Escrito por: Silvia Medeiros e Valmor Umbelino
Caminhada reúne lideranças do estado e deixa o recado nas ruas da capital catarinense: Para que jamais se esqueça e nunca mais aconteça
Em Florianópolis cerca de duas mil pessoas ligadas ao movimento sindical, social e estudantil, de partidos de esquerda e de muitos outros cidadãos conscientes de que o período da ditadura é sinônimo de repressão, de morte e, portanto, de tristeza e de vergonha nacional, foram às ruas no dia primeiro de abril em memória aos 50 anos do Golpe Civil-Militar brasileiro.
A caminhada organizada pelo Coletivo Catarinense de Memória, Verdade e Justiça conseguiu reunir diversas lideranças dos movimentos de esquerda da grande Florianópolis. O ato levou às ruas faixas e cartazes mostrando fotos dos desaparecidos durante o período de Ditadura Militar e percorreu pontos simbólicos que marcaram as prisões e perseguições durante os 21 anos de Ditadura.
A ditadura civil militar brasileira atingiu violentamente os movimentos organizados, em especial o movimento sindical e partidos políticos. Mais de 70 mil pessoas foram presas e perseguidas e 437 foram mortas e desaparecidas, de acordo com levantamento realizado por familiares das vítimas nas últimas quatro décadas. Esse número pode chegar a milhares se considerado o extermínio de indígenas a mando dos governos militares.
Em Santa Catarina, existem poucos dados sobre os números da repressão no estado, mas pesquisa feita pela Cooperativa Desacato, com informações da coordenadora do Coletivo de Memória, Verdade e Justiça, Derlei Catarina de Luca, foram mais de dez mortos e desaparecidos, 578 presos, destes 130 eram sindicalistas, 27 eram mulheres e 57 advogados. Além das prisões aconteceram intervenções em 25 Sindicatos. Ou seja, os líderes dos movimentos sindicais foram perseguidos durante o período de Ditadura Militar.
A CUT esteve presente com diversos dirigentes e levou para a manifestação a faixa “Relembrar os 50 anos do golpe civil-militar é reivindicar que a verdade e a justiça prevaleçam”. De acordo com Anna Julia Rodrigues, Secretaria Geral da CUT-SC “a criminalização dos movimentos sindical e social, o monopólio da comunicação e a não truculência de setores das forças policiais como as que ocorreram na UFSC no mês de março são exemplos do quanto ainda há muito ainda a ser feito para fortalecer a democracia no país”, salientou Anna.
A CUT-SC vai realizar ao final de maio a sua 14º Plenária e escolheu como tema os 50 anos da ditadura civil-militar. “É preciso que não esqueçamos o que muitos companheiros passaram, para que hoje estejamos num regime democrático. Em homenagem à eles que a nossa luta não pode parar”, destacou Anna.