, destaca o Zelador, senhor Luiz, um exemplo de pessoa, de profissional e de companheiro de luta!