Escrito por: Alessandra Jorge, do Sintricom SJC e Litoral Norte

No 2ª dia de greve na Revap, Método Potencial chama Sintricom para negociar

Cerca de 95% da mão de obra terceirizada responsável pela manutenção da refinaria está parada 

Heitor N. Morais

Após pressão dos trabalhadores, que entraram nesta quinta-feira (4) no segundo dia de greve,  a direção da Método Potencial, terceirizada, que presta serviços de manutenção de rotina na Refinara Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, interior de São Paulo, chamou a direção do  Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, do Mobiliário e Montagem Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte (Sintricom) para negociar. A reunião está marcada para esta quinta.

Essa é a segunda greve dos trabalhadores da Método Potencial em 15 dias. Em outubro, a paralisação foi por causa do atraso no pagamento do salário e do vale alimentação referentes ao mês de setembro. A greve durou dois dias e terminou porque a empresa providenciou os depósitos. Agora, a Método atrasou o pagamento do adiantamento do salário, garantido pelo Acordo Coletivo da categoria,  que deveria ter sido depositado no dia 20 de outubro.

Em assembleia realizada durante a manhã, o  presidente em exercício do Sintricom, Marcelo Rodolfo da Costa, o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de SP (Feticom), Gilmar Guilhen, e o coordenador da CUT Vale do Paraíba e Litoral Norte, Zé Carlos, dos Condutores, destacaram a unidade e a resistência dos trabalhadores, que decidiram pela manutenção da paralisação até que a empresa apresente de forma concreta garantias de que os pagamentos serão efetuados sem atrasos.

Na próxima segunda (8) é dia do pagamento do salário de outubro e da ajuda do vale alimentação de R$ 870,00. Já, no dia 29 de novembro devem ser pagos: a 1ª parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de quase R$ 3 mil para cada trabalhadores e a 1ª parcela do 13º Salário.

Empresa cortou transporte

No segundo dia, a paralisação continua com a adesão de mais de 95% dos trabalhadores, que hoje foram surpreendidos com o corte dos ônibus que os levaria à Revap. Mesmo sem condução fornecida pela empresa, muitos se organizaram e compareceram a Portaria P4 da refinaria para participar da assembleia.

A situação financeira da empresa preocupa trabalhadores, que há meses convivem com atrasos nos pagamentos de salários, férias, rescisões e outros benefícios. E com o contrato terminando na Revap, o temor de que a Método Potencial saia e dê um calote no seu efetivo direto e em fornecedores, só aumenta.

Confissão de Dívida

Para evitar que o dinheiro de medições ou os valores retidos do contrato com a Refinaria, seja depositado na conta da Método Potencial e abocanhado pelos bancos, Sindicato negocia uma espécie de confissão de dívida da empresa, que permitiria que o repasse seja feito pela Petrobrás/Revap diretamente na conta dos trabalhadores ou via entidade sindical para transferência.

Mesmo sendo possível e já autorizada pela Justiça em outras Refinarias como na RPBC (Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão) e na REPAR (Refinaria Presidente Getúlio Vargas) em Araucária-PR, em São José dos Campos, a adoção do procedimento está sendo postergada pela Método Potencial e pela Petrobrás.

Precarização dos contratos e das condições de trabalho

A postura da Petrobrás nas licitações, que priorizam o menor preço, sem se preocupar com a saúde financeira das empresas contratadas é a maior culpada para os constantes calotes sofridos pelos trabalhadores.

Além disso, a manobra das empresas em buscar “sindicatos forasteiros” na tentativa de precarizar as condições de trabalho com a retirada de direitos é outro motivo que coloca em risco a saúde e a vida dos trabalhadores.

Somada a isso, a política de privatizações do governo do Presidente Bolsonaro tem sucateado e entregue de ”mãos-beijadas” todo o Sistema Petrobrás colocando também em risco a soberania do país e condenando a miséria a população que paga caro por uma riqueza que é dos brasileiros.

Movimento conta com apoio da CUT e sindicatos filiados, Feticom e Sindipetro-SJC

A coordenação da CUT no Vale do Paraíba e Litoral Norte, comandada pelo sindicalista Zé Carlos, dos Condutores, diretores do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba, presidente do STIC MOB Jacareí (Sindicato da Construção Civil), Aldeir dos Santos, o Barão, participaram da assembleia em apoio a luta dos trabalhadores na REVAP.

Confira vídeo da assembleia