Escrito por: Érica Aragão

Trabalhadores da educação do Amazonas entram em greve

Com forte adesão, a greve o no norte do país entra no segundo dia. Em nota, CNTE se solidariza à luta dos trabalhadores e pede que o governador receba a categoria para negociar

SINTEAM
Marcha das sombrinhas no Amazonas, nesta segunda (15)

Os trabalhadores e trabalhadoras da rede estadual de ensino do estado do Amazonas entraram em greve nessa segunda-feira (15) para pressionar o governador Wilson Miranda Lima (PSC) a abrir a mesa de negociação salarial deste ano.

A categoria, representada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam), está esperando há mais de quatro meses a resposta sobre um pedido de audiência com o governador para iniciar as negociações, como acontece há mais de 40 anos.

Em apoio à luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) emitiu uma moção, nesta terça-feira (16), defendendo que o governador receba a categoria para dar início, de fato, às negociações.

“Pela primeira vez na história do Sinteam, em mais de 40 anos de existência, o Amazonas tem um governo que se nega a sentar com os representantes legais da categoria”, diz trecho da moção da CNTE em apoio aos professores.

A categoria reivindica a reposição da inflação, de 3,93%, e 1,47% de aumento real. Além disso, baseado em estudos do Dieese, a categoria pede mais 9,6% referente à perda do poder de compra de 2015 a 2018, período em que os professores ficaram sem reajuste, totalizando uma perda de 15%.

O governo de Wilson Miranda, no entanto, informou por meio de nota que só vai repor a inflação. A justificativa é de que o governo não pode repor a perda salarial dos trabalhadores por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Para o presidente da CNTE, Heleno Araujo, a decisão do governador de não repor a perda salarial dos trabalhadores e das trabalhadoras da educação e não receber os representantes da categoria para negociar é autoritária e não condiz com a tradição do estado do Amazonas.

“É muito importante que o governo do Estado não quebre uma tradição que existe de negociação direta entre sindicato e governo. O governo está para resolver os conflitos existentes no estado e não para acirrar ou aumentar esses conflitos”, afirma Heleno.

Justiça

Segundo a imprensa local, nessa segunda-feira (15), o desembargador Elci Simões de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) emitiu decisão judicial a pedido do governador, proibindo a greve dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação sob o risco de pagamentos de multa diária no valor de R$ 20 mil.

Segundo o Sinteam, a diretoria não teve acesso à decisão judicial que determinou a suspensão e, por isso, a categoria segue mobilizada.

O governo alega, em nota, que a greve vai prejudicar os 420 mil alunos atendidos pela rede estadual. O Sinteam rebateu e afirmou que nenhum aluno será prejudicado, porque a reposição da aula está garantida.

Movimento Grevista

Na segunda-feira (15), pelo menos mil trabalhadores e trabalhadoras da educação no Amazonas, embaixo de chuva, participaram da caminhada de deflagração da greve na Secretaria de Estado da Educação (SEDUC), chamada de ‘marcha da sombrinha’. 

Segundo a Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM), 598 unidades de ensino em todo Estado aderiram à greve em mais de 21 municípios. Nesta terça-feira (16), segundo dia de greve, o movimento cresceu e o número de municípios que aderiram subiu para 32.

Os professores da rede pública estadual lotaram a galeria da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) também na manhã desta terça para receber o apoio de parlamentares estaduais.

Até o momento, não há data para uma rodada de negociação com o governo do Estado. Uma nova manifestação está prevista para esta quarta-feira (17).

 

Veja o vídeo da marcha das sombrinhas