Escrito por: Redação CUT

Tarcísio adere ao golpe, articula anistia a Bolsonaro e diz não confiar na justiça

Governador de São Paulo vai a Brasília articular no Congresso Nacional a votação à anistia a Jair Bolsonaro em meio ao julgamento que pode condenar o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado

Reprodução

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixou de lado a função pela qual foi eleito e viajou a Brasília, na terça-feira (2), para pressionar o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar a votação da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado. Motta tem sinalizado que pode votar o tema em duas semanas.

A anistia é uma pauta do Centrão e de políticos de extrema direita, grupo que Tarcísio nega pertencer, mas sua fidelidade a Jair Bolsonaro prova exatamente o contrário. Os partidos União Brasil e PP já anunciaram o rompimento com o governo Lula em que ocupam dois ministérios (Turismo e Esportes), para apoiar integralmente a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A articulação de Tarcísio em meio ao julgamento de Bolsonaro e mais seis réus pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é vista como tentativa de mais um golpe à democracia brasileira.

Outros exemplos de desapreço pelo Estado Democrático de Direito por parte de Tarcísio foram suas declarações de que caso seja eleito presidente da República nas próximas eleições seu primeiro ato será anistiar Bolsonaro, embora isso seja inconstitucional.

O governador dos paulistas também disse não confiar na justiça, que está realizando o julgamento de Bolsonaro. O comentarista da Globonews, Octavio Guedes considerou a fala de Tarcísio extremamente grave.

“O Tarcísio declarar que não pode confiar na Justiça é de uma gravidade enorme. Se trata do governador do estado mais importante do país e de alguém que quer ser presidente da República. Isso é frase das mais radicais que existem. Tarcísio está no poder porque foi eleito pelo povo e diplomado por uma Justiça. A Justiça Eleitoral. É essa que ele não acredita ou à do julgamento do Bolsonaro? Como é que será, institucionalmente, um presidente que não confia na Suprema Corte? Então, a fala do Tarcísio não é moderada nem democrática”, comentou.

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O comentário de Tarcísio gerou mal-estar junto aos ministros do STF. Um deles, classificou o comentário do governador de um "absurdo", principalmente sendo feito por um político que gosta de dizer que tem boa interlocução com o Supremo, publicou o colunista Valdo Cruz, no G1.

Ainda segundo o jornalista, os ministros avaliam que Tarcísio deveria pelo menos aguardar o final do julgamento. A avaliação de magistrados é que o governador decidiu conquistar de vez o apoio do ex-presidente e de seus aliados para uma candidatura à Presidência e está fechando portas no STF.

Reação nas redes

O líder do PT na Câmara, deputado federal Lindbergh Farias, no X disse que “ um golpe está sendo arquitetado dentro do parlamento. Os maiores partidos, de mãos dadas com Tarcísio de Freitas, já planejam pautar a anistia assim que terminar o julgamento de Bolsonaro”.

DENÚNCIA GRAVE!
Um golpe está sendo arquitetado dentro do parlamento. Os maiores partidos, de mãos dadas com Tarcísio de Freitas, já planejam pautar a anistia assim que terminar o julgamento de Bolsonaro.

Isso é uma traição à constituição, a democracia brasileira e um tapa na… pic.twitter.com/GhsR5aOApL

— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) September 2, 2025

A Ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais e deputada federal, Gleisi Hoffmann também protestou contra a possível anistia que Tarcísio prometeu a Bolsonaro

Ao anunciar que seu primeiro ato se fosse presidente seria indultar Bolsonaro, Tarcisio confirma que seu chefe é culpado e que eles não respeitam o estado de direito nem a Justiça.
É impossível não comparar com os primeiros atos do presidente Lula nesse terceiro mandato.
No…

— Gleisi Hoffmann (@gleisi) August 31, 2025

A ex-deputada federal, Manuela D’Avila em sua rede social disse que “trata-se de uma manobra escandalosa: querem interromper um julgamento em curso para salvar o chefe do golpismo. Isso tem nome! Golpe! O mundo inteiro acompanha este processo, porque o que está em jogo é a capacidade do Brasil de mostrar que não aceita a impunidade de quem atenta contra a democracia. O povo brasileiro já deixou claro: não quer impunidade”.

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