Polícia indiana volta a deter exilados tibetanos

 Exilados fizeram protesto em frente à embaixada chinesa em Nova Délhi.
Na segunda (10), a polícia indiana impediu que os refugiados realizassem a caminhada. A polícia indiana voltou a enfrentar exilados tibetanos nesta quarta-feira (12), em frente à embaixada chinesa, em Nova Délhi. Segundo as agências, um grupo de cerca de 100 tibetanos reiniciaram a marcha simbólica para o Tibet, apesar da oposição policial, para protestar contra as violações aos direitos humanos cometidas pela China nesse território.
Na segunda-feira (10), a polícia indiana impediu que estes refugiados, que percorreram 20 km a partir de Dharamsala (norte da Índia), onde há 49 anos vive o Dalai Lama, líder dos budistas tibetanos, realizassem a caminhada.
"O governo chinês usa os Jogos Olímpicos para legitimar a ocupação ilegal do Tibet, que pertence aos tibetanos. Nunca renunciaremos até que o Tibet seja independente", afirmou Tsewang Rigzin, presidente do Congresso da Juventude Tibetana.
Também na segunda, 60 monges budistas foram presos em Lhassa, a capital do Tibet, por ocasião de uma manifestação para recordar o 49º aniversário da partida forçada do Dalai Lama.
Os chefes da polícia e das questões religiosas chinesas, contactados pela agência de notícias France Presse, não comentaram as informações. Saiba mais O Dalai Lama denunciou na segunda-feira a repressão chinesa no Tibet, em uma declaração de incomum severidade por ocasião do 49º aniversário de seu exílio.  O Prêmio Nobel da Paz em 1989, cuja causa voltou a ganhar apoio no Ocidente nos últimos meses, criticou "as enormes e inimagináveis violações dos direitos humanos cometidas pela China no Tibet", que chegam à "negação da liberdade religiosa".  "Há seis décadas os tibetanos vivem de forma permanente com medo e sob a repressão chinesa", denunciou diante de partidários reunidos em Dharamsala, seu local de exílio no norte da Índia.  Os comentários severos constratam com a moderação adotada nos últimos anos pelo Dalai Lama em relação à China, país que acusa no entanto de "agressão demográfica" por uma política de colonização acelerada que leva a "uma espécie de genocídio cultural".

O Dalai Lama, de 72 anos, fugiu com milhares de seguidores para a Índia há exatamente 49 anos, em 1959, depois da chegada ao Tibet das tropas comunistas de Mao Zedong para sufocar uma rebelião antichinesa.  O líder religioso reafirmara no sábado o direito de Pequim organizar os Jogos Olímpicos em agosto, depois de ter sido acusado pela principal autoridade chinesa na Região Autônoma do Tibet de tentar "sabotar" o evento esportivo.  O Dalai Lama abandonou há alguns anos as reivindicações de independência e defende uma "ampla autonomia" dentro de uma "via intermediária" para salvar a língua, a cultura e o meio ambiente deste território localizado no Himalaia.

 

A China, que controla o Tibet desde 1950 (um ano após a vitória de Mao na guerra civil chinesa), aplicou uma política de sangrenta repressão aos partidários do Dalai Lama, venerado pelos tibetanos, e rejeita suas demandas.  Segundo analistas, o Dalai Lama, frustrado pela recusa de Pequim a todas suas demandas de autonomia cultural para o Tibet, tenta acentuar a pressão às vésperas dos Jogos Olímpicos, multiplicando suas atividades internacionais.