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Artigo

BBB, Rafinha e FHC

Publicado: 28 Março, 2008 - 00h00

Talvez motivado pela recente onda do Big Brother Brasil e os programas do Domingão do Faustão da Rede Globo, onde os "ex-brothers" comparecem para testemunhar ao povão a fascinante experiência do enclausuramento na Casa dos sonhos, o "ex" Fernando Henrique Cardoso veio a público, na manhã seguinte à grande noite de decisão, para falar um pouco sobre a sua experiência de "príncipe" por ocasião de sua passagem pelo Palácio da Alvorada.

FHC foi entrevistado pelo âncora da Rádio CBN Heródoto Barbeiro, para falar sobre uma das principais atrações da vida palaciana, o cartão corporativo, tema que atualmente disputa a audiência das principais atrações da Rede Globo com a oitava versão do BBB.

Os maldosos poderão dizer que a escolha do exato momento da entrevista do "príncipe", tinha o objetivo de roubar a cena do momento de glória do jovem músico e feirante Rafinha, que sobreviveu às pressões e tentações da casa para tornar-se o novo milionário do Brasil. Afinal, não deve ser fácil para um suposto nobre ver um suposto súdito fazer tanto sucesso perante os olhos do povo brasileiro.

Rafinha recebeu a aprovação de sua passagem pela Casa por 50,15% dos 75 milhões de brasileiros que, segundo a Globo, se manifestaram por meio de telefone, mensagens de texto e internet. O representante de Campinas passou, antes, por dois "paredões", enfrentando outros adversários de menor calibre.

O "ex" FHC, pode-se dizer, enfrentou um "paredão" antes de deixar a Casa palaciana para seu sucessor Lula da Silva, que, como Rafinha, veio de origem humilde, do interior nordestino para a zona industrial do ABC paulista. Como os ex-BBB que deixam a Casa, FHC nunca perdeu uma oportunidade de vir a público, sob os holofotes, para fazer comentários e observações críticas sobre "os que ficaram".

Dessa vez foi no programa do Heródoto. Da próxima, quem sabe, não é chamado ao Domingão do Faustão para falar de assuntos tão interessantes como o cartão corporativo, o jardim da Dona Marisa, a churrasqueira da Granja do Torto ou o avião da presidência? Sobre esse assunto, aliás, já se manifestou em ocasião anterior, quando o atual morador da Casa palaciana resolveu trocar o velho aparelho "sucatão" por outro novinho em folha.

Sobre o uso do cartão corporativo no seu tempo de Palácio, o ex-morador deu uma "explicação didática" segundo o entrevistador, admitindo que possa ter havido erro no seu uso. Precavido, sugere que se puna o súdito que o tenha cometido. Nunca a nobreza, claro. "Enquanto eu reinei" – discorreu o Príncipe – "não teve nada de podre no Reino da Dinamarca". E assim, o povo brasileiro assistiu, uma vez mais, um "ex" se lamuriando do sucesso dos que venceram e ficaram.

Paulo Lage, Presidente do Sindicato dos Químicos do ABC.