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Artigo

O que está por trás da declaração de Steinbruch

Publicado: 19 Setembro, 2014 - 00h00 | Última modificação: 19 Setembro, 2014 - 00h35


De forma veemente, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC protesta contra a declaração do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Benjamin Steinbruch, que no começo desta semana disse a jornalistas em São Paulo “acho que o desemprego vem aí”.

Questiono o motivo de um empresário ligadíssimo a Paulo Skaf, que é candidato ao governo paulista, aparecer em um momento delicado como o que atravessamos, em meio a uma campanha salarial e a uma campanha eleitoral,  e tenta chantagear o governo federal e pressionar a sociedade brasileira trazendo de volta o fantasma do desemprego.

Ao agir desta forma, Steinbruch assume uma postura patronal que nós repudiamos, pois procura colocar os trabalhadores contra a parede, ameaçando-os com o fechamento de postos de trabalho.

A ameaça do desemprego lembra a atitude destemperada e alarmista de Mário Amato em 1989, quando também ocupava a presidência da Fiesp. Ele afirmou que 800 mil empresários deixariam o Brasil caso Lula vencesse as eleições, o que causaria um desemprego enorme. Passado o pleito, Amato reconheceu que a sua frase foi fundamental para a derrota do ex-metalúrgico.

Com sua declaração, Steinbruch age mais do que um simples aliado de Skaf. Não é este o papel do presidente da Fiesp. Repudiamos esse ranço que parte dos patrões brasileiros ainda carrega, pois não aceita trabalhadores assumindo papéis de liderança. Não podemos admitir mais esse tipo de comportamento.

Hoje somos testemunhas do erro de Amato, pois no governo Lula foram criados mais de 15 milhões de empregos, jogando por terra a profecia do empresário.

Quando Steinbruch copia o comportamento lamentável de Amato, desdenha dos programas econômicos que os governos Lula e Dilma criaram para fortalecer a indústria, setor que deveria representar, já que é o atual presidente da Fiesp.

Também questiono o levantamento chamado de otimismo empresarial, que é ultrajante. Como é medido, com base em quais indicadores as pessoas ouvidas formulam suas opiniões, para que e a quem serve afinal?

Da maneira como é divulgada, a "pesquisa do otimismo empresarial”, infelizmente, tornou-se um mecanismo político. Direcionada de maneira parcial, a pesquisa acaba influindo negativamente nas decisões sobre investimentos no Brasil.

É o momento de o empresariado deixar o choro e a chantagem de lado e cumprir seu papel na sociedade brasileira. Oportunidades diversas foram perdidas porque não acreditaram no sucesso da organização da Copa do Mundo no Brasil, por exemplo. 

O país, ao contrário do que pregam os pessimistas de plantão, continua sendo um lugar de oportunidades e ávido por investimentos. Aqueles que apostarem contra perderão o seu espaço para aqueles que souberem aproveitar o momento.