Cerca de 400 pessoas, entre estudantes, professores, representantes de entidades da sociedade civil e autoridades lotaram o auditório do Ministério Público do Distrito Federal nessa quinta-feira, 14, para o lançamento da Campanha Contra a Violência nas Escolas “Quem bate na escola maltrata muita gente”, uma iniciativa do Sindicato dos Professores do DF, com a parceria da CUT e do SAE. Marcaram presença dezenas de alunos do antigo Centro de Ensino Fundamental (CEF) Lago Oeste, rebatizado como CEF Professor Carlos Mota, uma homenagem póstuma ao professor que foi assassinado em maio porque combatia o tráfico nos arredores do estabelecimento de ensino.
Fizeram parte da mesa de abertura a viúva do professor Carlos Mota, Rita de Cássia, o promotor do Ministério Público, Rubin Lemos, o governador José Roberto Arruda e seu vice, Paulo Otávio, a diretora do Sinpro/DF Rosilene Corrêa, a presidente da CUT/DF e também diretora do Sindicato Rejane Pitanga, o presidente da CNTE, Roberto Leão, o secretário-geral do SAE, Denivaldo Nascimento, o advogado Luis Eduardo, da OAB, a secretária-adjunta de Educação, Eunice Santos, o deputado federal Ricardo Quirino e os deputados distritais Chico Leite (PT) e Jaqueline Roriz (PMDB). A deputada Érika Kokay (PT) representaria a Comissão de Direitos Humanos no evento, mas não pôde comparecer porque no mesmo horário havia uma audiência para ouvir os envolvidos nas fraudes dos cemitérios.
Ao falar em nome do Sinpro, Rosilene lembrou que uma escola violenta é reflexo de uma sociedade violenta: "A escola não é uma ilha. Mesmo tendo consciência de que o Estado é que tem o poder maior de ação, todos temos que assumir nossa responsabilidade”. Ela salientou que o professor tem um papel especial no processo de educação para a paz. "Precisamos aprender a lidar com o conflito, mas não aprendemos isso na faculdade", lamentou ela.
O representante do Ministério Público, Rubin Lemos, parabenizou o Sinpro pela iniciativa e disse que o MP desenvolve há sete anos um trabalho para implantar nas escolas os chamados Conselhos de Segurança Escolar. “O que constatamos é que nas escolas onde foram implantados, os conselhos conseguiram, muitas vezes sem a ‘mão’ do Estado, transformar totalmente uma realidade de violência, agressão e desrespeito”. Segundo ele, a ONU (Organização das Nações Unidas) avaliou como muito positiva a proposta e idéias semelhantes estão sendo desenvolvidas nos estados da Bahia, Pará e Sergipe.
Para o governador Arruda, que, por conta de outros compromissos, saiu logo após a sua intervenção, o governo tem uma responsabilidade intransferível, mas isso só não basta, é preciso que a sociedade se mobilize. Arruda elogiou a iniciativa do Sinpro e disse que o governo está aberto a sugestões para o debate da violência nas escolas.
Rejane Pitanga lamentou a falta de investimentos no ensino do Distrito Federal e o sucateamento das escolas públicas. Roberto Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, concordou que o Estado precisa agir energicamente de maneira preventiva, e sugeriu que o ensino integral pode ser uma das soluções: “Uma escola de ensino verdadeiramente integral, que seja fruto de um debate sério entre governo e comunidade escolar”, ressaltou.
Como parte da campanha, será colocado à disposição um telefone de atendimento para denúncias, dúvidas e sugestões: 0800 6060 505. O telefone estará disponível a partir de segunda-feira, dia 18 de agosto.