Escrito por: Redação CUT | texto: André Accarini
Central realizou e participou de atividades ao longo do ano para se preparar para a COP 30, alinhando estratégias com foco no protagonismo de trabalhadores para a transição justa
Ao longo dos últimos meses, a CUT vem se preparando intensamente para a COP 30, que será realizada em Belém, em novembro de 2025. Na atividades da Conferência, a Central defenderá trabalho decente, transição justa, participação sindical ativa, proteção social, liberdade sindical e políticas climáticas que priorizem a vida, os direitos humanos e a justiça social.
Além disso, reivindicará financiamento climático justo e transparente, integração da Transição Justa nos planos nacionais de clima e protagonismo das comunidades locais e povos indígenas, assegurando que as decisões globais sobre clima não reproduzam desigualdades históricas ou precarizem trabalhadores.
Ao longo de 2025, a CUT participou de encontros nacionais e internacionais para fortalecer sua atuação e consolidar sua pauta de Transição Justa. Cada evento contribuiu para alinhar bandeiras, construir alianças e trocar experiências com movimentos sociais, sindicatos e organismos internacionais.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, integrou a mesa da Coalizão Global pela Justiça Social, defendendo o rompimento com o modelo extrativista e destacando que energia é direito humano, não mercadoria. Lisboa reforçou que a Transição Justa deve ser consolidada como compromisso global, rompendo com modelos econômicos centrados na extração de recursos naturais, desmatamento e exportação de commodities, que pouco contribuem para a geração de empregos de qualidade e o bem-estar das populações locais.
No Seminário Nacional sobre Transição Energética Justa, Lisboa participou da mesa “Caminhos para a Transição Energética Justa: A Ação Coletiva e o tempo presente”. Ressaltou os 40 anos de compromisso da CUT com justiça ambiental e trabalho decente, destacando o legado de Chico Mendes e a estratégia da CUT para a COP 30.
Lisboa reforçou o protagonismo da CUT nas COPs e a importância da mobilização sindical rumo à COP 30, articulando movimentos sociais e trabalhistas latino-americanos para políticas ambientais inclusivas, reparatórias e centradas nas pessoas.
No painel “Quem deve a quem? Diálogos para uma Transição Justa”, Lisboa destacou a necessidade de repensar o financiamento climático público, questionando as atuais estruturas de dívida internacional e os mecanismos de mercado de carbono. Ele afirmou: “O movimento sindical deve ser protagonista de uma transição que não sobrecarregue trabalhadores e trabalhadoras. Precisamos de políticas inclusivas, reparatórias e que enfrentem desigualdades históricas.”
O assessor de relações internacionais da CUT, Fernando Vivaldo, participou da Semana del Clima de Rosario, destacando que a defesa da Transição Justa faz parte da trajetória histórica do sindicalismo e que os trabalhadores precisam ser centrais nas transformações socioambientais. O evento reuniu sindicatos e organizações sociais e ambientais da América Latina, abordando adaptação, financiamento e transição justa, promovendo troca de experiências entre diferentes países do Sul Global.
A Reunião Convergência Global sobre Transição Justa, coorganizada pela CUT Brasil, FASE e War on Want, reuniu cerca de 40 representantes de movimentos sociais, coletivos feministas, ambientais e de soberania alimentar. A representação da CUT incluiu Vera Paoloni, Rosalina Amorim, Maicon Michel Vasconcelos da Silva e Fernando Vivaldo.
O encontro teve quatro objetivos:
A capital paraense sediou a Oficina Técnica – “Diagnóstico sobre Bons Empregos Verdes e Taxonomia Verde”, reunindo lideranças sindicais, pesquisadoras e movimentos sociais para discutir trabalho decente, transição justa e clima antes da Cúpula dos Povos e da COP 30.
O encontro foi conduzido pela secretária nacional de Meio Ambiente da CUT, Rosalina Amorim e Vera Paoloni, presidenta da CUT Pará. Na abertura, Paulo Gaya - Superintendência Regional do Trabalho, falou sobre a importância do estudo e de estarmos atentos à apropriação de termos e pautas pelo capitalismo, para que não percamos de vista quais as nossas demandas em relação aos empregos verdes, diante de “green washing”
Já na mesa “Desafios Climáticos e Bons Empregos Verdes”, Heidiany Moreno, Diretora de Meio Ambiente do Sindicato dos Bancários PA e Secretária de Mulheres da CUT PA, trouxe relatos de mulheres indígenas afetadas por agrotóxicos.
Renata Belzunces, economista do Dieese defendeu que a mitigação e adaptação climática só têm sentido com trabalho decente e participação local. Jaqueline Damasceno, do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), denunciou racismo ambiental e ameaças a lideranças amazônicas
Ainda no evento, o Dieese apresentou um estudo mostrando que apenas 3% dos empregos formais em cidades como Belém são verdes, geralmente mal remunerados ou em setores de alto impacto.
Ao final do evento, como destaque, o Plebiscito Popular e a agenda climática, lembrando que os trabalhadores não podem pagar a conta da transição.
"O encontro marcou o início da mobilização da CUT para garantir que a COP 30 reconheça trabalhadores e comunidades amazônicas como protagonistas da luta por empregos verdes de qualidade", ressaltou Rosalina Amorim.
Na avaliação da dirigente, a atividade e trouxe diagnósticos importantes para sindicatos e trabalhadores. Ela defendeu ampliar o debate com dirigentes e categorias já impactadas pelas mudanças climáticas, reforçando a organização sindical para garantir melhores condições de trabalho, valorização profissional e avanços em acordos coletivos.
"É fundamental fortalecer nossa organização para incidir junto a essas categorias, garantindo melhores condições de trabalho, valorização profissional e avanços nos acordos coletivos. Esse é um passo essencial para fortalecer todo o nosso processo de organização sindical”, pontuou.
Para a CUT, Transição Justa é um conjunto de políticas públicas que garanta que a transformação econômica e ambiental não aprofunde o trabalho informal, a precarização ou a exclusão social. A Central destaca três pilares fundamentais:
Segundo a CUT, uma transição climática só será justa se os trabalhadores estiverem no centro, garantindo que políticas públicas ambientais não sobrecarreguem quem produz riqueza ou depende diretamente do território para viver.
A relação entre meio ambiente, clima e trabalho é antiga na CUT. Desde a década de 1980, a Central articula reforma agrária, saúde do trabalhador e preservação ambiental como parte de uma agenda única de justiça social e ambiental. Entre os marcos históricos estão:
Essa trajetória evidencia que a CUT constrói a defesa do trabalho decente como parte intrínseca das políticas climáticas globais, reforçando que a transformação ambiental e econômica deve beneficiar trabalhadores e comunidades, não apenas setores corporativos ou investidores.