Escrito por: Rebelión
Presidente deposto Manuel Zelaya: devemos vencer o terror
Em entrevista ao jornalalemão Junge Welt, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, fala sobreo triste aniversário de um ano do golpe que o tirou do poder. Atualmente, aFrente Nacional de Resistência Popular leva a cabo uma coleta de mais de ummilhão e 200 mil assinaturas para conseguir o retorno de Manuel Zelaya aHonduras e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. "Elesagora têm mais problemas do que antes", garante Zelaya.
Manola Romalo - Rebelión / Junge Welt
No dia 28 de junho, a Frente Nacional deResistência Popular (FNRP) saiu às ruas para denunciar o golpe de Estado e acontínua repressão do regime de fato. Atualmente, a Frente leva a cabo umacoleta de mais de 1 milhão e 200 mil assinaturas para conseguir o retorno deManuel Zelaya a Honduras e a convocação de uma Assembléia NacionalConstituinte. Nesta data, o presidente deposto, Manuel Zelaya concedeu umaentrevista ao jornal alemão “Junge Welt”, que reproduzimos a seguir:
Senhor Presidente, hoje se completaum ano desde que um grupo de grandes empresários hondurenhos mandaram as forçasarmadas retirá-lo de sua casa sob ameaça de fuzis. O que isso significa para ofuturo de Honduras?
Eles agora têm mais problemas do que antes. Fizeram com que não só o povo deHonduras, mas também os povos da América tomassem consciência da ameaça querepresenta a ambição econômica para as democracias. Com este ataque conseguiramacelerar o processo de transformação, ao nascerem novas forças de oposição.
A influência das grandes transnacionais seestende à política externa dos Estados Unidos, a prova está em que aAdministração do Presidente Obama, assim como no passado, caiu no erro terrívelde apoiar o terrorismo de Estado, com o regresso dos golpes militares, práticasjá conhecidas da extrema direita, empenhada em semear a barbárie.
Embora os golpistas tenham tratado demaquiar como “democráticas” as eleições presidenciais de novembro de 2009-patrocinadas pelo Departamento de Estado dos EUA -, grande parte da comunidadeinternacional não reconheceu a legitimidade do atual governo. De quetransformações seu país necessita para conseguir o que o povo pede?
Foi apresentado um plano de reconciliação com 6 pontos, que respeita osdireitos humanos e defende o fim da impunidade. Esse é o caminho para revertero golpe de Estado e regressar o estado de direito.
Os EUA e seus aliados crioulos, em sua posição inflexível e extremista dedeixar o golpe de Estado em Honduras impune não apóiam esse plano nem ajudam emnada à reconciliação do povo hondurenho.
Contrário ao que esperávamos, com suas declarações o Departamento de Estadoignora o crime que antes condenava fala de “crise política” e manifestapublicamente que ignora o que está à vista: a impunidade e os privilégios deque os golpistas gozam em Honduras.
Em sua página na internet achancelaria da Alemanha informa que “depois do golpe de estado” o governofederal não dará início a novos projetos de ajuda a Honduras, cancelandoigualmente os de “consulta governamental”. Qual é a situação sócio-econômica dopaís?
Os números falam melhor do que as palavras. Em três anos conseguimos os índicesde crescimento de 6,5% e 6,7% ao ano, os melhores da história de Honduras, e aredução da pobreza em mais de 10% pela primeira vez em 30 anos.
Desde o golpe de Estado, ao contrário, o país entrou em recessão econômica,aumentando a pobreza e o número de pobres, também houve significativa reduçãodo investimento privado e estatal. O dano que o golpe causou ao processo dedesenvolvimento econômico levará 10 anos para ser recuperado.
Foram convocadas grandes mobilizaçõespara o dia 28 de junho com o objetivo de discutir os pontos da DeclaraçãoSoberana. A Resistência quer conseguir uma “refundação de Honduras”. Quais sãoos passos necessários?
Devemos vencer o golpe, a impunidade e o terror. A Assmbléia NacionalConstituinte, com participação de todos os setores da sociedade é o instrumentolegítimo para reconstruir a ordem constitucional e o Estado de direito.
Organização, consciência e mobilização para fortalecer a FNRP, que é a forçasocial e política em Resistência contra o golpe. Temos a responsabilidade dareconstrução e o povo de retomar as tarefas pela transformação do país.
Senhor Presidente, no contextopolítico de Honduras o povo reclama com fervor o seu retorno,. Que plano osenhor tem para o futuro?
O futuro está muito longe. Mas faço planos para o presente: conseguir vencer osespaços de impunidade, com os quais os golpistas pretendem encobrir os crimescontra a democracia e contra a humanidade.
Meu retorno deve ocorrer imediatamente, não existe pretexto nem justificativaque explica a ausência absoluta de garantias para meu retorno. Não é possívelque alguém pretenda ver as vítimas submetidas a justiça de nossos verdugos.
Meu retorno está ligado ao retorno do Estado de direito em Honduras, o própriopresidente Lobo disse se sentir ameaçado e ato seguido disse que me garantiriaa segurança.
Estão evidentemente usando Honduras como uma cobaia de índios, como umlaboratório da violência. As castas militares estão voltando a reprimir o povoe a trazer intranquilidade para manter o controle sobre a sociedade.
Não lhes importaram as consequências no processo de integração regional e oconfronto com os organismos multilaterais que saiu saíram seriamente afetados.As provas estão às vistas, refundaram um regime de terror e perseguição e osEUA perderam grande parte de seu prestígio na América Latina.