Descaso com a saúde pública em Minas é crime contra a população
Publicado: 06 Julho, 2012 - 00h00 | Última modificação: 21 Maio, 2015 - 12h12
O descaso com a saúde publica é um crime cometido contra a população e o governo de Minas age de modo criminoso ao não investir o mínimo determinado pela Constituição Federal, estipulado em 12%
Em 2011, os profissionais da rede pública estadual de saúde realizaram 22 dias de paralisação. O que motivou o movimento foi a ausência de um processo efetivo de negociação, que trouxesse resultados concretos à categoria. A greve foi suspensa diante do compromisso de realização de um processo de negociação, o que não aconteceu.
O descaso para com a saúde publica é um crime cometido contra a população e, em Minas Gerais, o governo age de modo criminoso ao não investir o mínimo determinado ao setor pela Constituição Federal, estipulado em 12%. Por esta prática, o ex-governador responde como réu por improbidade administrativa, em ação ajuizada pela Promotoria Estadual da Saúde.
Comparando a receita corrente líquida e as despesas na função saúde de todos os estados e o Distrito Federal, Minas Gerais está na vergonhosa posição de ter um dos menores investimentos em saúde. Estados como Acre, Piauí, Alagoas, Roraima, Ceará e Pará investem percentuais maiores da receita corrente líquida em saúde. Em 2010, de acordo com dados apurados pelo Sindicato de Auditores Fiscais de Minas Gerais (Sindfisco-MG), o Estado ocupava o 25° lugar no ranking de investimentos em saúde.
Falta eficiência à gestão do Estado ao não estabelecer um processo sério de negociação. Isso impede que a categoria tenha respostas concretas às suas demandas. Por fim, falta ao governo do Estado respeitar a população mineira, que depende da prestação de serviços públicos e que merece um serviço público de qualidade.
Em 17 de maio, o governo já sabia da deflagração da greve por tempo indeterminado e se manteve inerte. Assistiu, também, inerte às paralisações ocorridas nas últimas semanas. Postura que mostra o verdadeiro descaso do governo estadual em relação à sociedade mineira.
Mas, diante da deflagração da greve, o governo argumentará que não negocia com a categoria. O problema é que, sem a greve, ele também não negocia. Possivelmente, judicializará o movimento por sua incapacidade de resolver o conflito pela via do diálogo e da negociação.
Enquanto isso, sofrem os profissionais da saúde e a população, que são obrigados a assistir caras campanhas publicitárias de um Estado diferente da realidade em que se vive. A dura verdade na saúde é de poucos profissionais, salários baixos e, consequentemente, demora no atendimento.
Se todos - trabalhadores e empresários, políticos e eleitores, governador e governados - dependessem da saúde pública, não teríamos greve na saúde porque todos se empenhariam em possibilitar boas condições de trabalho, salário, carreira e respeito.