A importância do trabalho na vida humana é visível e incontestável: instrumento de realização pessoal e profissional, elemento de dignidade da pessoa, função necessária para o desenvolvimento da sociedade e crescimento do País.

Reconhecendo esse valor, a Constituição Brasileira de 1988 passou a ter o trabalho como princípio fundamental e direito social conferido aos cidadãos brasileiros. Com a nova Carta Régia, há 22 anos, comemoramos a ampliação de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, assim como há 70 anos comemoramos a criação do salário mínimo e vamos somando novas conquistas a cada dia.

Contudo, ainda há muito para se avançar. Os brasileiros e brasileiras são grandes vítimas das más condições de trabalho. Prova disso, são os bilhões de recursos públicos gastos anualmente com assistência médica, benefícios por incapacidade temporária ou permanente, pensões por morte em acidentes durante sua jornada de trabalho.

Os danos à saúde e vida do trabalhador ficam ainda maiores com a falta de limite para a execução de horas extras, agravando a já extensa jornada de trabalho. Pesquisa do Dieese mostra que, em média, 40% dos trabalhadores brasileiros cumprem jornadas com mais de 44 horas. Em alguns setores, como no comércio, esse percentual chega a 60%.

Tal processo de intensificação da jornada, aprofundado desde os anos de 1990, tem como conseqüência um grande número de pessoas contraindo doenças ocupacionais, como estresse, depressão, lesões por esforço repetitivo, doenças cardiovasculares. Além de danos para a convivência familiar e a capacitação profissional, tão necessária para a manutenção do emprego e ascensão nas empresas.

Por uma conjunção de fatores, que vão da saúde à economia, as centrais sindicais e os trabalhadores defendem a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários. Esse é um dos mecanismos para se fortalecer o trabalho como elemento da dignidade de homens e mulheres, cidadãos do Brasil.