O vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó (DEM), denunciou na semana passada irregularidades em sete contratos firmados sem licitação pelo Banco do Rio Grande do Sul (Banrisul) com a Fundação de Apoio da Universidade Federal do RS (Faurgs) no valor de R$ 91,7 milhões.
No início de maio, os promotores do Ministério Público consideraram ilegais a dispensa de licitação e a subcontratação de empresas. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) também apontou em janeiro irregularidades nos contratos assinados com Faurgs. "Se eu fosse governador, teria afastado o presidente do banco há um ano e meio", disse o vice-governador, acusando o presidente do Banrisul, Fernando Lemos. Ele disse que foi entregar documentos com as denúncias a Yeda Crusius (PSDB), mas ela se recusou a recebê-los alegando que só aceitaria se estivessem protocolados.
Essa é mais uma das irregularidades dentro do governo de Yeda que têm sido denunciadas nas últimas semanas. O Ministério Público Federal indiciou 39 pessoas, entre elas Lair Ferst, um dos coordenadores financeiros da campanha de Crusius – por um esquema que desviou R$ 44 milhões do Detran-RS. Além disso, os deputados da Assembléia gaúcha voltaram a investigar a compra de uma mansão por parte da governadora pelo valor de R$ 750 mil. A casa – avaliada em R$ 1,5 milhão - foi adquirida por Yeda de um senhor cujo nome é Eduardo Laranja e há suspeitas por parte dos parlamentares de que o dinheiro utilizado advenha de sobras de campanha. Há suspeita ainda que Ferst entrou com dinheiro para completar a compra da casa.
Ao depor na CPI da Assembléia, o deputado federal e ex-secretário de Yeda, Enio Bacci (PDT), que disse que a governadora sabia da existência de irregularidades no Detran.
Ferst depôs na CPI do Detran na segunda-feira (26) e negou ter participado da coordenação e da arrecadação de fundos para a campanha de Yeda em 2006. O vice Paulo Feijó garante que Ferst fez parte da equipe de arrecadadores, pelo menos no primeiro turno.
Ferst foi apontado pela Polícia Federal como um dos principais operadores do esquema no Detran. O deputado Elvino Bohn Gass (PT) considera que a assinatura do empresário como testemunha do contrato de aluguel do prédio usado pelo PSDB como comitê eleitoral é uma prova da participação dele na coordenação de campanha. A sua resposta foi de uma estupenda originalidade: declarou que as suas atividades se limitaram às de um "militante que ia às ruas trabalhar pela candidatura".