Escrito por: Nádia Machado, SindSaúde-SP
Em plena pandemia de Covid-19, governador de João Doria (PSDB) está entregando diversos serviços para organizações sociais
As trabalhadoras e os trabalhadores do Hospital Geral de Guaianases (HGG), na Zona Leste da capital, fizeram um protesto nesta terça-feira (12) contra a terceirização da unidade. Mais de mil trabalhadores estatutários correm o risco de sair de seus postos em meio à pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, para que a Organização Social (OS) Santa Marcelina assuma a gestão.
Em reunião com os trabalhadores no dia 6 de maio, a gestão do hospital informou que os trabalhadores não poderão ficar na unidade. A OS, disseram, virá com equipe completa e não haverá postos para eles permanecerem no local. Com isso, os trabalhadores seriam transferidos para o Hospital Geral de São Matheus, sem que houvesse outras opções.
Em cobrança à Secretaria Estadual de Saúde, no dia 7 de maio, a atual Coordenadora de Recursos Humanos, Cida Novaes, informou que os trabalhadores poderão optar por ficar na unidade, o que contradiz o discurso e orientação dada pela gestão da unidade. Por isso, neste protesto, os trabalhadores lançaram a campanha “Eu fico!”, pois com ou sem OS, eles querem continuar em seus postos, fazendo o que sabem de melhor: salvar vidas!
Além disso, esses trabalhadores já estão enfrentando uma pesada carga emocional. Em abril, perderam a primeira colega vítima de Covid-19. Patrícia Almeida, de apenas 44 anos, que trabalhava na parte administrativa da unidade e, este mês, o Edimilson, que trabalhava na manutenção. Estes trabalhadores foram homenageados durante o ato.
Os trabalhadores também temem que haja perda salarial com essa transferência, pois dependendo do local que eles forem realocados, podem ficar sem o adicional de insalubridade, que de muitos é o grau máximo de 40%, ou seja, R$ 702,12. Esse valor é muito para quem já ganha tão pouco e está há anos sem aumento real.
Terceirizações
O SindSaúde-SP alerta para a política de terceirizações na saúde que o governo do Estado de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB) está colocando em prática durante a pandemia do novo coronavírus. Há trabalhadores remanescentes do último concurso público realizado, que poderiam ser chamados, mas o governo está optando por entregar a gestão de alguns setores ou até mesmo serviços inteiros às organizações sociais.
O Guaianases não exceção. Em Mogi das Cruzes, a farmácia de alto custo, que atende as 11 cidades da região do Alto Tietê foi terceirizada, os 50 trabalhadores da administração direta saíram de seus postos há cerca de 15 dias para a entrada da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Outro caso é o pronto-socorro do Complexo Hospitalar do Mandaqui, na zona norte da capital, que estava fechado para reforma desde novembro do ano passado, a obra que tem previsão para ser entregue esse mês, já voltará sendo gerida pela Santa Casa de Birigui, segundo informações dos trabalhadores. Sem o pronto-socorro durante todos esses meses foram são pelo menos 20 leitos a menos na rede para atender a população.
Os trabalhadores protestaram contra a terceirização na última segunda-feira (12) (o link está ao final do texto). Na ocasião, também homenagearam os colegas que faleceram devido ao Covid-19. Dos 32 casos de mortes entre os trabalhadores do serviço público, apurados pelo SindSaúde-SP em parceria com o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), três são do Mandaqui: Carlos Rogério de Carvalho, técnico de enfermagem; Maria Santos, 59 anos, auxiliar de enfermagem;e Andreia Santos Celidonio, 38 anos, auxiliar de saúde.
Prevenção
Os protestos foram realizados respeitando as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos utilizaram máscaras e respeitaram o distanciamento entre as pessoas, para que não houvesse aglomerações.
SindSaúde-SP – O SindSaúde-SP é uma entidade com 30 anos de existência, que representa as trabalhadoras e os trabalhadores da saúde pública, vinculados ao Governo do Estado de São Paulo, sejam eles estatutários e/ou por contratados via Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como os trabalhadores das autarquias, fundações ou institutos.