O aumento de 11,25%, em média, será aplicado a partir do dia 1º de julho em todas as rodovias que foram privatizadas pelo estado, o que equivale a mais que o dobro da inflação registrada entre junho de 2007 a maio deste ano, que está em 5,29%
As tarifas cobradas nos pedágios das estradas estaduais paulistas sofrerão aumentos de 11,25%, em média, a partir de 1° de julho. Todas as rodovias que foram entregues ao capital privado nos processos de privatização, que tiveram início em 1998, sob o governo tucano, irão reajustar os valores, no segundo maior aumento da história. O maior foi entre 2003 e 2004, quando o estado aplicou o aumento de 30,02% em duas parcelas, de 23,64% em julho e de 6,37% em janeiro de 2004.
Antes da entrega das rodovias paulistas à iniciativa privada pelo governo do PSDB, parte da receita obtida com os poucos pedágios que existiam era investida na melhoria e construção de rodovias e vicinais. Desde 2000, o volume médio de veículos que cruzam os pedágios passou de 13.354 para 14.761 - uma alta de 10% -, e paralelo à isso, pouca, ou nenhuma melhora foi detectada nas estradas do estado. Também vale lembrar que São Paulo sempre teve as melhores rodovias, antes mesmo delas serem entregues à iniciativa privada. Essas rodovias foram concedidas por serem as melhores e não o inverso.
O aumento que será posto em prática em julho equivale a mais que o dobro da inflação registrada no período de junho de 2007, à maio deste ano, que está em 5,29%. O percentual adotado para o reajuste nas tarifas praticadas nos pedágios de São Paulo baseou-se no IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
O IGP-M tem se mostrado, ao longo dos anos, uma boa escolha para as empresas concessionárias de rodovias paulistas e uma péssima opção para o consumidor. De julho de 1998 para cá, enquanto o IGP-M teve alta de 164,15%, índices como o IPCA acumulam variação de 90,69%; o IPC-Fipe, de 69,75%; o IPC-DI, de 84,18%; e o ICV, de 93,16%.
Devido à adoção desse modelo, em conjunto com a gana financeira das empresas privadas, no período de julho de 1994 a julho de 2006, em São Paulo, os pedágios tiveram reajuste de 204% acima da inflação. Já nas rodovias federais, onde o aumento é regulado em função de uma cesta de bens rodoviários, no período 1995-2006, o reajuste foi de somente 45%, em média, acima da inflação.
A partir do reajuste, o pedágio no sistema Anchieta/Imigrantes saltará dos atuais R$ 15,40 para R$ 17,20. Na Castelo Branco (pedágio de Itapevi), a tarifa passará de R$ 9,60 para R$ 10,70. Na Bandeirantes (praça de Caieiras), de R$ 5,30 para R$ 5,90.
Os números ainda são projeções, já que os valores oficiais das novas tarifas só serão divulgados nos próximos dias.
Segundo o coordenador-técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas, Neuto dos Reis, a correção das tarifas dos pedágios em 11,52% provocará uma elevação de 3% nos fretes das cargas e o aumento do custo do transporte fatalmente chegará ao bolso da população.
"O Estado de São Paulo, ao onerar as tarifas de pedágio, está aumentado o custo Brasil e custo de vida para todos os brasileiros", afirmou, acerca do reajuste, o deputado estadual Simão Pedro.
Conforme dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no Estado de São Paulo, entre 1994 e 2005, o aumento na tarifa dos pedágios foi de 716% - descontada a inflação do período pelo IPC-Fipe, o custo real dos pedágios no estado subiu 210% no período.