Escrito por: Informes

Mulheres pedem agressão de ex em Lei Maria da Penha



Os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) receberão, nos próximos dias, manifestação da Secretaria Especial de Políticas Para as Mulheres contrária à decisão do tribunal de considerar que agressão cometida por ex-namorado não se enquadra na Lei n° 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, criada para promover maior rigor nas punições das agressões contra a mulher no âmbito doméstico e familiar.

A decisão foi proferida há poucos dias pela terceira turma da Corte. E, apesar de se referir a um caso específico, abre precedentes. "Sabemos que foi uma caso isolado, mas não endossamos essa decisão", afirmou a ministra Nilcéa Freire. "A lei é clara e deve ser aplicada em casos em que se configura relações íntimas, seja com parceiros ou ex-parceiros. 

Sem distinção
Segundo a ministra, mesmo que o relacionamento tenha terminado há muitos anos, a Lei Maria da Penha deve ser aplicada. Já que muitas mulheres passam a ser vítimas de agressão ou ameaças justamente porque terminaram o relacionamento. "Namorado, amante, ex-marido.

Não existe mais sentido decidir com bases em nomeclaturas", acredita Jaqueline Pitanguy, do Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres. "Violência doméstica é qualquer agressão entre pessoas que têm ou tiveram um relacionamento íntimo ou afetivo. Basear-se em nomeclaturas é traçar um limite errado." De acordo com Jaqueline, a decisão do STJ foi recebida com desapontamento pelas associações de defesa das mulheres.

A preocupação aumentou depois do caso da adolescente Eloá Cristina Pimental, 15 anos, que foi assassinada no último dia 17 pelo ex-namorado, Lindemberg Alves, 22 anos, depois de ter sido mantida como refém por mais de cem horas. O caso da adolescente motivou o Observatório Nacional Lei Maria da Penha, órgão criado para monitorar a aplicação da lei por todo o País, a impetrar hoje no STJ uma moção que pede a revisão da decisão. 

A Lei 11.340 entrou em vigor em setembro de 2006 e recebeu o nome da biofarmacêutica Maria da Penha, símbolo brasileiro do combate à violência doméstica contra a mulher. Ela ficou paraplégica depois de sobreviver a uma tentativa de homcídio do ex-marido. A justiça brasileira levou 19 anos anos para julgar o processo contra o ex-marido da biofarmacêutica, o economista colombiano Marco Antonio Heredia.