Escrito por: Luiz R Cabral

“Passo gigantesco”, diz Sérgio Nobre sobre Lei da Isenção do IR, sancionada por Lula

Lei da Isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil foi celebrada pelo presidente nacional da CUT como uma das mais importantes vitórias da classe trabalhadora nos últimos anos

reprodução Canal GOV.BR

Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (26), no Palácio do Planalto, a lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para trabalhadores e trabalhadoras que ganham até R$ 5 mil foi celebrada pela CUT como uma das mais importantes vitórias da classe trabalhadora nos últimos anos. O presidente da central, Sérgio Nobre, destacou que o avanço só foi possível graças à mobilização popular e sindical em todo o país.

“A justiça tributária é uma pauta de muitas décadas de luta do movimento sindical e a isenção para quem ganha até R$ 5 mil do imposto de renda é um passo gigantesco nesse rumo”, afirmou Nobre diante de ministros, parlamentares, movimentos sociais e dirigentes de centrais sindicais.

O dirigente reforçou o simbolismo político da conquista ao afirmar que a conquista veio de “um presidente sindicalista que segue fiel ao compromisso de construir um Brasil mais justo, democrático e soberano e com a classe trabalhadora no centro”.

Veja o pronunciamento de Sérgio Nobre 

 

Conquista histórica

De acordo com o Ministério da Fazenda, no total, cerca de 15 milhões de brasileiros serão beneficiados pela nova lei. Cerca de 10 milhões deixarão de pagar o tributo e 5 milhões terão redução no valor devido. A lei também estabelece descontos no imposto para rendas de até R$ 7.350.

Para Sérgio Nobre, isso significa impacto concreto e imediato no orçamento de milhões de famílias. “Essa conquista vai significar para milhões de trabalhadores brasileiros um mês a mais de salário no ano. É um 14º salário que vai gerar mais consumo, mais produção e mais empregos”, disse o dirigente.

Promessa de campanha de Lula, a medida avançou com apoio e mobilização da CUT, centrais sindicais e movimentos sociais, que coletaram quase 2 milhões de assinaturas em um plebiscito nacional defendendo a isenção até R$ 5 mil e o fim da escala 6x1. A pressão obrigou o Congresso a acelerar a aprovação do PL 1087/2025.

Pressão pela queda dos juros

Durante o evento, o presidente nacional da CUT fez questão de ligar a conquista tributária às condições econômicas do país e à necessidade de mudança na política monetária. Ele criticou o Banco Central pela “escorchante taxa de juros” e anunciou uma mobilização nacional no dia 9 de dezembro, data da próxima reunião do Copom.

“Nós vamos estar nas portas e nas sedes do Banco Central em todo o Brasil para exigir a imediata queda da taxa de juros. Existe um descompasso enorme entre a taxa de juros praticada e a inflação no Brasil, e até economista de direita reconhece isso”, disse Sérgio Nobre.

Para a CUT, juros altos travam investimentos e a geração de empregos, prejudicando o crescimento e o mercado interno, justamente o que a nova política de renda pretende fortalecer.

Fevereiro será “mês de festa” nas fábricas

A isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil começa a valer no primeiro mês de 2026. O efeito, portanto, já será sentido logo no mês seguinte.  Sérgio Nobre anunciou que a CUT e sindicatos de base transformarão fevereiro em um mês de celebração nos locais de trabalho, quando os holerites já virão sem o desconto. “Vai ser uma festa nas fábricas”, disse.

Ele destacou ainda que a conquista amplia o poder de compra e reforça o papel do sindicalismo em garantir avanços que mudam a vida da população trabalhadora.

Luta continua: PLR, jornada e direitos para aplicativos

Mesmo comemorando a conquista histórica da isenção do IR até R$ 5 mil, Sérgio Nobre reforçou que a agenda sindical segue ativa. Ele destacou que a CUT continuará defendendo que a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) também seja isenta do Imposto de Renda.

“Presidente, a gente gostaria muito que a PLR, a participação nos lucros dos trabalhadores também tivesse isenção. Infelizmente a gente não conseguiu mas quem sabe no 1º de Maio, presidente, um novo presente para nós?”, afirmou.

O presidente da CUT também lembrou que outras reivindicações estratégicas permanecem na pauta do movimento sindical. “Vamos seguir na luta para que haja isenção também na PLR, mas também a nossa pauta estratégica que agora abre caminho que é a redução da jornada de trabalho para 40 horas e o fim da escala 6 por 1 e também, finalmente, conferir proteção social e trabalhista para os companheiros e companheiras que trabalha por aplicativo”.

Avanço estrutural na justiça tributária

A nova regra também reduz gradualmente o imposto devido por quem recebe entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 mensais. Para compensar a renúncia fiscal, estimada entre R$ 25 e R$ 26 bilhões, a lei estabelece cobrança mínima sobre rendas acima de R$ 600 mil ao ano, podendo chegar a alíquota efetiva de até 10%.

Somado às medidas adotadas desde 2023, o governo já retirou cerca de 20 milhões de pessoas da cobrança do imposto.