Escrito por: Rosely Rocha
Para aprovar a isenção do IR até R$ 5 mil, a oposição ao governo Lula quer trocar a taxação dos mais ricos pelo corte de investimentos em áreas prioritárias e programas sociais. Solução é povo na rua dia 7/9
Em mais uma demonstração de aversão à classe trabalhadora, deputados federais da direita, o chamado “Centrão”, quer colocar uma bomba econômica no colo do governo Lula para minar o projeto de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.
O projeto do governo prevê uma contrapartida dos mais ricos, a partir da cobrança de 10% sobre lucros e dividendos recebidos por acionistas pessoas físicas que recebem mais de R$ 50 mil por empresa. A alíquota de imposto aumentará progressivamente, podendo chegar a até 10% para rendas a partir de R$ 1.200.000,00.
Mas, no lugar da proposta do governo de taxar os ricos esses deputados querem bloquear a votação das medidas compensatórias que garantiriam o equilíbrio fiscal. Sem as contrapartidas, a renúncia tributária seria de R$ 100 bilhões até 2028 e se transformaria numa bomba-relógio contra as próprias finanças do governo.
Sem novas fontes para compensar a falta de arrecadação o governo terá de escolher entre ampliar a dívida pública ou cortar gastos em áreas prioritárias, de programas sociais e investimentos verdes. Desta forma, a direita quer diminuir a aprovação, que vem crescendo, do presidente Lula junto à população, apuraram O Globo e a Veja.
Por que é preciso taxar os ricos
Enquanto os 50% mais pobres se apropriam de 14,40% da riqueza geral, os 10% mais ricos se apropriam de 51,50% de toda a riqueza produzida no Brasil. Em compensação, os 10% mais ricos responderam por 41,6% do total de deduções em 2022. Os 5% mais ricos por 26,6% e o 1% mais rico por 8,25%.
Atualmente, a isenção de dividendos é uma das razões pelas quais os ricos pagam proporcionalmente menos impostos no Brasil.
Enquanto um trabalhador que hoje ganha 5 mil reais contribui financeiramente com o Estado brasileiro em 9,57% da sua renda, uma pessoa que tem uma renda muito grande não contribui sequer com 2,5%, de acordo com a diretora-técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Adriana Marcolino.
Exemplos de quanto o trabalhador vai economizar com o PL 1.087/2025
Carlos, motorista (R$ 3.500/mês): Em 2025, paga R$ 39,76 de IRPF/mês. Em 2026, pagará R$ 0,00, economizando R$ 4.170,82 no ano.
Rosa, professora (R$ 5.000/mês): Em 2025, paga R$ 312,89 de IRPF/mês. Em 2026, pagará R$ 0,00, economizando R$ 3.754,68 no ano.
João, metalúrgico (R$ 5.500/mês): Em 2025, paga R$ 436,80 de IRPF/mês. Em 2026, pagará R$ 190,48, economizando R$ 3.283,48 no ano.
Maria, enfermeira (R$ 6.500/mês): Em 2025, paga R$ 680,89 de IRPF/mês. Em 2026, pagará R$ 567,71, economizando R$ 1.508,66 no ano.
Protesto é nas ruas no 7 de setembro
Este é mais um motivo para que a população vá às ruas no 7 de setembro (domingo), Dia da Independência, para lutar pelos seus direitos, defende o secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional, Ariovaldo de Camargo.
“Mais uma vez o Centrão e as forças de extrema direita reagem à uma pauta social importante para que a gente possa estabelecer o mínimo de justiça tributária. Infelizmente esse grupo político, de forma corporativa, para aprovar a proposta do governo, quer sacrificar ainda mais a classe trabalhadora, quer cortar gastos sociais na área da saúde, na área da educação, na área da segurança pública, ou seja, sempre o corporativismo dessas forças de extrema direita e do empresariado brasileiro tentando se sobrepor à pauta dos trabalhadores”, critica o dirigente.
Isso fortalece ainda mais a necessidade de que a gente esteja nas ruas no dia 7 de setembro, por conta do grito dos excluídos e por conta do plebiscito nacional que os movimentos sociais, as centrais sindicais estão convocando, de que a população participe desses atos que vão estar acontecendo no Brasil inteiro e em São Paulo na Praça da República- Ariovaldo de CamargoO dirigente ressalta que a CUT faz um chamado, uma convocação à sua base social para que ela participe dessas atividades para pressionar o Congresso Nacional a aprovar a pauta dos trabalhadores. Veja abaixo onde haverá atos.
“A isenção até 5 mil reais do imposto de renda, a taxação dos super ricos a redução da jornada de trabalho sem a redução dos salários, o fim da escala 6x1, o que certamente alivia muito a condição de trabalho são as principais bandeiras do movimento sindical e do trabalho nesse período. O trabalho decente é uma pauta permanente na CUT”, conclui Ariovaldo de Camargo.
Leia mais 10 motivos para você ir às ruas no 7 de setembro defender a soberania nacional
Plebiscito Popular
Você pode apoiar a isenção do imposto de renda e as demais pautas da classe trabalhadora votando no Plebiscito Popular. Vote aqui.
Confira onde haverá atos no dia 7 de setembro (por ordem alfabética)
Aparecida/SP - concentração no porto e segue em caminhada até a basílica, a partir das 7h
Aracaju/SE - Praça da catedral metropolitana, em meio ao desfile das escolas.
Belém/ PA, Concentração às 9h na escadinha do cais do porto, seguindo em caminhada até a praça prefeitura da cidade.
Belo Horizonte/MG - Praça Raul Soares - 9h
Brasília/DF – Praça Zumbi dos Palmares – 10h
Campo Grande/MS – Cruzamento da Rua 13 de maio com Dom Aquino- 8h
Fortaleza/CE – Praia do Futuro - 8h
Goiânia/GO Praça do Trabalhador- 8h30, seguido de caminhada a partir das 9h pela Feira Hippie.
Macapá/AP – Avenida Cabral, pela manhã.
Natal/RN – Praça da Flores, Petrópolis – 9h
Porto Alegre/RS - Ponte de Pedra, Largo do Açorianos – 14h
Recife/PE - Parque 13 de maio até Praça do Carmo – 9h
Rio de Janeiro/RJ - Rua Uruguaiana com Presidente Vargas, Centro – 9h
Salvador/BA – Campo Grande – 9h
São Paulo/SP – Praça da República, 9h
Vitória/ES - concentração na Praça Portal do Príncipe às 8h30 e encerramento na Praça João Clímaco, em frente ao Palácio Anchieta.
Os locais dos atos poderão ainda ser atualizados.