Com a morte de Abdias do Nascimento, perde-se um grande ativista da causa negra e surge um autêntico herói brasileiro em pleno século XXI. Dono de uma capacidade incomum de criar e inovar, este grande gênio da raça, soube trazer para a causa dos negros e negras do Brasil um série imensa de realizações no campo da política, da arte, da sociologia e da cultura universalista. Poucos contribuíram tanto ao longo de uma vida como Abdias do Nascimento. Pioneiro do movimento negro ao integrar em 1930 a Frente Negra Brasileira, primeira tentativa organizada e legalizada de luta dos negros e negras brasileiros pela igualdade racial.

Preso em 1941 por razões políticas (porém em virtude de sua cor), fundou no próprio presídio um grupo de teatro que encenava para os demais presos textos de sua autoria (Teatro do Sentenciado). Em 1944, já em liberdade, cria no Rio de Janeiro o Teatro Experimental do Negro, com o objetivo de melhorar as condições dos negros e negras  brasileiros através da arte e da cultura. Inaugurou um curso de interpretação e outro de alfabetização, visando preparar atores e atrizes negros capazes de interpretar personagens que edificassem a raça negra brasileira.

Entre 1948 e 1951 dirigiu o jornal Quilombo, órgão de divulgação do grupo teatral e de notícias de outras entidades do movimento negro. Em 1968 foi obrigado a exilar-se em virtude da perseguição política. No exterior viveu como conferencista, artista plástico e publicou diversos livros sobre a cultura negra e também denunciando o racismo contra o negro existente no Brasil.

Retornando ao Brasil foi Senador (PDT) e Secretário no Governo Estadual do Rio de Janeiro. Jamais abandonou a luta pela igualdade racial, transformando-se num símbolo desta luta ainda em vida. Foi reconhecido nacional e internacionalmente como líder do povo negro brasileiro. Porém sua atuação universalista o coloca como herói nacional e exemplo para todos os povos.

A CUT, que tem no seu programa de atuação política na área sindical posição definida e objetiva em favor da igualdade racial, não apenas entre os trabalhadores mas em todas áreas da sociedade brasileira, através de sua Secretaria Nacional de Combate ao Racismo, irmana-se àqueles que atuando no movimento negro homenageiam este cidadão negro brasileiro, que pelo seu exemplo de vida combativa e digna, soube enriquecer a nossa cultura, a cultura do trabalhador brasileiro, enfim a cultura do Brasil.

Sensibilizada neste momento a CUT se solidariza com a família de Abdias do Nascimento e com todo o Movimento Negro pela perda deste grande líder da causa da igualdade racial.