Escrito por: Redação CUT

Reverendo Amilton é o primeiro a depor na CPI da Covid após recesso. Acompanhe

Amilton teria sido autorizado pelo Ministério da Saúde a negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com a empresa Davati Medical Supply

O reverendo Amilton Gomes de Paula será o primeiro a depor, nesta terça-feira (3), a partir das 9h, na CPI da Covid do Senado após o recesso parlamentar.

Amilton, ligado à Igreja Batista, que dirige há duas décadas uma entidade religiosa sediada em Taguatinga, bairro periférico de Brasília, é apontado por representantes da Davati Medical Supply como um "intermediador" entre o governo federal e empresas que ofertavam vacinas. Ele teria sido autorizado pelo Ministério da Saúde a negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com a empresa Davati.

A convocação de Amilton atende pedido do vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura ações e omissões do governo de Jair Bosonaro (ex-PSL) no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O senador lembra que o caso veio à tona no início de julho, quando o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou e-mails em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o reverendo a comprar, por meio da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), as doses de vacinas contra a Covid-19. 

O depoimento do religioso estava marcado para o dia 14 de julho, mas foi adiado por questões de saúde de Amilton de Paula. Ele apresentou um atestado médico alegando problemas renais, o que foi confirmado por perícia médica do Senado.

Recuperado, o reverendo comparecerá ao Senado munido de um habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que autorizou o silêncio parcial de Amilton Gomes de Paula. O depoente não precisará responder questionamentos que possam incriminá-lo. Fux negou o pedido apresentado pela defesa de Amilton de não comparecer ou se retirar da sessão. 

Além da oitiva do reverendo Amilton, a  CPI da Covid analisará uma série de requerimentos.

O reverendo Amilton, que foi filiado ao PSL durante a campanha de 2018, aparece em fotos ao lado do senador Flávio Bolsonaro nas redes sociais, segundo reportagem do BdF.

O policial Luiz Paulo Dominguetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, denunciou ter recebido pedido de propina do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. A proposta, segundo ele, era de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca.

Outros depoimentos da semana

A CPI da Covid também pretende encerrar rapidamente a investigação sobre as denúncias de cobrança de propina na compra da vacina indiana Covaxin, feitas pelos irmãos Miranda – o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, que denunciou ter sofrido pressões para liberar a importação da vacina, produzida pelo labotaratório indiano Bharat Biotech, e o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que  alertou Bolsonaro sobre indícios de irregularidade na negociação  antes de o governo assinar o contrato.

Durante o recesso, a Bharat Biotech rompeu a parceria com a Precisa, após ter constatado adulteração em documentos. Na semana passada, o governo rompeu o contrato para a compra da Covaxin, que até agora ainda  estava apenas suspenso.

Na quarta-feira (4), deve ser ouvido o sócio-administrador da Precisa Medicmentos Francisco Maximiano. A dúvida é porque a defesa de Maximiano pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o empresário seja autorizado a faltar ao depoimento na CPI. Segundo os advogados, ele viajou para a Índia. O vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que pedirá a prisão preventiva dele caso não retorne da Índia para prestar depoimento. 

Na quinta-feira (5), deverá se ouvido o advogado da Precisa Túlio Silveira.