O ataque do Pit bull da Veja aos nordestinos
Publicado: 13 Março, 2007 - 00h00
Em artigo para o Portal do Mundo do Trabalho, o secretário de PolÃÂticas Sociais da Central ÃÅ¡nica dos Trabalhadores, Carlos Rogério Nunes Carvalho, denuncia as razões dos ataques do colunista Diogo Mainardi aos nordestinos
O ataque do Pit bull da Veja aos nordestinosO colunista Diogo Mainardi, da revista Veja, foi acusado de preconceito contra os nordestinos. O Ministério Público Federal em Sergipe apresentou uma Ação Civil Pública contra o colunista Diogo Mainardi, da revista Veja, com base em seus escritos e em afirmações feitas no programa ''Manhattan Connection'', do canal de TV por assinatura GNT, contra nordestinos e nortistas, de acordo com o procurador Paulo Gustavo Guedes Fontes. Por isso, o procurador pede que Mainardi seja condenado a pagar R$ 200 mil de indenização por danos morais — valor que deve ser revertido para o Fundo de Direitos Difusos. O preconceito de Mainardi teria sido escancarado na edição de 19 de janeiro de 2005 da Veja. Ao se referir ao então presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, escreveu: ''Dutra não tem passado empresarial. Fez carreira como sindicalista da CUT e senador do PT pelo estado de Sergipe. Não sei o que é pior''.
No programa Manhattan Connection, veiculado pelo GNT em 9 de março de 2005, onde se comentava sobre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ele fez a seguinte observação: ''Lula não é pragmático. Ele é oportunista. O episódio do Pará agora é muito claro. Quer dizer, uma semana ele concede a exploração de madeira, na semana seguinte, ele cria a reserva florestal grande como Amazonas, Sergipe, sei lá eu... por essas bandas de onde eles vêm. Isso é oportunismo''. O procurador procurou e encontrou na edição de 18 de maio de 2005 da Veja outra suposta manifestação de preconceito de Mainardi. O colunista escreveu: ''Minha maior ambição, hoje em dia, é jamais, em hipótese alguma, colocar os pés em Cuiabá''. Para o procurador, o texto é evidentemente ofensivo aos cidadãos cuiabanos e a Mato Grosso.
Mainardi é um sujeito que, apesar de não ter crédito na praça, ganhou um tremendo espaço na mÃÂdia. Ele é o pistoleiro da Veja. Geralmente, os donos dos meios de comunicação contratam pistoleiros para matar a honra das pessoas. E pagam bem para isso. Aquilo que o manual de redação proÃÂbe, é feito pelo pistoleiro ou por um "Painel" de notinhas. Mainardi não tem credibilidade nenhuma, mas é uma figura perigosa pela amplificação das barbaridades que escreve e fala. Há vários exemplos disso. Um deles é que Mainardi foi o principal responsável pela publicação, na Veja, de uma história sobre um suposto dossiê de Daniel Dantas — notório banqueiro idealizador do caixa dois criado pelos tucanos — apontando contas no exterior do presidente Lula, do ministro Marcio Thomaz Bastos, de Luiz Gushiken e até do senador pefelista Romeu Tuma. Mainardi chegou até a entrevistar Daniel Dantas, que acusava a todos. Mas o próprio Dantas depois desmentiu a entrevista. E aquele tal dossiê (que não se sabe se existia, se foi comprado ou inventado) caiu no esquecimento.
O pistoleiro da Veja também escreveu um livro, chamado PolÃÂgono das secas, uma reportagem telegráfica baseada em fontes "bibliográficas" (como se orgulha o autor). Ãâ° um livro de autista para autista, sem a mÃÂnima densidade humana. Há uma inquietante equivalência ética e moral entre os senhores e os servos de tal absurdo que o autor é incapaz de diferenciar os usineiros de Alagoas dos favelados que se alimentam de carne humana nos lixos hospitalares de Pernambuco. Ãâ° um reles deboche. Se o autor tivesse estendido o "focinho" em direção àcomplexidade de um Gilberto Freyre ou de um Josué de Castro, talvez aprendesse a escrever.
Outra informação que dá a medida do seu caráter saiu recentemente no jornal Folha de S. Paulo, que publicou um artigo dizendo que Mainardi faz parte de uma turma que acha bacana o sujeito, numa festa ou numa mesa de bar, rodopiar a taça de vinho e desfilar frases do tipo "essa canalha bolchevique do PT não sabe nem falar português", seguidas de elogios àatuação de George W. Bush no Iraque ou de incursões "teóricas" das quais a principal lição a ser retirada é que "só é pobre quem quer". Seria a "a nova direita". Coerente com sua ojeriza aos brasileiros, ele também escreveu, em 1998, um livro com o sugestivo tÃÂtulo Contra o Brasil. Na imaginação do autor, o protagonista conduz o leitor por uma narrativa que não faz outra coisa senão degradar o pais.
Pior: os impropérios reproduzem a "opinião" de celebridades que andaram por terras brasileiras: Darwin, Camus, Eça de Queiroz e outros. Um de seus crÃÂticos — e são muitos — escreve que ele é o novo Paulo Francis, aquele jornalista que adorava falar mal do Brasil e dos brasileiros. Para o economista Paulo Batista Nogueira Jr., Mainardi é uma espécie de sub-sub-Paulo Francis. Uma de suas obsessões é a luta para derrubar da Presidência da República o ilustre brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua cruzada, Mainardi chegou a recorrer a um método incontestavelmente desonesto de se fazer jornalismo. Ele diz que ligou para o deputado federal José Janene (PP-PR), um dos envolvidos na crise polÃÂtica, e prometeu que usaria as informações sem revelar a fonte. Depois de pensar "por um segundo e meio", mandou a promessa às favas: publicou tudo na boca de Janene. Se ele ligou mesmo, é uma questão que fica no ar.
O pistoleiro da Veja também perseguiu o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e vários jornalistas. O Assessor da Presidência da República Marco Aurélio Garcia definiu bem o seu caráter. Mainardi solicitou por e-mail uma entrevista exclusiva. "Eu gostaria de entrevistá-lo por cerca de quatro minutos para um podcast da Veja. O assunto é a imprensa. Eu me comprometo a não cortar a entrevista. Ela será apresentada integralmente", apelou. A resposta de Garcia foi direta: "Sr. Diogo Mainardi, há alguns anos — da data não me lembro — o senhor dedicou-me uma coluna com fortes crÃÂticas. Minha resposta não foi publicada pela Veja, mas sim, a sua resposta àminha resposta, que, aliás, foi republicada em um de seus livros. Desde então decidi não falar com a sua revista. Seu sintomático compromisso em não cortar minhas declarações não é confiável. Meu infinito apreço pela liberdade de imprensa não vai ao ponto de conceder-lhe uma entrevista."