A Polícia Federal comprovou que a revista "Veja" publicou, em maio de 2006, informações falsas e caluniosas sobre supostas contas bancárias no exterior em nome do presidente Lula, dos ex-ministros José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken, Márcio Thomaz Bastos, do ex-diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e do senador Romeu Tuma (PTB-SP).
Entretanto, após fechar o caso, a PF decidiu indiciar pelo crime de calúnia apenas o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, e Frank Holder, da empresa americana de espionagem Kroll, sob a acusação de ter forjado em conjunto com ele o dossiê falso divulgado por "Veja". O indiciamento já foi entregue ao Ministério Público Federal, que agora deve apresentar uma denúncia à Justiça.
As apurações da PF duraram mais de um ano e meio. Embora tenha referendado definitivamente o que já era notório, isto é, que tudo não passou de mais uma falsificação para fomentar a campanha golpista contra o governo, o fato da PF propor o indiciamento do banqueiro e não dos donos da revista causou indignação em setores da imprensa.
Para o jornalista Paulo Henrique Amorim, que se aprofundou no caso, "a Veja, imprevidente, entregou a calúnia na casa de seu milhão de assinantes", mas apenas "Dantas será enquadrado na Lei de Imprensa". "Como assim? Ele é o dono da Veja? Quer dizer que o Dantas calunia e comete crime pela Lei de Imprensa e a Veja, não!", destacou Amorim.
A observação de Amorim é procedente. Lembrando um pouco do episódio, não é incorreto afirmar que "Veja" publicou e confessou que sabia que os documentos eram falsos. Apesar disso, ou seja, que após uma perícia concluir que "o material apresentou inúmeras inconsistências", a reportagem é apresentada com a seguinte abertura: "O banqueiro Daniel Dantas está prestes a abrir um capítulo explosivo na investigação sobre os métodos da ‘organização criminosa’ que se instalou no governo e o estrago causado por ela ao país".
Na edição seguinte, após Dantas tentar esquivar-se da participação, os donos de "Veja" confessaram a sua participação direta no caso. "A lista com as supostas contas de petistas não chegou à redação de VEJA por acaso – versão divulgada por Dantas (...) Foi oferecida pessoalmente pelo banqueiro à direção da revista e entregue por seus espiões", diz o texto.